A Fenda Estrelada
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DragonKing
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A Fenda Estrelada
Parte 1: O Conto do Hynne
Porto do Rei era uma cidade costeira de pequeno porte, que vivia da pesca e do comércio gerado por seu porto. Praticamente todos os habitantes da cidade trabalhavam nessas atividades e suas vertentes. O porto era consideravelmente grande para um vilarejo tão pequeno, recebendo até seis galeões de grande porte em seus píeres.
É nesta pequena cidade pacata que Trigo Passadeiro chegara há uma semana trazendo em sua carroça um monte de caixotes de madeira. Um mercador hynne acostumado ao luxo, se enfurnou na hospedaria Mar Estrelado com suas três torres e paredes pintadas de azul marinho. O local recebia autoridades de Bielefeld, como magistrados e cavaleiros da luz e aventureiros que esbanjavam posses. Sempre com comentários sarcásticos sobre o cheiro de peixe que emanava da cidade, Trigo Passadeiro dificilmente descia de seu quarto. Quando o fazia, ficava sozinho em uma mesa nos fundos do salão comunal. Raramente saia da hospedaria, o que atraiu olhares curiosos dos habitantes.
Na taverna do outro lado da rua, a Coroa do Mar, muitos especulavam das janelas abertas se ele estaria em busca de aventureiros. Afinal, o mercador e não havia procurado a guilda dos comerciantes da cidade para tratar de negócios, nem o prefeito Igor Smith para discutir empreendimentos novos. Com sua carroça trancada em um estábulo privado, Trigo não procurou ninguém. Então, é claro que possuía problemas e precisava de ajuda.
"Deve procurar os cavaleiros da luz", alguns tentavam dizer quando conseguiam se aproximar e ignorar sua aura de desdém com simples pescadores caipiras. Mas Trigo nunca o fez.
"Pregue um cartaz no porto, alguns aventureiros desembarcam lá vindos de toda parte", tentavam outros, ansiosos para descobrir o que aquele hynne queria num vilarejo pacato como aquele. Até que um dia ele respondeu após um longo suspiro.
***
Carmen Lúcia chegou ao final da tarde, quando as estrelas despontavam no céu límpido. Imune às intemperes do clima, a osteon sentia-se mais forte quando o manto de Tenebra cobria o céu. Em sua busca por vingança viajou pelos ermos artonianos, lidando com todo tipo de dificuldade em vilarejos ignorantes que a viam como um monstro errante. Porém, foi após ter salvo a vida de Otto Lehman, um jovem nobre de Bielefeld, das garras de bandoleiros de estrada que Carmen foi reconhecida. E, por isso, um tempo depois, recebeu um convite escrito em um pergaminho timbrado por uma runa. Era Trigo Passadeiro, um comerciante hynne, que a convocava nominalmente para escoltá-lo de Porto do Rei, nos confins de Bielefeld, para o Castelo de Adhurian, em Sambúrdia, viajando pelo Grande Oceano, evitando lugares perigosos com Aslothia e os Ermos Púrpuras.
Era uma bela noite quente de verão em Porto do Rei. Gabrian havia retornado para seu reino natal a pedido de sua guilda de aventureiros para encontrar um hynne chamado Trigo Passadeiro. Segundo a informação do pergaminho timbrado por uma runa, o experiente comerciante solicitou à guilda por Gabrian nominalmente. Na carta, o Trigo exaltava o estilo Yamada-Ryu, aprendido com famoso herói Aldred Maedoc. Junto de outros aventureiros, Gabrian teria a tarefa de escoltar o hynne de Porto do Rei até o Castelo de Adhurian, no antigo reino de Sambúrdia. Gabrian recebeu informação de antemão, por algum membro de sua guilda, que o castelo ficava muito próximo das Montanhas Sanguinárias, o lar dos monstros.
Após a tragédia que marcou sua vida, Jinn passou a peregrinar por Arton em busca de respostas para o que aconteceu com a Tribo Scarlata. Colecionando estilos de luta e aprimorando suas técnicas, o garoto aprisionado no corpo de um antigo golem chegou a Porto do Rei a noite. Durante suas viagens, Jinn havia encontrado na estrada o baloeiro goblin chamado Glong e sua tia Jana. O goblin era um mensageiro viajante e aceitou levar sua tia até ele, preocupada com seu desaparecimento. Eles só souberam onde estaria após receber o pergaminho timbrado com uma runa, endereçado a Jinn. Era uma carta convidando-o nominalmente a se apresentar em Porto do Rei para uma oferta, escolhendo-o por suas capacidades combativas, para escoltar o comerciante até o Castelo de Adhurian, na região das Repúblicas Livres de Sambúrdia.
"Jojo" viajava para o templo de Valkaria de Villent, uma grande metrópole de Deheon, quando seus sonhos começaram a aparecer. Elsie estava em constante perigo, todo dia um novo e precisava ser salva. Às vezes conseguia salvá-la, mas acordava suado e agoniado quando não conseguia. Chegando à fortificada cidade o paladino de Valkaria recém ordenado percebia o quão perto era da Supremacia Purista, podendo ver a distância suas terras após a Garganta do Troll. Mas "Jojo" não podia recusar a convocação de Gyaranimm, clérigo de Valkaria e líder do conselho atual da cidade. Uma vez no templo, recebeu um pergaminho timbrado com uma runa. Era do comerciante hynne Trigo Passadeiro e convocava nominalmente "Jojo" por seu caráter e retidão para escoltá-lo de Porto do Rei até o Castelo de Adhurian. O paladino chegou ao vilarejo costeiro de noite.
O mundo de Arton estava sofrendo. Em poucos anos, a Tormenta chegou a Arton, Mestre Arsenal atacou a civilização, as Guerras Táuricas partiram o Reinado em dois, Yuden atacou o Reinado e logo tudo e todos mergulharam no caos da guerra. Tudo isso provocava em Krak uma angústia. Não podia ficar parada em seu oásis perfeito no Deserto da Perdição. Precisava levar a palavra de Azgher, aquecer os corações gelados e levar a luz para a escuridão. Teve certeza que estava fazendo o certo quando o oráculo de sua tribo lhe deu o pergaminho timbrado com uma runa. Era uma convocação do comerciante hynne Trigo Passadeiro, para se apresentar a Porto do Rei para escoltá-lo até o Castelo de Adhurian. O oráculo a incentivou a ir apenas dizendo "Maktub", para que cumprisse seu destino. Krak, então, chegou a Porto do Rei em uma quente noite de verão.
***
Após a chegada a Porto do Rei a noite, os aventureiros se viam diante de um vilarejo quente e cheio de mosquitos noturnos, de ruelas irregulares com construções de dois ou três andares de terra batida, onde os moradores viviam. Diversas barracas espalhavam-se pela praça principal, no centro da vila, aos arredores de um chafariz onde uma estátua avariada de um cavaleiro da luz elfo-do-mar.
O cheiro de peixe e frutos do mar estava em todo lugar. Os moradores eram homens e mulheres simples, humanos em sua maioria com um anão e um minotauro comerciantes. Vestiam roupas leves, andavam de chinelos com as pernas de fora. À noite, entretanto, havia pouca gente na rua e as barracas de artesanato estavam fechadas. Somente as barracas que vendiam comida funcionavam a pleno vapor com a grande frequência de fregueses, principalmente estrangeiros.
As ruas eram escuras, mas a luz da Coroa do Mar iluminava praticamente todo o centro da praça, onde os aventureiros estavam. Música de estivador, cheiro de ensopado de peixe e de rum também podiam alertar os mais sensíveis. Além dos habitantes locais, facilmente identificáveis por suas roupas, colares de conchas e sua pele bronzeada pelo trabalho no sol, os aventureiros também reconheciam facilmente os estrangeiros. Geralmente por usarem botas, calças e chapéus de bucaneiros. Viajantes, marinheiros e comerciantes de outros lugares perambulavam mais pelas ruas, alguns com garrafas de rum na mão, andando tortos.
Havia outros lugares também na praça principal. Um prédio mais antigo, apresentando rachaduras e sujeiras do lado da taverna, com três andares, quatro pequenas varandas espalhadas pelo segundo andar e terceiro andar. Havia mulheres e homens maquiados, com apetrechos nos cabelos, joias no pescoço e nas mãos. Estavam seminus nas varandas acenando para os transeuntes. As risadas ecoavam do prostíbulo, bem como uma fumaceira densa, no primeiro andar.
Do outro lado da praça central havia um pequeno templo de Khalmyr, não muito maior que uma capela. Era uma construção quadrada, sustentada por quatro pilastras. Era feita de pedra lisa, um lugar bem cuidado e limpo. As portas de madeira maciça estavam abertas, uma pequena luz se via de dentro, onde aparentemente havia algum movimento, embora não o suficiente para que parecesse uma missa.
Além disso, havia luz na hospedaria Mar Estrelado, um prédio grande, com três torres e paredes externas pintadas em azul marinho. Porém, não havia muita gente por ali e não era possível ver o que acontecia dentro, pois as janelas e as portas estavam fechadas. Os aventureiros sabiam que era lá onde o hynne Trigo Passadeiro estava hospedado.
Cabia agora aos aventureiros decidirem o que farão.
Porto do Rei era uma cidade costeira de pequeno porte, que vivia da pesca e do comércio gerado por seu porto. Praticamente todos os habitantes da cidade trabalhavam nessas atividades e suas vertentes. O porto era consideravelmente grande para um vilarejo tão pequeno, recebendo até seis galeões de grande porte em seus píeres.
É nesta pequena cidade pacata que Trigo Passadeiro chegara há uma semana trazendo em sua carroça um monte de caixotes de madeira. Um mercador hynne acostumado ao luxo, se enfurnou na hospedaria Mar Estrelado com suas três torres e paredes pintadas de azul marinho. O local recebia autoridades de Bielefeld, como magistrados e cavaleiros da luz e aventureiros que esbanjavam posses. Sempre com comentários sarcásticos sobre o cheiro de peixe que emanava da cidade, Trigo Passadeiro dificilmente descia de seu quarto. Quando o fazia, ficava sozinho em uma mesa nos fundos do salão comunal. Raramente saia da hospedaria, o que atraiu olhares curiosos dos habitantes.
Na taverna do outro lado da rua, a Coroa do Mar, muitos especulavam das janelas abertas se ele estaria em busca de aventureiros. Afinal, o mercador e não havia procurado a guilda dos comerciantes da cidade para tratar de negócios, nem o prefeito Igor Smith para discutir empreendimentos novos. Com sua carroça trancada em um estábulo privado, Trigo não procurou ninguém. Então, é claro que possuía problemas e precisava de ajuda.
"Deve procurar os cavaleiros da luz", alguns tentavam dizer quando conseguiam se aproximar e ignorar sua aura de desdém com simples pescadores caipiras. Mas Trigo nunca o fez.
"Pregue um cartaz no porto, alguns aventureiros desembarcam lá vindos de toda parte", tentavam outros, ansiosos para descobrir o que aquele hynne queria num vilarejo pacato como aquele. Até que um dia ele respondeu após um longo suspiro.
Não preciso de qualquer um. Escolhi os meus a dedo.
***
Carmen Lúcia chegou ao final da tarde, quando as estrelas despontavam no céu límpido. Imune às intemperes do clima, a osteon sentia-se mais forte quando o manto de Tenebra cobria o céu. Em sua busca por vingança viajou pelos ermos artonianos, lidando com todo tipo de dificuldade em vilarejos ignorantes que a viam como um monstro errante. Porém, foi após ter salvo a vida de Otto Lehman, um jovem nobre de Bielefeld, das garras de bandoleiros de estrada que Carmen foi reconhecida. E, por isso, um tempo depois, recebeu um convite escrito em um pergaminho timbrado por uma runa. Era Trigo Passadeiro, um comerciante hynne, que a convocava nominalmente para escoltá-lo de Porto do Rei, nos confins de Bielefeld, para o Castelo de Adhurian, em Sambúrdia, viajando pelo Grande Oceano, evitando lugares perigosos com Aslothia e os Ermos Púrpuras.
Era uma bela noite quente de verão em Porto do Rei. Gabrian havia retornado para seu reino natal a pedido de sua guilda de aventureiros para encontrar um hynne chamado Trigo Passadeiro. Segundo a informação do pergaminho timbrado por uma runa, o experiente comerciante solicitou à guilda por Gabrian nominalmente. Na carta, o Trigo exaltava o estilo Yamada-Ryu, aprendido com famoso herói Aldred Maedoc. Junto de outros aventureiros, Gabrian teria a tarefa de escoltar o hynne de Porto do Rei até o Castelo de Adhurian, no antigo reino de Sambúrdia. Gabrian recebeu informação de antemão, por algum membro de sua guilda, que o castelo ficava muito próximo das Montanhas Sanguinárias, o lar dos monstros.
Após a tragédia que marcou sua vida, Jinn passou a peregrinar por Arton em busca de respostas para o que aconteceu com a Tribo Scarlata. Colecionando estilos de luta e aprimorando suas técnicas, o garoto aprisionado no corpo de um antigo golem chegou a Porto do Rei a noite. Durante suas viagens, Jinn havia encontrado na estrada o baloeiro goblin chamado Glong e sua tia Jana. O goblin era um mensageiro viajante e aceitou levar sua tia até ele, preocupada com seu desaparecimento. Eles só souberam onde estaria após receber o pergaminho timbrado com uma runa, endereçado a Jinn. Era uma carta convidando-o nominalmente a se apresentar em Porto do Rei para uma oferta, escolhendo-o por suas capacidades combativas, para escoltar o comerciante até o Castelo de Adhurian, na região das Repúblicas Livres de Sambúrdia.
