O FOGO IMPERDOÁVEL

Aquela situação parecia perdida de qualquer forma, era verdade. Sanvara estava distante da rendeção, pelo menos naquele momento. Hogar não falaria nada, talvez ela se encontrasse se tivesse tempo. Com pesar, se virou e caminhou com os demais de volta para o navio, antes de pegar a está de volta. Lá foram recebidos com muita comemoração e Hogar apenas esboçou um leve sorrio e agradeceu com maneios de cabeças. Durante a viagem de volta, preferiu andar pelo convés, sentindo um pouco de tudo, uma vez que na vinda, tinha ficado muito tempo meditando.

Em dado momento, quando Kala questionou, Hogar ficou pensativo por alguns segundos. Muito segundos na verdade, fechou os olhos, quase como se dormisse, enquanto a brisa marítima batia em sua barba, rosto e peitoral. Até que abriu os olhos finalmente.

— Não tenho uma opinião formada sobre isso ainda, Kala. A história que Sanvara contava sobre a fênix era, possivelmente, errônea, uma fantasia. Mesmo assim, ela não estava disposta a entender uma outra versão. Essa questão das Casas da Perfeição são verdade? Não sei. O que eu sei é que elas me salvaram quando eu mais precisei. Me salvaram quando muitos deuses provavelmente iria me condenar. Me deram um propósito. E em uma embarcação à deriva, qualquer brisa é bem-vinda.

Continuou calado durante o resto da viagem e o trajeto para conversarem com a capitã-de-ventura, ainda sentindo o peso daquelas faixas em seus braços. A lembrança da despedida da tripulação ainda era fresca. O anão assentiu com a recompensa e ouviu atentamente sobre quem seria aquele disposto a conhecê-los. Nas suas horas vagas sew reservou para descansar, logo após se beneficiar das curas empregadas. Pensou em vender as granadas, mas talvez fosse melhor as manter por ora. Não precisaria começar a carregar tantas moedas.

Quando a hora chegou, se dirigiu até o local com a ajuda do mapa. Sem dúvidas, era um local único e admirável. Cada imagem, som e cheiro. Exóticos e deslumbrantes. O anão mantinha os braços recolhidos, mas dava pequenos sorrisos a cada nova surpresa. O destino não deixava a desejar em nada comparado ao caminho, e quando foram recebidos pelas serviçais, não pôde deixar de comentar.

— O destino se iguala a jornada.

Hogar movia a cabeça lentamente, admirando o interior até que, o gênio surgiu. Era impressionante, de fato. A magia fluía fácil. Quando Kala se adiantou para tratar com ele, o anão se acomodou em uma almofada próxima, imaginando que a hospitalidade se estendia para aquilo. Ao menor sinal do cheiro de álcool que era servido pelas mulheres, ele balançava a cabeça negativamente. Muito do que a moça questionava era de seu interesse, mas algo estava o incomodando. Quando a voz gutural de Yakov se elevou, Hogar balançou a cabeça.

— Não creio que se não existisse esse objetivo em comum, seríamos um grupo por assim dizer, Yakov — ele então fitou o gênio — Perdoe-me, senhor. Me chamo Hogar. Antes de mais nada, possuo uma humilde pergunta.

Jihad

- Acredito que o saber pertença a todos e o conhecimento não deve ser mergulhado em escuridão. Sou eu digno da faca, sabendo que ela pode tanto repartir uma refeição quanto ferir uma pessoa? Não sei dizer. So posso lhe prometer que seja la o que seja o punho áureo, não o usarei para a ganância.

— As palavras vem e vão, meu senhor. Eu como um buscador da perfeição, estou, sempre em busca. O conhecimento deve ser merecido muitas vezes e eu mereci o que sei e sei não ser merecedor de muitas coisas. Os segredos da Casa da Perfeição são para aqueles que lutam e sangram por eles. Seria justo eu, revelar seus segredos para qualquer um, pois ele oferece ouro, casa e comida? Eu traria tamanha tradição assim, de anos de treinamento, pois pagaram enquanto o suor era derramado? São muitas questões. Já tive um mecenas no passado por assim dizer, não terminou bem. Em minha busca pela perfeição posso esbarrar com o que procura, mas não irei lhe dar garantias que irei compartilhar o conhecimento com você. Tudo dependerá do que seja o punho áureo e suas tradições. Não aceitarei seus recursos também e irei embora quando preferir, assim como Kala.

Jihad

- São termos justos. Não pretendo prender ninguém pelo contrato e pretendo merecer este conhecimento em justo acordo com vocês. Minha unica discórdia de tudo que disse mestre Hogar é a de não aceitar meus recursos. Eles não são desonrados, foram conquistado com sangue de aventura. Aceit!-los não o prende a mim e nem o suja com desonra. Pelo contrário, esforço justo merece recompensa justa. .