"Jojo" viajava para o templo de Valkaria de Villent, uma grande metrópole de Deheon, quando seus sonhos começaram a aparecer. Elsie estava em constante perigo, todo dia um novo e precisava ser salva. Às vezes conseguia salvá-la, mas acordava suado e agoniado quando não conseguia. Chegando à fortificada cidade o paladino de Valkaria recém ordenado percebia o quão perto era da Supremacia Purista, podendo ver a distância suas terras após a Garganta do Troll. Mas "Jojo" não podia recusar a convocação de Gyaranimm, clérigo de Valkaria e líder do conselho atual da cidade. Uma vez no templo, recebeu um pergaminho timbrado com uma runa. Era do comerciante hynne Trigo Passadeiro e convocava nominalmente "Jojo" por seu caráter e retidão para escoltá-lo de Porto do Rei até o Castelo de Adhurian. O paladino chegou ao vilarejo costeiro de noite.
O mundo de Arton estava sofrendo. Em poucos anos, a Tormenta chegou a Arton, Mestre Arsenal atacou a civilização, as Guerras Táuricas partiram o Reinado em dois, Yuden atacou o Reinado e logo tudo e todos mergulharam no caos da guerra. Tudo isso provocava em Krak uma angústia. Não podia ficar parada em seu oásis perfeito no Deserto da Perdição. Precisava levar a palavra de Azgher, aquecer os corações gelados e levar a luz para a escuridão. Teve certeza que estava fazendo o certo quando o oráculo de sua tribo lhe deu o pergaminho timbrado com uma runa. Era uma convocação do comerciante hynne Trigo Passadeiro, para se apresentar a Porto do Rei para escoltá-lo até o Castelo de Adhurian. O oráculo a incentivou a ir apenas dizendo "Maktub", para que cumprisse seu destino. Krak, então, chegou a Porto do Rei em uma quente noite de verão.
***
Após a chegada a Porto do Rei a noite, os aventureiros se viam diante de um vilarejo quente e cheio de mosquitos noturnos, de ruelas irregulares com construções de dois ou três andares de terra batida, onde os moradores viviam. Diversas barracas espalhavam-se pela praça principal, no centro da vila, aos arredores de um chafariz onde uma estátua avariada de um cavaleiro da luz elfo-do-mar.
O cheiro de peixe e frutos do mar estava em todo lugar. Os moradores eram homens e mulheres simples, humanos em sua maioria com um anão e um minotauro comerciantes. Vestiam roupas leves, andavam de chinelos com as pernas de fora. À noite, entretanto, havia pouca gente na rua e as barracas de artesanato estavam fechadas. Somente as barracas que vendiam comida funcionavam a pleno vapor com a grande frequência de fregueses, principalmente estrangeiros.
As ruas eram escuras, mas a luz da Coroa do Mar iluminava praticamente todo o centro da praça, onde os aventureiros estavam. Música de estivador, cheiro de ensopado de peixe e de rum também podiam alertar os mais sensíveis. Além dos habitantes locais, facilmente identificáveis por suas roupas, colares de conchas e sua pele bronzeada pelo trabalho no sol, os aventureiros também reconheciam facilmente os estrangeiros. Geralmente por usarem botas, calças e chapéus de bucaneiros. Viajantes, marinheiros e comerciantes de outros lugares perambulavam mais pelas ruas, alguns com garrafas de rum na mão, andando tortos.
Havia outros lugares também na praça principal. Um prédio mais antigo, apresentando rachaduras e sujeiras do lado da taverna, com três andares, quatro pequenas varandas espalhadas pelo segundo andar e terceiro andar. Havia mulheres e homens maquiados, com apetrechos nos cabelos, joias no pescoço e nas mãos. Estavam seminus nas varandas acenando para os transeuntes. As risadas ecoavam do prostíbulo, bem como uma fumaceira densa, no primeiro andar.
Do outro lado da praça central havia um pequeno templo de Khalmyr, não muito maior que uma capela. Era uma construção quadrada, sustentada por quatro pilastras. Era feita de pedra lisa, um lugar bem cuidado e limpo. As portas de madeira maciça estavam abertas, uma pequena luz se via de dentro, onde aparentemente havia algum movimento, embora não o suficiente para que parecesse uma missa.
Além disso, havia luz na hospedaria Mar Estrelado, um prédio grande, com três torres e paredes externas pintadas em azul marinho. Porém, não havia muita gente por ali e não era possível ver o que acontecia dentro, pois as janelas e as portas estavam fechadas. Os aventureiros sabiam que era lá onde o hynne Trigo Passadeiro estava hospedado.
Cabia agora aos aventureiros decidirem o que farão.
Nota do Mestre: A aventura começa com a cena de interpretação, com os aventureiros na praça central de Porto do Rei. Vocês podem fazer um post introdutório sobre suas vidas anteriores, como uma espécie de histórico expandido.
Descrevam-se fisicamente para que os outros jogadores tenham noção exata de como são (afinal, nem sempre a ilustração diz completamente como é o personagem), pois estão perto uns dos outros. Vocês podem interagir uns com os outros da forma que acharem melhor, respondendo no telegram ou postando direto no fórum.
Podem também interagir com o cenário descrito, criar NPCs para interação pontual e ilustrativa, dentro do que foi descrito na atualização. Se preferirem procurar NPCs específicos (prefeito, guarda, dono do prostíbulo, da taverna, da hospedaria etc), será feito comigo no telegram.
Posts criativos renderão XP adicional.
Dados dos Personagens:
- Carmen Lúcia <> PV: 18 PM: 4 Defesa: 18 <> Condição:
- Gabrian Barrington <> PV: 22 PM: 3 Defesa: 18 <> Condição:
- Jinn Scarlata <> PV: 23 PM: 3 Defesa: 16 <> Condição:
- "Jojo" <> PV: 23 PM: 6 Defesa: 19 <> Condição:
- Krak <> PV: 15 PM: 11 Defesa: 12 <> Condição:
Próxima Atualização: 17/09 quarta-feira
Última edição por Maelstrom em Qui Set 17, 2020 5:14 pm, editado 2 vez(es)
Maelstrom- MESTRE
- Mensagens : 1333
Re: A Fenda Estrelada
Gabrian Barrington apertava o cabo de sua katana com força, o suor escorrendo de sua testa. Canhoto, gingou o corpo para o lado inesperado. Com um salto, desferiu um chute no queixo do adversário. O homem cambaleou. Foi a brecha suficiente para que sua katana percorresse o chão, erguesse rápida. A ponta parou no pescoço do homem, imóvel. Maquius, o maior guerreiro de Arton, estava rendido.
Teria dito.Maquius
Você é o melhor.
Gabrian embainhou a espada, ergueu os dois braços abertos mostrando os bíceps.Gabrian
Eu sei.
Aplausos estrondosos da torcida na arquibancada. Agora ele era o Guerreiro de Arton, o mais forte de todos.Gabrian
***
Gabrian acordava em sua cama, debaixo dos lençóis confortáveis, com seu travesseiro de pena de ganso. Sorridente, perambulou de ceroulas pelo corredor, pisando na ponta dos pés no tablado de madeira. Tinha uma única direção, mas parou para admirar um dos tantos quadros que estavam dispostos entre as portas dos outros quartos.
"Blasfêmia", pensou. Aquele era o retrato de Arthur Anton Conímbriga, um dos maiores heróis do mundo em seu tempo. Um cavaleiro de honra ilibada, maestria com a espada e o escudo. Em seu tempo as estradas eram seguras, o povo era feliz, os monstros jaziam com medo, longe da civilização. Quando se aposentou, muitos choraram. No ano seguinte, a Tormenta veio como um prenuncio do que estava por vir e não haveria mais Arthur para defendê-los.Gabrian
Um dia vou te superar, ídolo.
O minotauro veio do quarto de hóspedes da guilda. Desde que se desfiliara, Hadriannus vivia com opulência da riqueza conquistada em seus anos de aventureiro. Anos estes que trouxeram glória para os Vlamingen.Hadriannus
Quer ter seu quadro pendurado nos corredores também, Gabrian? Ou devo dizer, "Gabitou"?
Abraçou o minotauro.Gabrian
Ei, Hadriannus... como é bom te ver.
Disse continuando o passo.Gabrian
"Gabitou" é uma brincadeira das ruas, lá de Valkaria. Não sabia que falavam por aqui.
Gabrian sorriu balançando a cabeça em concordância. Era sempre bom ter as bênçãos de um aventureiro experiente.Hadriannus
Hehehe. Já ouvi falar, sim. Vocês jovens conseguiram chamar atenção de algumas pessoas... não é todo dia que se pega sszzaazitas no ato. Bem, vai lá garoto. Boa sorte.
O jovem abriu a porta lentamente. O quarto era praticamente igual ao seu: uma cama de casal, uma janela com cortina, um armário, uma escrivaninha com uma cadeira, um baú de frente para a cama. Havia um espaço para a banheira e tonéis de água, cercados por uma divisória de madeira.
Outros aventureiros da guilda customizavam seus quartos com quadros, tapeçaria e outros itens obtidos em suas aventuras. Enquanto Gabrian ostentava um quadro com o mapa de Arton na parede leste, livros na parede oeste e um quadro da batalha de Roschfallen acima de sua cama, neste quarto havia um cheiro de perfume, vasos de plantas e uma miríade de roupas espalhadas pela cama.
Gritou a aventureira dentro da banheira. A divisória de madeira estava aberta quando Gabrian adentrou o ambiente. Encabulado, mas dando uma risada, Gabrian deu as costas pra ela.Evelyn
AARGH!!!! GABRIAN!
Gabrian
Oh... ahahaha... me desculpa. Vim aqui me despedir!
Gritou a mulher enquanto se enrolava em uma toalha.Evelyn
Não podia ter me encontrado no salão comunal?
Gabrian
Não, porque eu vou sair antes do desjejum. Já falei com Bruenor ontem, mas não encontrei Giorgian, nem Geana.
Gabrian riu de novo. Logo, vestida, puderam ficar de frente um pro outro.Evelyn
Geana tá sempre na rua agora, as vezes nem dorme em casa. Giorgian acorda cedo, aquele namalkahniano maluco... mas você não deveria ter entrado sem bater!
Gabrian
Vou para um fim de mundo em Bielefeld, litoral.
Evelyn
Tô aguardando George vir falar comigo. Acho que vou partir em missão em breve também.
Se abraçaram e se despediram. Gabrian gostava de Evelyn, queria ter certeza de que se despediria apropriadamente.Gabrian
Vai dar boa.
No salão comunal, subiu na cadeira chamando atenção dos outros. O elfo mago Felannes Lunnar, o humano paladino de Thyatis Rodrik Callahan, o minotauro clérigo de Arsenal Diácono e o humano bárbaro Bruenor Hendrick estavam no lugar.
Ergueu sua caneca de cerveja matinal. Todos ergueram suas canecas e deram murros na mesa gritando o nome Vlamingen. Alguns mais entusiasmados, outros só seguindo a tradição de partida.Gabrian
Chegou minha hora! Que eu volte com ouro e fama e traga glórias para os Vlamingen!
Gritou seu amigo, provocando risada de alguns. Bruenor era aquele com quem teve afinidade imediata no momento em que se conheceram. Ambos eram de Bielefeld, ambos sofreram em Bielefeld.Bruenor
Gabitou, vê se arruma uma espada de verdade!
***
Foram semanas de viagem, andando de caravana em caravana. Sair de Nova Malpetrim até o território de Ahlen foi bastante perigoso. Por sorte, a caravana era grande, outros aventureiros estavam presentes, por isso espantar lobos famintos e bandoleiros de estrada não foi difícil. Em Deheon, parou em Valkaria, onde procuraria outro meio de transporte.
Porém, antes, passou na Mansão Maedoc na Baixa Vila de Lena com o intuito de visitar sua irmã Dhiana, que estava sob os cuidados de Maryanne. Pois seu mestre, Aldred, não parava em casa. Era um aventureiro em atividade ainda. Após passar uma tarde tomando chá e conversando amenidades com sua irmã mais nova e com Maryanne, ouviu o portão da casa se abrir. Aldred havia retornado.
Ao ver seu discípulo, suspirou.
Aldred
Quais eram as chances...?
Disse sem simpatia. As lembranças do último trato dos dois veio à tona, mágoas do passado misturadas a sentimentos mal acabados e problemas mal resolvidos.Gabrian
Bom te ver também, velho.
Aldred fechou a cara e se sentou à mesa, na varanda da mansão.Gabrian
Pelo menos a bruxa não está com você.
Provocou.Aldred
Faz tempo que não vê tua irmã. Duvido que veio esse caminho todo pra cá da sua guilda de mercenários só pra vê-la. O que meu ex-discípulo quer?
Aldred comia um pedaço de pão. Maryanne havia levado Dhiana para dentro. Gabrian e Aldred levantaram uma tensão no ar que requeria privacidade.Gabrian
Estou em missão para os Vlamingen. Vou para o litoral de Bielefeld. Aqui é caminho.
Aldred
Litoral de Bielefeld... é perto de...
Aldred se referia à marca de Yarmouth, destruída e conquistada pelos puristas. Hoje era terra de ninguém, espaço em eterna disputa no lugar conhecido como Conflagração do Aço. Era o lugar onde Gabrian havia crescido e passado a maior parte da vida.Gabrian
Não.
Aldred
A missão envolve o que?
Aldred balançou a cabeça.Gabrian
Ouro e glória, Aldred. É isso que eu quero.
Aldred
Eu ouvi falar da sua guilda Vlamingen. Soube de seus heróis, de seus valores. É um misto de cavalaria com pirataria, não é? Não sei como dois conceitos opostos dialogam, mas muitos falam que são um bando de heróis, parecem confiáveis nesses dias. Mas tu parece que é um mercenário, não se importa com ninguém. Eu te ensinei uma arte mortal e tu vai usar para...