— Termos justos, eu diria. Aceitarei sua hospitalidade como cortesia, mas nada além disso. Mais que isso eu sentiria que deveria dar algo em troca, quando na verdade, não dei garantias. Quero apenas as conquistas que meu caminho me trazer.

Jihad

- Muito bem. Apenas por ter sua sabedoria me sinto motivado.

Kanye deu uma leve risada debochada para Meeleka Sanvara quando ela os alertou.

Tolo é quem confia cegamente em qualquer coisa.

Respondeu a ela e deu de ombros. Saiu do templo cheio de tesouros.

No navio, ignorou os outros companheiros, mas não o mar. Observou distante as ondas se quebrarem no casco e sentiu por um breve momento, saudade de seus tempos na Enseada de Sangue. Até que Kala veio perturbá-lo com provocações baratas.

Achando divertido aquela tentativa patética de incomodá-lo, Kanye entrou em seu jogo e acabou por irritá-la bastante. Apenas a viu sair de perto com um sorriso debochado.

Essa mulher quer me perseguir. Mas não sou tão fácil assim.

Disse comentando com um tripulante que observara a discussão. Saiu dali rindo e se sentiu subitamente animado para festejar com os outros tripulantes. Bebeu, comeu e jogou, nem que fosse por poucos momentos. Não contou histórias, mas ouviu bastante. Era assim que você manipulava os outros: quando lhe davam suas vulnerabilidades e fraquezas sem querer, em histórias aparentemente inofensivas.

Então, estavam diante de novo da capitã, a contratante que fez questão de lembrá-los que estavam sob contrato pontual com a Sociedade Pathfinder, a mando de um patrono poderoso. Kanye tinha muita curiosidade sobre quem seria e ficou feliz de saber que o veria tão logo. Ignorando os outros, ele buscou outros empregados de Melipdra, logo depois de Kala descrever tudo o que ocorrera.

Jogava para cima para catar no ar a joia recebida como recompensa da missão, enquanto pedia para que identificassem seus novos objetos. Então, pediu também para que o curassem.

Chegada a noite, estava andando com o resto do grupo até a casa do misterioso patrono. A opulência, a ostentação, o glamour deixavam Kanye inconformado. Como podia tanto ser de um único sujeito. Antipatia bateu logo ali em forma de inveja. Ele deveria ser dono de uma riqueza como essa. Imaginava-se o que poderia fazer como um rei de seu próprio reino e não cometer os mesmos erros de Vidrian que não enforcou todos os sargavianos.

Suspirou revirando os olhos para o diálogo de Kala e Hogar. Como eram tolos! Kanye expressou sua impaciência com os braços cruzados, os dedos tamborilando.

Você disse que foram dez moedas e apenas nós quatro atendemos. Bem, você sabe quem somos? Sabe de onde viemos, nossas famílias, nossos desejos?

Jihad

- Não, não, não e não.

Dizia com sorriso distraído, comendo tâmaras. Kanye havia recusado bebidas de seus servos, pois não sabia ainda o que esperar. Então, agora mesmo serviu-se de uma taça de vinho.

Imagino que alguém com tamanho poder, não se importa muito com segurança. Afinal, você está diante de uma filha de um rakshasa. Por sorte, Kala não é uma pessoa ruim. Mas poderia.

Disse com um sorriso branco.

Jihad

- Irônico não é? Quando eu me aventurava, me perguntava sempre: "Por que esse poderoso rei está pedindo ajuda de um grupo tão menos formidável que seus exércitos ou heróis lendários?". Hoje entendo que poder não é tudo. Sabe o que vale mais do que poder? Possibilidade. Vocês são possibilidades infinitas de conquistas e crescimento. São minhas apostas.

Privilégios de quem pode apostar. Eu não posso. Tenho que planejar muito bem meus passos, ter certezas, pois dúvidas podem significar uma faca no meu bucho.

Trocava palavras, buscava entender melhor o sujeito genioso.

Jihad

- De fato tenho privilégios. Talvez seja por isso sensato aceitar minha oferta. Possuo magia. Possuo riqueza. Contatos. Alguns aliados. Isso pode lhe trazer algum conforto em seus planejamentos, mestre Kanye.

Pode, de fato. Não tenho apego às tradições marciais. Até me vejo um pouco deslocado nesse assunto, como o nosso amigo simplório Yakov. Mas de uma coisa eu sei: prezo pela liberdade de decisão e se você está disposto a garantir... estou disposto a cumprir.

Via enorme potencial naquela aliança. Poderia tirar muito proveito do gênio Jihad, se fosse esperto. Por hora, não se mostraria tão ávido.

Peço para me curarem e identificação dos seguintes itens:
1 cetro de ferro cuja a ponta tem a forma de uma garra fechada sobre um globo em constante luminosidade (L), 2 frascos pequenos (2L), 1 livro (L), 6 pergaminhos (6L), 1 braceletes do ímpeto (L)