Aldred balançou a cabeça. Gabrian não ficou para a janta.Gabrian
Já conversamos sobre isso muitas vezes, velho. Eu não quero ouvir a mesma ladainha de novo... vim aqui para ver minha irmã e partir. Não sabia que ia te encontrar aqui. Aliás, como anda sua luta contra os puristas? Eu soube que eles continuam no mesmo lugar.
***
Era verão quando Gabrian chegou a Porto do Rei. Os dias eram quentes, úmidos, de movo que era preciso viajar sem armadura para o couro não endurecer e rasgar em atrito com os rebites de metal da armadura. As noites eram mais frescas, mas o calor ainda imperava. Suando, desacostumado com tamanho calor, Gabrian ainda recolocou a armadura para ser apresentável, dar a impressão certa aos habitantes de Porto do Rei.
Gabrian era um homem forte, magro, de estatura mediana. Sua armadura era de couro avermelhado, com rebites de metal tingido de preto. Usava duas ombreiras de metal que fora polido além da conta. Na sua cintura, portava uma espada na bainha. Tinha a lâmina curvilínea, fina, uma exótica katana de Tamu-ra. Do outro lado da cintura, tinha uma machadinha com a lâmina à mostra. Nas costas, uma mochila de couro flexível encimado por um saco de dormir enrolado. Tinha uma faixa branca enrolada no braço direito, até o punho. Seus cabelos eram curtos, raspados nas laterais e na nuca, deixando um volume maior de cabelo penteado para trás no topo da cabeça.
Tinha um ar confiante e observador. Pelo menos em aparência. Na verdade, Gabrian pouco prestava atenção nos detalhes do que via. Sabia que tinha que ver o mercador hynne, mas tomou a decisão de se divertir naquela noite. Trabalho é assunto para manhã, embora tentasse se manter disciplinado para não aparecer ressacado para o cliente.
Perto de onde entrara na vila, Gabrian viu outros quatro notáveis. Todos obviamente de fora, com suas armas, armaduras, mochilas, e outros equipamentos dignos de quem passa a vida viajando. Gabrian acenou para eles, mas não se importou muito mais além disso.
Depois de ouvi-los, deu de ombros.Gabrian
E aí, galera. Eu sou Gabrian Barrington, guerreiro da Guilda Naval Vlamingen, de Nova Malpetrim. Vim atender o pedido de Trigo Passadeiro. Vocês também?
Gritou no no "fui" e se deslocou para o simpático prédio rachado de três andares onde moças e rapazes bonitos se mostravam seminus.Gabrian
Não sei vocês, mas está quente demais, então preciso molhar a garganta. E me divertir um pouco, quem sabe jogar e tal. Nos vemos amanhã? Ou talvez alguém queria me acompanhar? Bem, vou nessa, galera. FUI!
Dentro do estabelecimento de moral duvidosa, havia muita fumaça. As pessoas fumavam incensos, mulheres e homens dançavam com roupas íntimas sobre um pequeno palco. Havia muita gente, principalmente aqueles que obviamente eram marujos e viajantes. Uma moça logo se aproximou, antes de Gabrian dar o quinto passo adentro. Era uma elfa muito bela, com olhar sedutor. O jovem guerreiro sustentou o olhar com um sorriso e a aproximação foi concluída.
Ela teve que dizer próxima ao seu ouvido, devido ao som de gargalhadas, música do piano e gritarias em geral do ambiente de luxúria.
Olá, bonitão. Bonita espada.
Respondeu no ouvido da mulher. Ela fez uma cara de desdém, um riso afetado.Gabrian
É porque não viu a outra.
Um bêbado passou entre eles indo atrás de um rapaz de tanga. Gabrian riu e se aproximou do ouvido da elfa com o nome mais humano que já ouvira."Margareth"
Eu sou Margareth, meu bem. Gostaria de beber um vinho? Temos a safra de 1385, de Sambúrdia. Dizem que antes da Tormenta o sabor era muito especial.
A elfa suspirou, o encanto diminuiu. Sentou-se no balcão onde uma mulher com os seios desnudos provocava um marujo sem dentes.Gabrian
Tô sem grana pra isso. Mas fui contratado pelo hynne Trigo Passadeiro. Sabe quem é?
Gabrian puxou uma cadeira ao seu lado e viu a elfa "Margareth" receber um drinque de cor esverdeada com um limão."Margareth"
Ele não sai muito da Mar Estrelado. Não fala com ninguém... é esnobe. Algumas meninas foram vê-lo, você sabe. Mas ele não teve interesse. Então foram os rapazes e... bem, continuou sem interesse. Ele está esperando seus aventureiros particulares.
A cortesã não pareceu muito impressionada.Gabrian
É mesmo? Bem... não sou aventureiro particular de ninguém, sirvo só à minha guilda. Sou Gabrian Barrington, um dos escolhidos a dedo por Trigo. Quando voltar de seu grande empreendimento posso pagar em dobro e...
Ela terminou seu drinque e abriu o leque. Olhava nos olhos de Gabrian, que sustentava o olhar. A elfa olhou em volta e suspirou."Margareth"
Bitch, eu sou uma elfa. Tem noção quantas vezes já ouvi a mesma historinha?
Gabrian sorriu malicioso, mas tirou uma moeda de prata da bolsa."Margareth"
Hoje o movimento está ruim e você é até que bonitinho. Venha...
Ela guardou a moeda dentro do corpete e pegou em sua mão, levando escada a cima.Gabrian
Não sei quanto custa uma noite, mas posso te dar isso.
A noite estava apenas começando e Gabrian a comprometeu completamente até o dia seguinte.
Ação interpretativa de Gabrian
Viaja de Nova Malpetrim para Valkaria, depois para Porto do Rei e gasta 1 T$ com "Margareth".
Última edição por Aldenor em Seg Out 12, 2020 1:33 pm, editado 1 vez(es)
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O Duelo de Dragões (T20): Max Reilly (Humano, Bárbaro 1, Soldado)
Coração de Rubi (T20): Adrian Worchire (Humano, Guerreiro 1, Nobre Zakharoviano)
Cinzas da Guerra (T20): Tristan de Pégaso (Humano, Paladino de Valkaria 1, Escudeiro da Luz)
Guilda do Mamute (3DeT Victory): Aldred (Humano, kit Artista Marcial, N11)
Aldenor- MESTRE
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Re: A Fenda Estrelada
A mente de Jojo estava permeada com aqueles sonhos com Elsie nos últimos dias. O que poderiam significar? Talvez a ansiedade de sua primeira missão como paladino. Para tal, havia rumado até Villent, a metrópole tão perigosamente perto da Supremacia Purista, agora separada pela fissura abismal conhecida como Garganta do Troll. Tentou afastar aqueles pensamentos após conseguir sua missão, mas o sonhos continuavam. De qualquer forma, viajou até Wynnla onde embarcou em uma navio em direção a Bielefeld. Ainda assim, seu olhar repousava todos os dias, na ondulações marítimas, sobre aquela terra conhecida com Conflagração do Aço, onde os Cavaleiros da Ordem da luz travavam uma luta constante contra eles, Os Purista.
Os passaram, até finalmente chegar em seu destino. Havia sido uma viagem solitária, tinha de admitir e apesar de todas as tudo que se passava em sua cabeça e nos pesares que trazia no coração, o paladino nunca deixava transparecer, era uma promessa que tinha feito para Elsie. Estava parado ali então, naquela praça, daquela cidade distante de um reino que ele nunca havia visitado anteriormente. Bateu em um mosquito que pousava em seu braço, era de fato um lugar... Diferente. O rapaz era alto e tinha um corpo esguio e musculoso. A pele era alva e os olhos azuis, enquanto os cabeços lisos e sedosos ostentavam um loiro pálido. Usava uma brunea, com placas de metal sobrepostas. Pelas costas escorria uma capa púrpura de tecido grosso, da mesma tonalidade do casaco que usava de vestimenta por baixo do aço.
A mão direita era coberta por uma luva, enquanto a esquerda trazia uma manopla e um escudo, seguro por tiras de couro grossas. O escudo estava raspado e por cima dele, uma mulher de joelhos em súplica implorava aos céus. Na cintura, havia um mangual, enquanto uma mochila puída era suspensa por uma única alça no ombro direito.
O paladino então olhou ao redor naquela praça, para os prédios irregulares, as ruelas. Haviam outras figuras exóticas ali. Uma delas mascarada e toda de amarelo. Outro um rapaz forte com uma espada exótica na cintura. O rapaz aceitou seu comprimento.
Porém ele partiu tão logo se apresentou, indo de encontro a um prostíbulo. Jojo encarou os homens e mulheres ali, testou o peso de sua bolsinha de moedas e virou as costas para os demais, indo em direção a taverna. Escolheu uma mesa, largando a mochila e o escudo aos seus pés, enquanto olhava ao redor e passava as mãos pelos cabelos loiros e perfeitamente lisos, as mechas se alinhando de um dos lados da cabeça.
Esperou então, se recostando na cadeira, olhando ao redor, tentando ver algum hynne, enquanto sentia as dores do cansaço da viagem. Talvez se visse algum ali, perguntaria para o atendente se poderia ser Trigo Passadeiro. Poderia se apresentar para o serviço sem demora.
— Hm...
Os passaram, até finalmente chegar em seu destino. Havia sido uma viagem solitária, tinha de admitir e apesar de todas as tudo que se passava em sua cabeça e nos pesares que trazia no coração, o paladino nunca deixava transparecer, era uma promessa que tinha feito para Elsie. Estava parado ali então, naquela praça, daquela cidade distante de um reino que ele nunca havia visitado anteriormente. Bateu em um mosquito que pousava em seu braço, era de fato um lugar... Diferente. O rapaz era alto e tinha um corpo esguio e musculoso. A pele era alva e os olhos azuis, enquanto os cabeços lisos e sedosos ostentavam um loiro pálido. Usava uma brunea, com placas de metal sobrepostas. Pelas costas escorria uma capa púrpura de tecido grosso, da mesma tonalidade do casaco que usava de vestimenta por baixo do aço.
A mão direita era coberta por uma luva, enquanto a esquerda trazia uma manopla e um escudo, seguro por tiras de couro grossas. O escudo estava raspado e por cima dele, uma mulher de joelhos em súplica implorava aos céus. Na cintura, havia um mangual, enquanto uma mochila puída era suspensa por uma única alça no ombro direito.
O paladino então olhou ao redor naquela praça, para os prédios irregulares, as ruelas. Haviam outras figuras exóticas ali. Uma delas mascarada e toda de amarelo. Outro um rapaz forte com uma espada exótica na cintura. O rapaz aceitou seu comprimento.
— Pode me chamar de Jojo, paladino de Valkaria.
Porém ele partiu tão logo se apresentou, indo de encontro a um prostíbulo. Jojo encarou os homens e mulheres ali, testou o peso de sua bolsinha de moedas e virou as costas para os demais, indo em direção a taverna. Escolheu uma mesa, largando a mochila e o escudo aos seus pés, enquanto olhava ao redor e passava as mãos pelos cabelos loiros e perfeitamente lisos, as mechas se alinhando de um dos lados da cabeça.
— Por favor — chamou um atendente — me traga uma refeição e uma bebida para tirar o pó da garganta.
Esperou então, se recostando na cadeira, olhando ao redor, tentando ver algum hynne, enquanto sentia as dores do cansaço da viagem. Talvez se visse algum ali, perguntaria para o atendente se poderia ser Trigo Passadeiro. Poderia se apresentar para o serviço sem demora.
Re: A Fenda Estrelada
Maktub, uma simples palavra, tanto significado.
O Oásis que era a Cidade no Deserto ja estava com seu destino declarado, desenho através da forma conhecida como "escrita".
Como uma Nomade, sua tribo nunca investiu recursos para pergaminho, tinta, carvão, não sabiam escrever também. Tudo era passado oralmente.
A Cidade no Deserto, continuaria a prosperar, pois era o seu destino, assim como o destino de quem a buscasse.
As lembranças afetavam Krak, que apertou-se mais ainda sob suas roupas. Sentia-se extremamente a vontade para ficar apenas com a máscara de sua fé, estampada com símbolo sagrado de Azgher, no clima deserto que cresceu íntima ao calor e fogo.
Porém essas terras eram bem mais frias, exigiam camadas e mais camadas de roupas para aquece-la, sentia quase o impulso de por fogo em si mesma. Sua silhueta feminina era quase totalmente perdida por essa razão.
Seria uma jornada, com caminhos incertos e pontos inevitáveis, este era o primeiro.
Apesar de onde veio e por onde andou, suas roupas estavam sempre limpas e renovadas, dons da magia que tanto ajudaram durante a jornada de sua infância. Nenhuma peça de roupa jamais jogada fora, nenhuma mochila, Odre ou outro item de utilidade quebrado. Tudo o que tinha era quase novo.
***
Ao chegar, notou primeiro o cheiro de peixe e frutos do mar, era novidade total, junto a umidade da maresia. Perdeu-se observando o Mar de Água, sentindo-se mínima. Aproximou-se da água, tinha a intenção de "provar" mas logo foi detida, e explicada do porque não deveria faze-lo.
Agradeceu consertando pequenos e evidentes estragos em sua roupa, e viu que o homem na verdade era um mercador.
O Mercador ouvia uma voz feminina melodiosa, porém nenhuma curva em sua aparência e poderia até mesmo se perguntar como essa mulher de Azgher não esta sufocada diante de tantas roupas.
Em sua barraca, enquanto cortava um peixe, o homem respondeu:
Saiu com os peixes, e não demorou muito a ouvir alguém distinto.
Gabrian deu de ombros.
Krak usava nitidamente um Traje de Viajante do Deserto, todo amarelo e pesado, talvez mais camadas que se possa pensar a início. O Detalhe principal contudo era a Mascara com o símbolo do Sol, a Representação de Azgher.
Não teve muito tempo para ouvir a resposta, o homem já ia entrando numa casa.
Havia esquecido de dizer que o acompanharia.
O ambiente, com as pessoas seminuas, bedidas e conversas, lembrou a Krak que aquilo deveria ser um serviço de prazer sexual. Já havia visto na Cidade do Deserto, e agora se perguntava se era aqui que Trigo estava.
Teve de recusar várias propostas, e até foi convidada a se retirar, sua máscara estava causando problemas, assustando.
Pelo menos conseguiu sair com uma indicação.
Entrou no prédio indicado como Mar Estrelado.
O Oásis que era a Cidade no Deserto ja estava com seu destino declarado, desenho através da forma conhecida como "escrita".
Como uma Nomade, sua tribo nunca investiu recursos para pergaminho, tinta, carvão, não sabiam escrever também. Tudo era passado oralmente.
A Cidade no Deserto, continuaria a prosperar, pois era o seu destino, assim como o destino de quem a buscasse.
As lembranças afetavam Krak, que apertou-se mais ainda sob suas roupas. Sentia-se extremamente a vontade para ficar apenas com a máscara de sua fé, estampada com símbolo sagrado de Azgher, no clima deserto que cresceu íntima ao calor e fogo.
Porém essas terras eram bem mais frias, exigiam camadas e mais camadas de roupas para aquece-la, sentia quase o impulso de por fogo em si mesma. Sua silhueta feminina era quase totalmente perdida por essa razão.
Seria uma jornada, com caminhos incertos e pontos inevitáveis, este era o primeiro.
Apesar de onde veio e por onde andou, suas roupas estavam sempre limpas e renovadas, dons da magia que tanto ajudaram durante a jornada de sua infância. Nenhuma peça de roupa jamais jogada fora, nenhuma mochila, Odre ou outro item de utilidade quebrado. Tudo o que tinha era quase novo.
***
Ao chegar, notou primeiro o cheiro de peixe e frutos do mar, era novidade total, junto a umidade da maresia. Perdeu-se observando o Mar de Água, sentindo-se mínima. Aproximou-se da água, tinha a intenção de "provar" mas logo foi detida, e explicada do porque não deveria faze-lo.
Agradeceu consertando pequenos e evidentes estragos em sua roupa, e viu que o homem na verdade era um mercador.
Por 3 Moedas de Prata, gostaria de peixes e uma informação.
O que pode me dizer de Trigo Passadeiro?
O Mercador ouvia uma voz feminina melodiosa, porém nenhuma curva em sua aparência e poderia até mesmo se perguntar como essa mulher de Azgher não esta sufocada diante de tantas roupas.
Em sua barraca, enquanto cortava um peixe, o homem respondeu:
É um sujeitinho arrogante, chegou aqui a uma semana e não fala com ninguém direito... se acha melhor que os outros e não gosta de peixe. Até mesmo os aventureiros que aqui chegam não são bons o suficiente pra ele, chamou seus próprios. Se você quiser trabalho com isso, nem perca seu tempo com ele. No porto sempre vai encontrar alguém que contrate.
Talvez eu possa mudar isso. Obrigada.
Saiu com os peixes, e não demorou muito a ouvir alguém distinto.
Gabrian
E aí, galera. Eu sou Gabrian Barrington, guerreiro da Guilda Naval Vlamingen, de Nova Malpetrim. Vim atender o pedido de Trigo Passadeiro. Vocês também?
Krak
Queiraque, da Tribo Alcham Almamia, Protegidos de Azgher. Também vim atras dessa pessoa.
Gabrian deu de ombros.
Gabrian
Não sei vocês, mas está quente demais, então preciso molhar a garganta. E me divertir um pouco, quem sabe jogar e tal. Nos vemos amanhã? Ou talvez alguém queria me acompanhar? Bem, vou nessa, galera. FUI!
Krak
Quente? Aqui esta tão frio que sinto vontade de por mais duas ou três camadas de roupa.
Krak usava nitidamente um Traje de Viajante do Deserto, todo amarelo e pesado, talvez mais camadas que se possa pensar a início. O Detalhe principal contudo era a Mascara com o símbolo do Sol, a Representação de Azgher.
Não teve muito tempo para ouvir a resposta, o homem já ia entrando numa casa.
Havia esquecido de dizer que o acompanharia.
O ambiente, com as pessoas seminuas, bedidas e conversas, lembrou a Krak que aquilo deveria ser um serviço de prazer sexual. Já havia visto na Cidade do Deserto, e agora se perguntava se era aqui que Trigo estava.
Teve de recusar várias propostas, e até foi convidada a se retirar, sua máscara estava causando problemas, assustando.
Pelo menos conseguiu sair com uma indicação.
Entrou no prédio indicado como Mar Estrelado.
Off:
Gastou 3 Tibares, conseguiu informação e duas matérias primas para Sopa de Peixe.
Astirax- Nível 2
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Re: A Fenda Estrelada
_________________________________________Ao olhar para trás, minhas pegadas já haviam desaparecido na areia...
*A cada novo passo, você sentia que o deserto te devorava mais um pouco. Os pés mergulhavam na areia e as canelas eram cobertas, tornando o próximo passo mais exaustivo e excruciante. O suor seco grudava em sua pele, enquanto sua camisa - agora transformada em um tipo inutil de turbante - cobria sua cabeça para protegê-lo do sol escaldante, que pareciam encará-lo de forma condenadora, conforme tingia dolorosamente sua pele com queimaduras cruéis*
*Seus olhos buscavam as quatro direções da rosa dos ventos. Nada. Era a mesma paisagem. Como você havia parado ali? Onde estava a caravana? Os soldados? Os mercadores? O grupo de aventureiros do qual você fazia parte?*
*Mortos. Era essa a resposta e você sabia*
*Tempestades de areia, monstros famintos, saqueadores.. Tudo isso, sim, mas na maioria dos casos: Apenas o clima. No deserto da perdição, o dia, a noite, a luz e as trevas eram os carrascos e você o próximo condenado. De repente, um passo em falso. Era tudo o que você precisava não é mesmo? Com o tropeção, veio a queda. O mundo rolava, rolava e rolava, conforme areia áspera batia contra contra a carne. Você só parou quando chegou no fim da imensa duna e não lhe restava mais forças para continuar. Não havia vontade*
*Fechou seus olhos, respirou com dor e esperou se juntar a seus companheiros*Jihad das areias vermelhas
- Olá amigo.
*Seus olhos se abrem. Você encara o belo homem de cabelos vermelhos e esvoaçante, usando tunica branca e sentado sobre um tapete voador imenso. Maldita miragem, heim? Seus olhos fecham novamente*Jihad das areias vermelhas
- Ei! Mas que rudeza... Ignorar um mestre dos desejos... Não... Mais que isso...
*Então não havia mais areia. Havia a caricia refrescante do vento e uma sensação fria em seu estomago conforme flutuava. Olhou de novo e o rapaz - que de longe era uma miragem - apontava o dedo em sua direção e conjurava magia! Ele o pousou sobre seu tapete macio e materialzou uma enorme ânfora, transbordando água cristalina *Jihad das areias vermelhas
- ...Ignorar um sultão! Mas não se preocupe. Não sou do tipo que guarda rancor. Parece que o acaso quis que eu te achasse aqui. Afinal, quais as chances? Tem ideia do quanto isso aqui é grande? Sinta-se grato. Beba o quanto quiser, logo estaremos lá.
*Você estava concentrado demais em engasgar com os litros de agua que desciam pela garganta ou o encharcavam, para se tocar que já estavam voando em alta velocidade. Quando gota nenhuma restava no recipiente, você finalmente se permitiu perguntar para onde estava sendo levado*Jihad das areias vermelhas
- Para onde ? Para um lugar festa e riqueza, caos e risada, arte e vida! Onde todas as raças são aceitas e todas as religiões convivem. Onde sua liberdade é respeitada se você respeitar a do próximo! Um reino feito de todos os reinos, onde a guerra é esquecida e o viver é tão importante quanto o sobreviver. Onde há problemas sim, mas se você tiver um, todos o tem! Uma força viva construída pela magia, feita de homens talentosos e guerreiros implacáveis, mas mesmo assim: Não invadimos ninguém, mas jamais nos permitiremos ser invadidos. Um mundo a parte, onde verde, azul, vermelho, marrom, cinza e amarelo se misturam na paisagem em completa bagunça, mas também harmonia! Por fim, uma terra que chamo de lar... Mas você pode chamar de: A TRIBO SCARLATA!!!!
*Mas depois de todo esse discurso, tudo que você via na direção em que voavam, era uma pirâmide. Velha e macabra. Do tipo que grita: ENTRE SE FOR CORAJOSO OU BURRO O SUFICIENTE. Você não era nenhum dos dois, mas o tapete já estava em rasante*
*Mas... Quando passaram pelo precário portal que os recebia, não foi escuridão e umidade que os recebeu. Não, não. Foi luz. Ar puro. Um céu imenso. Cores. O que o recebeu foi tudo o que o homem de cabelos ruivos prometeu! Era um reino, de muros, pessoas e som! Era uma sociedade alocada num plano a parte, mágico! Um oásis secreto, onde os perdidos na perdição se encontram! E antes que você percebesse, seus olhos de molhavam com o alivio que era saber que estava salvo*Jihad das areias vermelhas
- Incrível né? Eu também acho. Foram seis... Ou talvez sete anos para construir isso. Mas nós conseguimos. Sim, nós. Este sultanado, como diz minha mulher, nasceu dos desejos de todos aqueles que se juntaram a nós, quando ainda éramos apenas uma companhia comercial. Foram anos de acordos, toneladas de poder mágico, desafios enfrentados, inimigos derrotados e convites para homens e criaturas do mundo todo se unirem a nós. E vieram. Ramnor. Lamnor. O império de jade. Somos o caos do mundo! É claro que não vou mentir que não temos problemas, conflitos e erros. Mas creio que nossos méritos são maiores que nossas falhas. Eu me orgulho daqui. E bem... Se esse lugar serviu para salvar um aventureiro perdido no deserto, creio que tenho motivos para me orgulhar. Me chamo Jihad, por sinal.
*Você já ouviu falar nesse nome. Jihad das areias vermelhas. Jihad, o canhão vivo. Jihad, o sultão. Jihad, o marido de Mitra, a negociadora em chamas. Ele era um aventureiro poderoso da guerra mundial. Ficou embasbacado com sua presença. Era o mesmo que havia lutado ao lado de nomes ainda maiores: Aldred, Tyberus, Lyane, Hoen, John Lessard, Fargrimm e outros! Mas agora, parecia tão... Comum... E falava com você com tamanha normalidade... Como um igual.*
*O tapete circundou o céu e foi direto a um palácio no centro do sultanado. Na varanda, uma criança aguardava, lendo um livro que parecia grande demais para alguém de sua idade. Assim que pousaram, ela correu para recebê-los*Jinn!
- Papa!Jihad das areias vermelhas
- Oh! Jinn! Que bom que está aqui! Onde está a mamãe?
*Você acompanhou a criança quando saltou nos braços de Jihad, sendo recebida com beijos e cariciais. Ele ainda gargalhava quando respondeu*Jinn!
- Foi acompanhar o moço de Vectora até o portal! Ela fechou mais um negócio!Jihad das areias vermelhas
- Como esperado da mamãe! Mitra é a verdadeira dona disso aqui. Eu sou mais um... Guardião e causador de problemas! HAHAHAHAHA. Vou apresentá-los mais tarde, ela deve estar no totem de Vectora.
*Novamente, você tinha ouvido falar de Mitra também. Não uma aventureira, mas uma comerciante famosa, que galgou na vida de uma simples aldeã a uma das mulheres mais ricas e influentes de Arton, então nada daquilo te impressionava. Mas o mencionar da palavra "totem" o deixou confuso. Jihad percebeu e sorriu*Jihad das areias vermelhas
- Esse lugar em que estamos é um plano em miniatura que criei. Para facilitar o acesso a ele, existem seis portais em Arton que permitem acessá-lo. E cada um possui um "guardião", protetores que permitem ou não o acesso ao sultanado. A eles damos os nomes de "totens" . Eu sou o guardião do totem do deserto da perdição. Fora este temos um em Vectora, Tamu-ra, Tapista, Lamnor e Valkaria.
*Prático e impressionante, você pensou. Entendeu como isso facilitaria defender o local.Se lembraria disso, conforme sorria para a criança*Jihad das areias vermelhas
- Jinn, este é nosso convidado. Mostre a ele o resto da tribo Scarlata. O acomode na taverna "lâmpada quebrada" . E quanto a você, irá se juntar a nós para o jantar. Por sinal... Qual o seu nome, amigo ?
*E você respondeu. A criança o segurou simpática pela mão e obedeceu ao pedido do pai. O lugar era enorme, mas você não duvidava que ela faria questão de mostrar cada pedaço e sem reclamar! Mas mal era preciso andar para ver as correntes de água fresca correndo por todos os lados, o verde da vegetação (provavelmente cuidada por druidas locais), construções magnificas e o burburinho constante*
*Ah! Que belo lugar! Era impossível não pensar assim*
*Se ao menos Jihad tivesse sido mais cuidadoso*
*Se ao menos tivesse prestado atenção*
*Se ao menos NÃO tivesse trazido VOCÊpara dentro de sua casa*
*A tribo Scarlata não teria sido destruida.*
_______________Eu vi! Juro que vi!
*Passinhos ariscos corriam pelas vielas, com burburinhos e risinhos tão presentes naquela mágica fase da vida*Aron
- Eu vi! Juro que vi!Erina
- Mentira! Deve ser uma pegadinha!Irvin
- Então conta pra gente de novo, como ele era?Oslo
- Por que eu ando com vocês? Eu sou um Hynne, não uma criança!!!Aron
- Ele era tooooodo de metal! Tinha umas bandagens vermelhas enroladas nos braços... Parecia coisa de lutador. É maneiro como estão desgastados! Nos pés e na canela, parecia bota! E.. Ele tinha um calção vermelho! Que esquisito! hahahahahahIrvin
- Calção vermelho?? Tá esquisita essa história, Aron!Aron
- Não tá não, seu besta! Já já a gente chega lá! Tá perto! Ah! Ele também era quente... Dos buraquinhos do corpo dele, brilhava em laranja, que nem a fornalha do Seu Giannini! Ele também, também, tinha olhos redondões!Erina
- Se for verdade, eu quero pra mim! Vou vestir de princesa e chamar de Epitáfia!!!Irvin
- Não né, sua bobona, ele é um golem homem! Ta vestido que nem lutador! Ele vai ser nosso guarda costa! Vamo falar pro Ulther que ele vai tomar uma surra do nosso mecha!!!Erina
- Aaaaafff!!Aron
- Chegamos! Não falei?
*E ele falou mesmo. Lá estava o golem, do jeito que foi descrito. Sua cabeça pendia para baixo e estava sentado numa posição de meditação. Parecia completamente inerte. As crianças...*Oslo
- E O HYNNE!!
*... E o Hynne, se aproximaram empolgadas da novidade. Aron foi o primeiro corajoso a tocá-lo erguendo seu rosto para mostrar aos amigos. Irvin tocou nos braços, com a ponta do dedo, como se tivesse medo de levar um bote. Erina sentou no colo dele e gargalhou gostosamente, imaginando os vestidinhos que colocaria no golem (mesmo não tendo nenhum daquele tamanho, tinha 1,65 de altura!) e Oslo ficou a distância, de braços cruzados, interessado na cena e na origem do golem. Não, teremos piada sobre golem não ter origem. Continuem lendo*Aron
- Decidi! Vamos chamá-lo de Optimus Megatron!!!!!Erina
- Ah não, esse nome não! Por que vocês sempre escolhem tudo?Irvin
- Por quê você só pensa em coisas chatas!!Erina
- Cala boca!!Aron
- Ei, parem de brigas vocês dois! Vamos todos brincar com ele! Agora o Optimus megatron é nosso!!!!Jinn
- Err... Com licença?Erina
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!Aron
- AAAAAAAAAH!Irvin
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!!!!!!!!!!!!!!Oslo
- O QUE QUE FOI???!Irvin
- O BONECO FALOU!! !Oslo
- Ata... AAAAAAAAAAAAAAAAHHHH!!!!!!!!
*Os olhos do golem haviam se ascendido e de sua cabeça dançavam chamas alaranjadas. Conforme se levantou, sua sombra se projetou sobre as crianças... e o hynne!! Os quatros se abraçavam, trêmulos pelas surpresa**Jinn
- Não precisam ter medo! Meu nome é Jinn... Posso brincar com vocês?Irvin
- ELE TEM FOGO SAINDO DA CABEÇA! ELE DEVE SER UM GOLEM DO DIABO! CORRAM!!
*Os quatro deram meia volta e saíram correndo desesperados, deixando o golem solitário naquele beco. Havia apenas se sentado ali na noite passada, depois de andar por dias, sem perceber que havia gasto toda sua energia. Precisou de horas de descanso até despertar novamente e ao acordar se viu cercado de crianças... Achou que faria novos amigos*.Jinn
- Eu não sou do diabo...
*Os ombros penderam pra baixo e a cabeça ficou baixada em um muxoxo. Então tirou um papel de sua mochila e encarou o chamado com seu nome. O contratante pedia por um "lutador" . Como sabia? Só tinha uma forma. Shirato-sensei. Ele devia ter arrumado isso, para ajudá-lo em seu treinamento*
*Olhou para os punhos enfaixados e testou lançar um soco no ar. Era estranho perceber o próprio corpo, sem senti-lo diretamente. Levou um ano de treinos diários, mas enfim tinha controle. Aceitou o trabalho então. Devia isso a seus mestres.*
*Sim, devia muito a eles*
Mesmo queimando, só sinto frio
1 ano atrás
*Nada. Não havia nada. Por mais que Jinn lutasse contra o vazio, nenhuma lembrança surgia. Era sempre a mesma imagem: As costas de seu pai, enquanto enfrentava algo. Um circulo de magia enorme no céu. Gritos. Fogo. Devastação. E as ultimas palavras de sua mãe, enquanto abraçava seu corpo ensanguentado*
*Nos perdoe. Sobreviva *
*Jihad olhou para trás. Nunca havia visto um sorriso tão triste nos lábios do pai. Suas tatuagens brilharam como nunca e a magia que tanto amava vê-lo invocar. inundou seu corpo. A dor, virou formigamento. Depois nada. Ou melhor, havia algo: Metal e fogo. Tudo junto num corpo novo. O golem de treino que os sentinelas das areias vermelhas usavam para treinar, agora era o recipiente de sua alma.*
*Sua alma? Isso estava certo? Até onde havia estudado, golens se movem a partir de espíritos elementais. Jinn sabia que havia herdado uma essência de fogo em seu corpo, mas não era um elemental, era um qareen das chamas. Efreet. Ninguém sabia como, claro, pois seu pai antes de ser um qareen, era um Dao e nunca havia perdido sua essência da terra. Essa era uma pergunta, entre tantas. Por que seu pai o colocara ali? Quem atacou sua casa? Onde estavam todos que amava? POR QUE ISSO ACONTECEU??*
*Jinn gritou, atingindo o chão com suas mãos, abrindo rachaduras. Mas lágrima alguma caiu. Não havia sensação, além da consciência de que as chamas que vazavam pela cabeça e nas frestas de seu corpo, haviam se intensificado. *Jinn
- D-Dimitri? Como...?
*Jinn olhou para suas mãos metálicas. Seu corpo completamente mecânico. Gritou novamente. Tentou chorar de novo. Não poder era agonizante. Shirato o abraçou. Era estranho. Não havia sensação... Mas mesmo assim sentia*
*Shirato Dim. Um dos seis totens dos Scarlatas. O guardião de Tamu-ra. Havia conhecido Jihad muitos anos atrás e se tornado um grande amigo e campeão de sua arena principal. Hoje vivia em seu dojo, junto a sua esposa, Shirato Sayuri e ensinando a novos discípulos o caminho da auto-defesa*Jinn
- Nós temos que correr! Temos que voltar lá! Temos que achar meu pai! Minha mãe! todo mundo!! VOCÊ TEM QUE AJUDAR! VOCÊ TEM QUE SALVÁ-LOS!
*O forte tom imperativo, vez o garoto-golem se encolher*Shirato Dim
- Eu vou ajudá-lo. Acredite. E cada um que se considera um "Scarlata" que está por ai no mundo, com certeza vai agir para descobrir o que aconteceu e quem nos atacou... Mas ... Você agora precisa ser forte. Algo pode acontecer comigo também. Você pode ficar sozinho. Eu sei que é dificil ouvir isso, mas você precisa ser forte. O Jinn que eu conheci sempre foi muito maduro para a própria idade. Eu sei que você é capaz. Eu vou ajudá-lo. Seu pai lhe deu esse corpo forte, para que você se proteja. Então cabe a mim, ensinar como usá-lo.Jinn
- Mas eu não sei fazer magia... Nunca tive talento pra isso que nem o papa! Também não sou bom com as pessoas que nem a mama! Eu só sei estudar... Não sei fazer nada!Shirato Dim
- Você está enganado meu garoto. Saber APRENDER é um talento precioso. Uma habilidade rara que muitos adultos e anciões sequer sonham em obter. E outra coisa: Perceber que é fraco, é o primeiro caminho para se tornar forte. Se você não consegue fazer o que seus pais faziam, basta que encontre seu próprio caminho! Infelizmente, tudo que eu sei, são artes marciais... Mas se me permitir... Eu vou ensiná-lo. Vou ensinar o caminho para proteger aquilo que é mais precioso para seu pai, que a própria tribo Scarlata: Você mesmo.
*O golem fitou o rapaz por um longo momento. Esfregou lágrimas imaginárias e se levantou*Jinn
- TA! POR FAVOR ME ENSINE! SHIRATO-SENSEI!Jinn
- O quê?
*Não muito tempo depois, Jinn foi apresentado a cinco "amigos" de Shirato. Na verdade, cinco rivais com quem havia trocado socos inúmeras vezes. Todos eles, mestres em um estilo de luta próprio, refinado a exaustão em anos de combate e até aventuras. *
*Bastou uma palavra e todos concordaram em treiná-lo. E foi assim por um ano. 365 e dias de treinos que duravam do amanhecer aos anoitecer. Cada um oferecendo uma experiência, uma lição, um exemplo ou uma borra surra ao pobre garoto, que aos poucos foi perdendo o medo de lutar (afinal, nada podia ser pior que aqueles seis loucos!*
*Quando o garoto estava pronto, decidiram que ele precisava buscar experiência. Algo leve, algo com o que pudesse lidar. Estavam preocupados, claro, ainda era uma criança... Mas também era um Golem de combate... E um Scarlata. Sua vida seria dura dali em diante. Seria bom que aprendesse logo. E bem... Ele o fez*
_______________________________________
NÃO TENHO IDADE PARA BEBER... E NEM CONSIGO!
TAVERNA DO MAR ESTRELADO
Jinn
- Vou sim!
*Jinn havia se empolgado com o convite de Gabrian. Ninguém nunca o chamava para nada, apenas o estranhavam ou tentavam sequestrar para vender. Então ficou feliz quando foi chamado para esse tal de "prostíbulo" . Assim que abriu a porta, fechou rapido e com força. TINHA VISTO UM PAR DE SEIOS A MOSTRA! POR NIMB, QUE LUGAR ERA ESSE??*
*Saiu correndo assustado, em direção a taverna, esperando poder se unir aos outros. Abriu a porta correndo para dentro. Tropeçou. 90 quilos de aços quebraram uma mesa*Jinn
- DESCULPA!!!
*Ao se levantar bateu a cabeça num quadro. Ele pegou fogo. Ao tentar apagar com as mãos, ele tombou também*Jinn
- D-DESCULPA!!!!
*Recuou para não criar mais problemas, acabou por derrubar duas garrafas, atrapalhar um atendente, pisar no rabo de um gato... e de um trog, até finalmente chegar a mesa onde estava o paladino de cabelos sedosos*Jinn
- Me desculpa... T.T
*Algumas broncas depois e algumas cobranças de danos causados, o golem estava sentado na mesa, comportado. Não sabia o que dizer ao belo homem, então apenas esperou que algo acontecesse. Precisava encontrar o tal Trigo. Não sabia por onde começar*Jinn
- Meu nome é Jinn... Muito prazer!
*Fez uma leve reverência, como havia aprendido com Shirato-sensei*
Última edição por DiceScarlata em Qui Mar 11, 2021 3:20 am, editado 1 vez(es)
DiceScarlata- MESTRE
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Re: A Fenda Estrelada
Parte 1: O Conto do Hynne
Em uma noite agradável, os aventureiros dividiam-se pelo vilarejo de Porto do Rei.
Enquanto Gabrian se divertia no prostíbulo, "Jojo" e "Jinn dividiram um pequeno quarto na hospedaria Mar Estrelado, após não encontrarem nenhum hynne na taverna da Coroa do Mar. Krak havia adentrado a hospedaria antes dos demais, após a indicação no prostíbulo. Porém, a qareen não encontrou Trigo. O estalajadeiro avisou que o hynne não gostava de falar com ninguém a noite e mesmo com insistência, ele diria que só falaria com alguém pela manhã.
***
No prostíbulo, Gabrian ficou sabendo, em algum momento, que um estrangeiro mascarado entrou perguntando sobre Trigo. Irredutível em retirar a máscara, foi pedido para que se retirasse de maneira sutil, mas bastante entendível. Dois homens de braços grossos como troncos de árvore conversavam sobre pegar o mascarado de porrada caso não tivesse obedecido, e que ficariam de olho. Não que o guerreiro pudesse fazer muita coisa, pois Margareth não lhe dava descanso. A elfa conhecia um vasto repertório da arte do prazer, deixando Gabrian exausto pela noite. Durante um dos intervalos, ela observava a rua de sua varanda, com um piteira fumacenta. Contou sobre toda sua vida, desde quando era uma jovem donzela inocente refugiada na Vila Élfica e como encontrou na prostituição um meio de viver. Sentia inveja dos aventureiros e sonhava em conhecer as florestas de Sambúrdia, onde diziam haver um santuário élfico, um local de paz e harmonia e não a latrina representada pela Vila Élfica. Ela parecia ter ressentimentos dos cavaleiros da luz, pois fora enganada pelo falso amor de um. Acabou em Porto do Rei porque madame Betânia foi bondosa com ela.
A taverna da Coroa do Mar era um lugar simples, mas cheio. Bucaneiros, comerciantes, pescadores apinhavam-se por todos os cantos. Não havia mesa suficiente para todos, por isso Jojo e Jinn tiveram que ficar de pé, num canto apertado do balcão, perto de um lugar onde fedia a urina. Era a latrina ali do lado. A moça atendeu o paladino e lhe ofereceu o prato típico: um pão com queijo, um cozido de peixe com legumes. Havia uma barril de cerveja, mas Jinn notou que ninguém bebia dele. A atendente, uma moça roliça de olhos juntos, cabelos negros presos em um coque simples, então ofertou rum. Era doce, mas forte. Algumas pessoas detinham-se em Jinn por um momento, por ser uma figura exótica, antes de se distraírem novamente com risadas, bebida e música. Por mais desastrado que ele tenha sido, ninguém parecia realmente irritado. Só um anão com cara de poucos amigos ficou reparando nele por muito tempo antes de sumir na noite. O bardo cantava uma versão "Jogue uma Moeda para seu Bruxo" muito fraca, gerando risadas e vaias. Uma moça metida em um vestido branco de babados, sentada em uma mesa rodeada de entusiasmados homens mais velhos jogando cartas, olhou para "Jojo" e lhe ofereceu um sorriso singelo.
Antes de entrar na Mar Estrelado, Krak percebeu que fora seguida por dois brutamontes, com braços grossos como troncos de árvore. Olhavam à distância e quando ela virou o rosto, eles disfarçaram (mal) olharem para outros lugares e depois retornaram para o prostíbulo. O prédio da hospedaria era bem mais cuidado que as demais construções de Porto do Rei. Enquanto as casas dos moradores, o prostíbulo e a taverna mostravam deterioração causado pelo tempo e o ar salgado, a Estalagem Mar Estrelado tinha as paredes externas pintadas em azul marinho, portas de madeira reforçada com arte intrincada, lembrando muito as tapeçarias dos beduínos do deserto. Adentro, o ambiente era limpo, livre do pó das ruas. Os atendentes vestiam iguais, um casaco branco e uma gravata preta. O estalajadeiro, um homem chamado Bernad, avisou que Trigo não a atenderia naquela noite e ofereceu um quarto para descansar da viagem. No salão comunal, Krak viu dois homens dignos vestidos em gibão de couro azul, muito requintado. Portavam espadas longas e estavam na mesma mesa de uma mulher loira, alta de ombros largos, rosto enfeado por uma cicatriz cruzando a face. Vestia uma armadura prateada e trazia uma capa azul desgastada, onde o símbolo da balança de Khalmyr podia ser visto desenhado. Sem muito o que poderia fazer naquela altura da noite, aceitou ficar uma noite por ali. Seu quarto era consideravelmente bom, se comparado com os que conhecera na estrada. Uma cama simples de madeira e colchão de palha, tinha uma mesinha e uma janela para a rua. Na parede, Krak viu o quadro do elfo-do-mar vestindo uma armadura de ouro, como um cavaleiro da luz. O mesmo do chafariz no centro da vila.
***
O dia raiou e todos se reuniram no salão comunal da Mar Estrelado em uma mesa de madeira sólida, em um ambiente arejado com o cheiro de peixe e maresia empesteando o lugar. Havia um livro sobre a mesa, onde Trigo escrevia lentamente com uma caligrafia refinada e delicada. Usava óculos de grau, algo raro ou até mesmo desconhecido pelos aventureiros. Cada um chegou em um momento diferente e ele apenas acenou com a cabeça, olhando-os discretamente por baixo dos óculos. Qualquer fala inicial com ele era respondida com um "tenha paciência, espere pelos demais".
Quando o último aventureiro puxou a cadeira para sentar, Trigo deteve-se de escrever, guardou a pena em um estojo e fechou o livro lentamente. Seus olhos agora ajustavam-se comprimidos em cada um dos heróis.
Em uma noite agradável, os aventureiros dividiam-se pelo vilarejo de Porto do Rei.
Enquanto Gabrian se divertia no prostíbulo, "Jojo" e "Jinn dividiram um pequeno quarto na hospedaria Mar Estrelado, após não encontrarem nenhum hynne na taverna da Coroa do Mar. Krak havia adentrado a hospedaria antes dos demais, após a indicação no prostíbulo. Porém, a qareen não encontrou Trigo. O estalajadeiro avisou que o hynne não gostava de falar com ninguém a noite e mesmo com insistência, ele diria que só falaria com alguém pela manhã.
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No prostíbulo, Gabrian ficou sabendo, em algum momento, que um estrangeiro mascarado entrou perguntando sobre Trigo. Irredutível em retirar a máscara, foi pedido para que se retirasse de maneira sutil, mas bastante entendível. Dois homens de braços grossos como troncos de árvore conversavam sobre pegar o mascarado de porrada caso não tivesse obedecido, e que ficariam de olho. Não que o guerreiro pudesse fazer muita coisa, pois Margareth não lhe dava descanso. A elfa conhecia um vasto repertório da arte do prazer, deixando Gabrian exausto pela noite. Durante um dos intervalos, ela observava a rua de sua varanda, com um piteira fumacenta. Contou sobre toda sua vida, desde quando era uma jovem donzela inocente refugiada na Vila Élfica e como encontrou na prostituição um meio de viver. Sentia inveja dos aventureiros e sonhava em conhecer as florestas de Sambúrdia, onde diziam haver um santuário élfico, um local de paz e harmonia e não a latrina representada pela Vila Élfica. Ela parecia ter ressentimentos dos cavaleiros da luz, pois fora enganada pelo falso amor de um. Acabou em Porto do Rei porque madame Betânia foi bondosa com ela.
A taverna da Coroa do Mar era um lugar simples, mas cheio. Bucaneiros, comerciantes, pescadores apinhavam-se por todos os cantos. Não havia mesa suficiente para todos, por isso Jojo e Jinn tiveram que ficar de pé, num canto apertado do balcão, perto de um lugar onde fedia a urina. Era a latrina ali do lado. A moça atendeu o paladino e lhe ofereceu o prato típico: um pão com queijo, um cozido de peixe com legumes. Havia uma barril de cerveja, mas Jinn notou que ninguém bebia dele. A atendente, uma moça roliça de olhos juntos, cabelos negros presos em um coque simples, então ofertou rum. Era doce, mas forte. Algumas pessoas detinham-se em Jinn por um momento, por ser uma figura exótica, antes de se distraírem novamente com risadas, bebida e música. Por mais desastrado que ele tenha sido, ninguém parecia realmente irritado. Só um anão com cara de poucos amigos ficou reparando nele por muito tempo antes de sumir na noite. O bardo cantava uma versão "Jogue uma Moeda para seu Bruxo" muito fraca, gerando risadas e vaias. Uma moça metida em um vestido branco de babados, sentada em uma mesa rodeada de entusiasmados homens mais velhos jogando cartas, olhou para "Jojo" e lhe ofereceu um sorriso singelo.
Antes de entrar na Mar Estrelado, Krak percebeu que fora seguida por dois brutamontes, com braços grossos como troncos de árvore. Olhavam à distância e quando ela virou o rosto, eles disfarçaram (mal) olharem para outros lugares e depois retornaram para o prostíbulo. O prédio da hospedaria era bem mais cuidado que as demais construções de Porto do Rei. Enquanto as casas dos moradores, o prostíbulo e a taverna mostravam deterioração causado pelo tempo e o ar salgado, a Estalagem Mar Estrelado tinha as paredes externas pintadas em azul marinho, portas de madeira reforçada com arte intrincada, lembrando muito as tapeçarias dos beduínos do deserto. Adentro, o ambiente era limpo, livre do pó das ruas. Os atendentes vestiam iguais, um casaco branco e uma gravata preta. O estalajadeiro, um homem chamado Bernad, avisou que Trigo não a atenderia naquela noite e ofereceu um quarto para descansar da viagem. No salão comunal, Krak viu dois homens dignos vestidos em gibão de couro azul, muito requintado. Portavam espadas longas e estavam na mesma mesa de uma mulher loira, alta de ombros largos, rosto enfeado por uma cicatriz cruzando a face. Vestia uma armadura prateada e trazia uma capa azul desgastada, onde o símbolo da balança de Khalmyr podia ser visto desenhado. Sem muito o que poderia fazer naquela altura da noite, aceitou ficar uma noite por ali. Seu quarto era consideravelmente bom, se comparado com os que conhecera na estrada. Uma cama simples de madeira e colchão de palha, tinha uma mesinha e uma janela para a rua. Na parede, Krak viu o quadro do elfo-do-mar vestindo uma armadura de ouro, como um cavaleiro da luz. O mesmo do chafariz no centro da vila.
***
O dia raiou e todos se reuniram no salão comunal da Mar Estrelado em uma mesa de madeira sólida, em um ambiente arejado com o cheiro de peixe e maresia empesteando o lugar. Havia um livro sobre a mesa, onde Trigo escrevia lentamente com uma caligrafia refinada e delicada. Usava óculos de grau, algo raro ou até mesmo desconhecido pelos aventureiros. Cada um chegou em um momento diferente e ele apenas acenou com a cabeça, olhando-os discretamente por baixo dos óculos. Qualquer fala inicial com ele era respondida com um "tenha paciência, espere pelos demais".
Quando o último aventureiro puxou a cadeira para sentar, Trigo deteve-se de escrever, guardou a pena em um estojo e fechou o livro lentamente. Seus olhos agora ajustavam-se comprimidos em cada um dos heróis.
Bom dia, senhores, eu sou Trigo Passadeiro. Imagino que tenham perguntas. Sou todo ouvidos.
Nota do Mestre: Talvez vcs estranhem algumas ingerências minhas, mas fiz por efeito de cena e não será algo comum nas próximas atualizações.
* Cada um pode postar conversas retroativas entre si ou com NPCs inventados por vocês, ou no caso de NPCs importantes para dar alguma informação real de jogo, converse comigo no chat do telegram.
* Cada cena com seus personagens dão certas dicas e pistas que podem ser usadas à sua maneira criativa para enriquecer o seu post.
* Cada um chegou em um momento diferente à mesa de Trigo no dia seguinte. A ordem será decidida por quem postar primeiro. Cada personagem tem direito a uma pergunta geral ou duas perguntas do mesmo tema, respondida no chat do telegram
Dados dos Personagens:
- Carmen Lúcia <> PV: 18 PM: 4 Defesa: 18 <> Condição:
- Gabrian Barrington <> PV: 22 PM: 3 Defesa: 18 <> Condição:
- Jinn Scarlata <> PV: 23 PM: 3 Defesa: 16 <> Condição:
- "Jojo" <> PV: 23 PM: 6 Defesa: 19 <> Condição:
- Krak <> PV: 15 PM: 11 Defesa: 12 <> Condição:
Próxima Atualização: 21/09 segunda-feira
Maelstrom- MESTRE
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Re: A Fenda Estrelada
A sensação era de predadores a espreita, e ao procurar a fonte, dois homens com braços grandes mal disfarçam sua intenção. Serpentes preparando o bote, seriam eles, dois e ainda assim pegar desprevenida. Desistiram, por hora, mas era um alerta para não ficar sozinha, manter aliados próximos, fazer algo diferente seria suicida, e o importante era viver, para cumprir seu destino.
Na Mar Estrelado, reconheceu o simbolo de Khalmyr, Justiça, e pensou se falaria algo, os dois homens, não fizeram nada, aquilo poderia começar uma confusão, nao era o que queria.
Foi falar com o proprietário, que deu um quarto e um aviso, Amanhã.
Podia dormir cedo e acordar com Azgher, ou conversar um pouco com a Serva da Justiça.
Escolheu Azgher.
No quarto, ainda assim os homens a preocupavam, estava sozinha e isso dava medo.
Sentia frio quando com medo, precisava de calor, do conforto.
Acendeu todas as lâmpadas que encontrou no quarto com um estalo, um truque de chamas, estava bem iluminado, fechou a Janela e deixou sua mochila abaixo, um invasor talvez tenha um tropeço, moveu a mesinha contra a porta, faria barulho se a porta abrisse.
Conjurou mais, limpou sua máscara e traje de viajante usando um abano de magia nos objetos, um truque de transformar objetos.
Procurou cobertores, lençois, o que quer que pudesse por sobre si mesma, e os limpou com magia também, depois se deitou com tudo, e ficou confortavelmente aquecida.
Contemplava o quadro do elfo do mar quando finalmente dormiu.
Despertou sabendo que Azgher estava presente, o calor de sua presença era inconfundível. Checou a máscara, no lugar, levantou-se, pegou a mochila e abriu a janela.
Fez uma oração simples, e desceu.
Trigo Passadeiro estava lá, felizmente nada tinha ocorrido
Trigo no entanto apenas ohou discretamente por sobre o adorno de vidro usado no rosto e disse.
Haveria outros, ... Bom, o tal Gabrian declarou que foi chamado e quais seriam os demais.
Krak ficou em silêncio, e aguardou, porem estava com muita vontade de limpar o local com magia.
Então os outros foram chegando, um a um, e com todos reunidos Krak repetiu a pergunta.
Trigo já havia ouvido uma vez, mas os outros ainda não, por isso o fez.
Bom, na estrada poderiam conversar, tentaria se dar bem com todos.
Na Mar Estrelado, reconheceu o simbolo de Khalmyr, Justiça, e pensou se falaria algo, os dois homens, não fizeram nada, aquilo poderia começar uma confusão, nao era o que queria.
Foi falar com o proprietário, que deu um quarto e um aviso, Amanhã.
Podia dormir cedo e acordar com Azgher, ou conversar um pouco com a Serva da Justiça.
Escolheu Azgher.
No quarto, ainda assim os homens a preocupavam, estava sozinha e isso dava medo.
Sentia frio quando com medo, precisava de calor, do conforto.
Acendeu todas as lâmpadas que encontrou no quarto com um estalo, um truque de chamas, estava bem iluminado, fechou a Janela e deixou sua mochila abaixo, um invasor talvez tenha um tropeço, moveu a mesinha contra a porta, faria barulho se a porta abrisse.
Conjurou mais, limpou sua máscara e traje de viajante usando um abano de magia nos objetos, um truque de transformar objetos.
Procurou cobertores, lençois, o que quer que pudesse por sobre si mesma, e os limpou com magia também, depois se deitou com tudo, e ficou confortavelmente aquecida.
Contemplava o quadro do elfo do mar quando finalmente dormiu.
Despertou sabendo que Azgher estava presente, o calor de sua presença era inconfundível. Checou a máscara, no lugar, levantou-se, pegou a mochila e abriu a janela.
Fez uma oração simples, e desceu.
Trigo Passadeiro estava lá, felizmente nada tinha ocorrido
Recebi o pergaminho, e após os oráculos interpretarem o significado, aqui estou pronta. Quando começamos?
Trigo no entanto apenas ohou discretamente por sobre o adorno de vidro usado no rosto e disse.
Tenha paciência, espere pelos demais
Haveria outros, ... Bom, o tal Gabrian declarou que foi chamado e quais seriam os demais.
Krak ficou em silêncio, e aguardou, porem estava com muita vontade de limpar o local com magia.
Então os outros foram chegando, um a um, e com todos reunidos Krak repetiu a pergunta.
Recebi o pergaminho, e após os oráculos interpretarem o significado, aqui estou pronta. Quando começamos?
Trigo já havia ouvido uma vez, mas os outros ainda não, por isso o fez.
Oráculos, não é? Começamos imediatamente. Vou recolher minha carroça, pagar ao estalajadeiro, ao dono da estrebaria, explicar a vocês o plano com mais detalhes e já podemos por o pé na estrada.
Bom, na estrada poderiam conversar, tentaria se dar bem com todos.
Astirax- Nível 2
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Re: A Fenda Estrelada
O paladino encarou aquela figura inusitada entrando na taverna correndo, com chamas no lugar dos cabelos, corpo metálico e faixas vermelhas nos braços. Um golem, pelo que sabia, havia visto alguns enquanto passava por Wynlla. Claro, não havia tido contanto com nenhum e aquele, era diferente do que vira e imaginava que um construto daqueles deveria ser. Bem, ele não deveria julgar, nunca. Estendeu a mão, depois o outro se apresentou e terminou sua mesura.
Claro que não estavam no melhor dos lugares, perto das latrinas. De qualquer forma, o paladino agradeceu pela refeição, aproveitando a companhia de Jinn. Ele era quentinho.
Não fez muito mais durante a noite e acabou indo para seu quarto, que dividiria com Jinn.
***
Na manhã seguinte desceu e encontrou Trigo em uma mesa, já acompanhado pela figura de amarelo da noite anterior, que o paladino havia visto apenas de relance.
Logo se sentou com os outros dois, o hynne iria esperar os demais e o rapaz achava aquilo bastante razoável. Após a presença de todos, perguntou:
Jojo arregalou os olhos.
— Muito prazer, pode me chamar de Jojo, Paladino de Valkaria.
Claro que não estavam no melhor dos lugares, perto das latrinas. De qualquer forma, o paladino agradeceu pela refeição, aproveitando a companhia de Jinn. Ele era quentinho.
— Então... Veio pelo Trigo também? — perguntou despretensioso, quando olhou a redor e viu a mulher sorrindo para ele. O paladino sorriu de volta, depois voltou-se para frente — Acho que aquela moça sorriu para mim.
Não fez muito mais durante a noite e acabou indo para seu quarto, que dividiria com Jinn.
***
Na manhã seguinte desceu e encontrou Trigo em uma mesa, já acompanhado pela figura de amarelo da noite anterior, que o paladino havia visto apenas de relance.
— Bom dia, pessoal — disse com um aceno e um sorriso — Sou Jojo, paladino de Valkaria.
Logo se sentou com os outros dois, o hynne iria esperar os demais e o rapaz achava aquilo bastante razoável. Após a presença de todos, perguntou:
— E que rota pegaremos, senhor Trigo?
Pegaremos um navio com o senhor Bill Bones, navegaremos pelo Mar do Dragão e faremos duas paradas. Uma em Aslothia e outra no meridiano de Samburdia. Depois chegaremos ao destino. Ao norte de Samburdia.
Jojo arregalou os olhos.
— Aslothia?! — o paladino então colocou um dedo no queixo — Bom, se o senhor está ciente do esteja acontecendo por lá, renderá uma boa aventura eu imagino.
Re: A Fenda Estrelada
A algum tempo em Smokestone
https://www.youtube.com/watch?v=GSMzUNcZtdY
O sol se punha no horizonte espalhando seus raios por toda a abóbada celeste, tingindo-a em tons amarelos e laranjas salpicados pelo azul e púrpura. Nesse misto de cores havia o branco acinzentado de nuvens e o brilho das primeiras estrelas.
Abaixo apenas a imensidão da caatinga e as minas de pedra-fumaça que rodeava a cidade.
Fazia muito tempo que não tinha o sentimento de perder o fôlego, ou o coração bater mais forte, nem mesmo aquela visão que em outrora a fizera sonhar lhe trazia . Dentro do seu crânio, havia apenas as memórias daqueles dias, memórias estas que gostaria de estar esquecendo.
Uma vida sofrida, e agora um pós-vida ainda mais sofrido. Olhou para as pessoas lá embaixo, andando na rua, já fora uma delas em um passado não tão distante assim. Viu os trabalhadores sendo trazidos em uma carroça para a cidade. Ao menos dois deles tossiam muito, deixando marcas rubro negras de sangue e pedra-fumaça na palma das mãos.
Havia cansado de ver homens que haviam morrido com os pulmões cheios de resíduos das minas e ainda mais homens que haviam sido mortos pela a pólvora que era feita a partir desse minério.
Encostou um cotovelo na janela e apoiou a cabeça na palma da mão que possuía dedos muito longos recobertos por uma luva negra. Apoiou então um cigarro entre os dentes e o mordeu. Notou que não conseguia sorve-lo e irritada o jogou no chão pisando com o salto.
Ouviu mais uma vez o lamentar do homem amordaçado e amarrado no canto da sala. O encarou e viu seus olhos marejados de lágrimas e a muito tempo não sabia o que eram lágrimas saindo de seus olhos.
Recoberta pelas as sombras apenas os globos flamejantes podiam ser vistos em suas órbitas encarando o homem despreocupadamente. Sacou uma de suas facas e passou ela ao lado de seu rosto deixando uma fina camada de sangue percorrer a lâmina.
Os olhos do homem marejaram ainda mais e gordas lágrimas rolavam por seu rosto, os soluços eram abafados pela a mordaça. Ela então olhou para baixo e viu as calças dele se molhando.
Deixou o sofrimento dele se extender. Andava pelo o quarto, manipulava objetos, observava a rua… esperava ele se acalmar, já estava irritada com aquilo. Não deveria ter matado o companheiro dele, aquele ao menos era menos cagão.
Ouviu outro lamento. Bufou e uma névoa negra pareceu sair.
Sacou sua adaga novamente e tirou a mordaça.
O homem não tirava os olhos de seus.
Uma mão foi levada na boca antes da lamina da adaga adentrar a coxa do homem. Ele tentava gritar e mordia a mão dela, mas a dor nunca vinha.
Torceu a faca na coxa do homem e continuou.
Tirou a faca da boca e a mão da boca, deixou o homem recuperar o folego.
Se tivesse olhos, eles estariam agora revirando em seus globos. Olhou uma última vez para o homem, ele pareceu sem palavras, havia reconhecido algo ali que não havia visto antes e finalmente disse.
Ela havia finalmente conseguido a informação da qual precisava. Limpou a adaga nas roupas dele e a guardou, foi em um canto da sala e pegou suas coisas. Finalmente começou a andar tranquilamente para fora do quarto, o homem gritava pedindo para que fosse liberto já que havia dado a informação.
Começou a descer o sobrado sem se importar com os gritos e saiu de lá, enquanto descia levou a máscara de porcelana no formato do rosto feminino e a prendeu atrás de seu crânio.
Olhou para Leste, seu caminho era naquela direção e começou a andar. Quando finalmente estava chegando no final do quarteirão o barulho da explosão tomou conta da rua.
O sobrado queimava.
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https://www.youtube.com/watch?v=D74-4dN5Iag
Haviam sido semanas de viagem, indo de vilarejo em vilarejo. Em Smokestone ninguém perguntava sobre quem era ou o que fazia, mas fora de lá era vista como estranha.
As pessoas desconfiadas de Tollon logo estranharam a mulher que não dormia ou comia e teve problemas. Aquela viagem logo se mostrava mais complicada do que podia imaginar.
A morte havia sido dolorosa e sofrida. Porém, havia lhe trago algo que não tinha em vida: um corpo incansável. Não precisava parar para comer, não precisava parar para dormir. Por isso cobria uma distância que ninguém mais seria capaz de percorrer.
Quando finalmente havia alcançado Bielefeld viu um comboio nobre sendo atacado por bandoleiros. Ali teve a oportunidade de dar uma surra em bandoleiros, que eram como ela havia um dia sido. O nobre Otto, que havia sido atacado, logo mesmo estranhando seus costumes a reconheceu como uma salvadora.
Não mais que uma semana, quando começava a planejar sua saída do reino de Bielefeld um viajante esbaforido lhe encontrou em uma encruzilhada. Lhe trazia uma carta em papel timbrado. Um estranho parecia lhe conhecer, e lhe fazia uma proposta de trabalho.
Precisava ser levado justamente para onde já seguia.
Teria suspirado. Se conseguisse.
Abriu seu saco de viagem e lá no fundo encarou Santa Madre e Guadalupe, estavam destruidas. Não encontrava um artífice capaz de concerta-las ou tinha dinheiro para isso.
Viu ali a oportunidade de “ganar uno poco de plata” talvez o suficiente para trazer a elas o brilho que um dia tiveram.
Seguiu então para Porto del Rei, lá iria encontrar o tal Trigo Passageiro e com ele o ouro que precisava.
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https://www.youtube.com/watch?v=w2QxN-4G7NY
Desde que havia começado sua trilha de vingança não havia passado por nenhum lugar tão movimentado quanto aquele.
Haviam pessoas demais, musica demais, tudo demais. Se sentiu estranhamente desconfortável ali. Porém havia um trabalho para ser feito, e não iria deixa-lo passar. Ao menos se sentia abraçada pelo o manto da noite, se sentia mais próxima daquela que havia lhe dado uma nova chance e a possibilidade de se vingar daquele que havia lhe trago tamanha desgraça.
Notou então que haviam tipos estranhos para aquele lugar, assim como ela. Um deles havia falado algo com eles. Reconheceu o símbolo que lembrava ao dos Xerifes em um deles e resolveu evitar contato.
Carmén, apenas ficou em silêncio e seguiu por entre as pessoas. Perambulou pela a cidade até encontrar a taberna onde havia sido convocada. Olhou pela janela e não viu ninguém que parecia com o que havia sido descrito na carta. Resolveu então continuar a perambular um pouco pela a cidade, evitando contato com qualquer outra pessoa.
Acho que talvez seria melhor esperar a manhã. Por isso foi até o porto, onde parecia estar mais silencioso aquela hora e lá ficou fitando as estrelas.
https://www.youtube.com/watch?v=aoN9axWAoPU
Ali se perdeu em pensamentos.
Seu corpo agora se movia motivado por apenas um sentimento: vingança. E essa obteria.
Quando finalmente o sol começou a surgir no horizonte, desceu do telhado da casa em que se encontrava e começou a seguir até a taberna que haviam combinado se encontrar. Ao adentrar viu que os outros tipos já estavam lá, os mesmos que havia visto na noite anterior incluindo o estranho xerife e só conversavam quando todos estivessem reunidos, ouvia as perguntas dos outros. Irritada foi direto ao ponto.
O pequenino homem de queixo quadrado lhe respondeu.
A máscara de porcelana mantinha a mesma expressão, mas ela abaixou levemente a cabeça, criando um pouco de sombra por cima do rosto branco.
O homem parecia firme em sua posição.
Teria estalado a língua se ainda tivesse língua.
O hynne franziu a testa.
A mulher cruzou os braços e não disse mais nada.
https://www.youtube.com/watch?v=GSMzUNcZtdY
O sol se punha no horizonte espalhando seus raios por toda a abóbada celeste, tingindo-a em tons amarelos e laranjas salpicados pelo azul e púrpura. Nesse misto de cores havia o branco acinzentado de nuvens e o brilho das primeiras estrelas.
Abaixo apenas a imensidão da caatinga e as minas de pedra-fumaça que rodeava a cidade.
Fazia muito tempo que não tinha o sentimento de perder o fôlego, ou o coração bater mais forte, nem mesmo aquela visão que em outrora a fizera sonhar lhe trazia . Dentro do seu crânio, havia apenas as memórias daqueles dias, memórias estas que gostaria de estar esquecendo.
Uma vida sofrida, e agora um pós-vida ainda mais sofrido. Olhou para as pessoas lá embaixo, andando na rua, já fora uma delas em um passado não tão distante assim. Viu os trabalhadores sendo trazidos em uma carroça para a cidade. Ao menos dois deles tossiam muito, deixando marcas rubro negras de sangue e pedra-fumaça na palma das mãos.
Havia cansado de ver homens que haviam morrido com os pulmões cheios de resíduos das minas e ainda mais homens que haviam sido mortos pela a pólvora que era feita a partir desse minério.
Encostou um cotovelo na janela e apoiou a cabeça na palma da mão que possuía dedos muito longos recobertos por uma luva negra. Apoiou então um cigarro entre os dentes e o mordeu. Notou que não conseguia sorve-lo e irritada o jogou no chão pisando com o salto.
Ouviu mais uma vez o lamentar do homem amordaçado e amarrado no canto da sala. O encarou e viu seus olhos marejados de lágrimas e a muito tempo não sabia o que eram lágrimas saindo de seus olhos.
Recoberta pelas as sombras apenas os globos flamejantes podiam ser vistos em suas órbitas encarando o homem despreocupadamente. Sacou uma de suas facas e passou ela ao lado de seu rosto deixando uma fina camada de sangue percorrer a lâmina.
No te preocupes, yo tengo todo el tiempo del mundo.
Os olhos do homem marejaram ainda mais e gordas lágrimas rolavam por seu rosto, os soluços eram abafados pela a mordaça. Ela então olhou para baixo e viu as calças dele se molhando.
Deixou o sofrimento dele se extender. Andava pelo o quarto, manipulava objetos, observava a rua… esperava ele se acalmar, já estava irritada com aquilo. Não deveria ter matado o companheiro dele, aquele ao menos era menos cagão.
Ouviu outro lamento. Bufou e uma névoa negra pareceu sair.
Sacou sua adaga novamente e tirou a mordaça.
Tu vais abrir el bico, ahora. Estoy cansada de teu choro. Seja hombre!
O homem não tirava os olhos de seus.
Por favor, não me mate, eu tenho fam...
Uma mão foi levada na boca antes da lamina da adaga adentrar a coxa do homem. Ele tentava gritar e mordia a mão dela, mas a dor nunca vinha.
Tu achas que por que és uno miliciano yo tengo medo de usted or algo? Yo sei donde estas sua familia. . .
Torceu a faca na coxa do homem e continuou.
Yo voy matar a tu papa, a tu mama, tu niños e toda su familia. Ahora falame donde ele fue! Yo sei que ele no estas muerto.
Tirou a faca da boca e a mão da boca, deixou o homem recuperar o folego.
Ele, ele… ele vai me matar, piedade por favor.
Se tivesse olhos, eles estariam agora revirando em seus globos. Olhou uma última vez para o homem, ele pareceu sem palavras, havia reconhecido algo ali que não havia visto antes e finalmente disse.
SAMBURDIA! ELE FOI PARA SAMBURDIA! POR FAVOR NÃO ME MATE.
Ela havia finalmente conseguido a informação da qual precisava. Limpou a adaga nas roupas dele e a guardou, foi em um canto da sala e pegou suas coisas. Finalmente começou a andar tranquilamente para fora do quarto, o homem gritava pedindo para que fosse liberto já que havia dado a informação.
Começou a descer o sobrado sem se importar com os gritos e saiu de lá, enquanto descia levou a máscara de porcelana no formato do rosto feminino e a prendeu atrás de seu crânio.
Olhou para Leste, seu caminho era naquela direção e começou a andar. Quando finalmente estava chegando no final do quarteirão o barulho da explosão tomou conta da rua.
O sobrado queimava.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
https://www.youtube.com/watch?v=D74-4dN5Iag
Haviam sido semanas de viagem, indo de vilarejo em vilarejo. Em Smokestone ninguém perguntava sobre quem era ou o que fazia, mas fora de lá era vista como estranha.
As pessoas desconfiadas de Tollon logo estranharam a mulher que não dormia ou comia e teve problemas. Aquela viagem logo se mostrava mais complicada do que podia imaginar.
A morte havia sido dolorosa e sofrida. Porém, havia lhe trago algo que não tinha em vida: um corpo incansável. Não precisava parar para comer, não precisava parar para dormir. Por isso cobria uma distância que ninguém mais seria capaz de percorrer.
Quando finalmente havia alcançado Bielefeld viu um comboio nobre sendo atacado por bandoleiros. Ali teve a oportunidade de dar uma surra em bandoleiros, que eram como ela havia um dia sido. O nobre Otto, que havia sido atacado, logo mesmo estranhando seus costumes a reconheceu como uma salvadora.
Não mais que uma semana, quando começava a planejar sua saída do reino de Bielefeld um viajante esbaforido lhe encontrou em uma encruzilhada. Lhe trazia uma carta em papel timbrado. Um estranho parecia lhe conhecer, e lhe fazia uma proposta de trabalho.
Precisava ser levado justamente para onde já seguia.
Teria suspirado. Se conseguisse.
Abriu seu saco de viagem e lá no fundo encarou Santa Madre e Guadalupe, estavam destruidas. Não encontrava um artífice capaz de concerta-las ou tinha dinheiro para isso.
Viu ali a oportunidade de “ganar uno poco de plata” talvez o suficiente para trazer a elas o brilho que um dia tiveram.
Seguiu então para Porto del Rei, lá iria encontrar o tal Trigo Passageiro e com ele o ouro que precisava.
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https://www.youtube.com/watch?v=w2QxN-4G7NY
Desde que havia começado sua trilha de vingança não havia passado por nenhum lugar tão movimentado quanto aquele.
Haviam pessoas demais, musica demais, tudo demais. Se sentiu estranhamente desconfortável ali. Porém havia um trabalho para ser feito, e não iria deixa-lo passar. Ao menos se sentia abraçada pelo o manto da noite, se sentia mais próxima daquela que havia lhe dado uma nova chance e a possibilidade de se vingar daquele que havia lhe trago tamanha desgraça.
Notou então que haviam tipos estranhos para aquele lugar, assim como ela. Um deles havia falado algo com eles. Reconheceu o símbolo que lembrava ao dos Xerifes em um deles e resolveu evitar contato.
Carmén, apenas ficou em silêncio e seguiu por entre as pessoas. Perambulou pela a cidade até encontrar a taberna onde havia sido convocada. Olhou pela janela e não viu ninguém que parecia com o que havia sido descrito na carta. Resolveu então continuar a perambular um pouco pela a cidade, evitando contato com qualquer outra pessoa.
Acho que talvez seria melhor esperar a manhã. Por isso foi até o porto, onde parecia estar mais silencioso aquela hora e lá ficou fitando as estrelas.
https://www.youtube.com/watch?v=aoN9axWAoPU
Ali se perdeu em pensamentos.
Seu corpo agora se movia motivado por apenas um sentimento: vingança. E essa obteria.
Quando finalmente o sol começou a surgir no horizonte, desceu do telhado da casa em que se encontrava e começou a seguir até a taberna que haviam combinado se encontrar. Ao adentrar viu que os outros tipos já estavam lá, os mesmos que havia visto na noite anterior incluindo o estranho xerife e só conversavam quando todos estivessem reunidos, ouvia as perguntas dos outros. Irritada foi direto ao ponto.
Para mi interessa la plata. Diga me, senior, quanto iremos ganar com este serviço?
O pequenino homem de queixo quadrado lhe respondeu.
Será um contrato de 500 tibares para o grupo. O pagamento será feito no Castelo de Adhurian. Despesas no trajeto ficam a seus custos.
A máscara de porcelana mantinha a mesma expressão, mas ela abaixou levemente a cabeça, criando um pouco de sombra por cima do rosto branco.
No es poco para uno ombre que procura exclusividad in su contratacion?
O homem parecia firme em sua posição.
Sinceramente? Não creio, senhora. O pagamento está perfeitamente justo, conforme é o costume das companhias mercenárias pelo serviço prestado.
Teria estalado a língua se ainda tivesse língua.
Pero usted, nos llama nominamente e pede la esclusividad de nuestros serviços. Esto gera una taxa extra pelo o frete para transportalo, entendie?
O hynne franziu a testa.
Senhora Carmen Lúcia, faremos paradas em Vila Nessie e em Porto Verde. Ambos lugares com oportunidades para indivíduos como vocês. Está no pacote de vantagens que terão. Além do mais, o valor de 500 tibares é o valor que cabe em meus empreendimentos.
A mulher cruzou os braços e não disse mais nada.
roenmidnight- ADMINISTRADOR
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Re: A Fenda Estrelada
Um companheiro. Muitos companheiros.
*Jinn apertou a mão do paladino, com certa animação e o aguardou enquanto comia. Sentiu saudade de sentir o aroma da comida e o seu sabor, mas já estava acostumado a só visitar suas lembranças**
Jinn
- Eu vim sim! Ele me chamou! Acho que foi coisa do sensei... Mas vou dar o meu melhor. E... Aquela moça ali?
*Sem muita discrição, Jinn se virou para a moça citada por Jojo e depois soltou uma risadinha para ele. Sua voz, por trás da máscara de aço, saia sempre metálica, mas claramente infantil. Depois que o paladino comeu o acompanhou para um repouso. Desativou seu corpo, apagando suas chamas e deixou que um sono cheio de sonhos o visitasse*
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Jinn
- B-bom dia!!
*No dia seguinte, na hora do encontro chegou a mesa junto com Jojo, onde um mascarado do deserto (??) já esperava. O paladino se sentou cumprimentando educado e junto da outra moça (que também ocultava o rosto) faziam perguntas para Trigo. O Hynne parecia sério e focado enquanto respondia *
Jinn
- Com licença Sr. Trigo... Mas você nos chamou e disse que precisava de mim para lutar... O senhor está em perigo ou tem algo que quer muito proteger?
Uma viagem é sempre perigosa, ainda mais nos dias de hoje. Vocês protegerão minha vida e minhas mercadorias. O que no caso, é essencialmente a mesma coisa.
Jinn
- E o que o senhor vende? Minha mãe é mercadora também!
Vendo charutos, meu caro. Vendo tecidos também. Se não me engano, já comprei tecido do deserto através da empresa da sua mãe.
*Jinn ficou exaltado de repente, se aproximando do Hynne por cima da mesa**
Jinn
- Você já?? Sabe onde minha mãe pode estar? Eu estou procurando ela!!!
Não sei. Faz tempo que não sei nada por aquelas bandas...
Jinn
- Ah...
*E depois do banho de agua fria, sentou novamente em sua cadeira, com os ombros caidos e cabeça pendendo*
DiceScarlata- MESTRE
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Re: A Fenda Estrelada
Afetos...
Gabrian estava suado, nu, sobre um espelho com as bordas metálicas enferrujadas pela maresia. Tudo cheirava a maresia. Com uma cara sisuda, encarava os arranhões nos ombros, no peito e, ao se virar, viu os das costas. A elfa Margareth acendia uma piteira, observava o movimento da varanda.
Um tempo depois, Gabrian já sentia fadiga muscular. Sentado na cama, via Margareth mexer em alguns pergaminhos tirados da gaveta de um criado mudo antigo. Todos os móveis dela pareciam antigos.
O sol nasceu preguiçoso no horizonte, mas o calor já era uma constante desde a noite. Em poucas horas estaria um verdadeiro inferno. Gabrian jazia deitado no chão, Margareth guardava a ânfora vazia no armário.
***
... e Desafetos
O prostíbulo tinha as portas fechadas. Porém, alguns clientes estavam também acordando e saindo pelos fundos. Havia algumas mulheres e homens que trabalhavam no local andando pra lá e pra cá, fazendo faxina e acordando os bêbados que dormiram nas mesas. Um minotauro com aspecto de ressaca estava ali despejando várias moedas de prata no balcão. Uma mulher rechonchuda com pintura fresca e cabelos brancos tratava com ele. Gabrian a tomou pela dona do lugar pelo seu ar de imponência.
***
Conhecendo a todos
A Mar Estrelado era um prédio curioso, bem mais cuidado que os outros lugares, pintado e tudo o mais. Não foi difícil entender o porquê. Ao entrar, deu de cara com uma mulher grande saindo, vestindo armadura de metal, uma capa dos cavaleiros da luz. Gabrian a cumprimentou meneando a cabeça e não foi respondido.
Gabrian encontrou os outros aventureiros sentados com um hynne, então aceitou que era Trigo Passadeiro. Ele se juntou aos demais puxando a cadeira ao contrário, abraçando o encosto. A perna esquerda balançava agitada, pois havia tomado dois copos de café. Estava desperto. Os outros perguntavam coisas e Trigo respondia pacientemente.
Balançou a cabeça, como quem concorda com o que ouvia. A mascarada e encapuzada com voz de mulher perguntou quando começavam e Gabrian gostou da resposta. Queria viajar o quanto antes, sentir o solo sob as botas... mas ergueu uma sobrancelha quando soube, através da pergunta de Jojo, que viajariam pelo mar. A parada em Aslothia não chamou tanto sua atenção, como sempre, focado no menos importante. Gabrian fez uma careta, pois queria seguir o caminho pelo chão.
Então, uma outra pessoa mascarada e soterrada em mantos negros começou a indagar sobre o valor do pagamento. E insistiu nisso, pela reação do hynne. Gabrian lembrou imediatamente de sir Giorgian e seu jeito de falar diferente de Algarve. Ela falava parecido, mas com muito mais palavras diferentes e outro tipo de sotaque. Seriam conterrâneos?
O golem perguntou o que o homem vendia e começou a falar de sua mãe. Como um golem poderia ter mãe? Gabrian não entendia como eles funcionavam, se eram realmente pessoas ou objetos, mas aquele imitava um garoto novo. Qual o sentido daquilo? Muitas dúvidas pairavam a cabeça de Gabrian.
Então, Gabrian se manifestou, alheio a seus colegas, pois teria tempo com eles. Voltou-se a Trigo.
Gabrian estava suado, nu, sobre um espelho com as bordas metálicas enferrujadas pela maresia. Tudo cheirava a maresia. Com uma cara sisuda, encarava os arranhões nos ombros, no peito e, ao se virar, viu os das costas. A elfa Margareth acendia uma piteira, observava o movimento da varanda.
A mulher se surpreendeu com a pergunta, olhando-o de lado. Gabrian lembrava da pessoa mascarada sob um manto encapuzado dourado. Havia se apresentado como Queiraque, e sua voz revelava feminilidade. Era uma aventureira a procura de Trigo e não sentia calor naquela região úmida. A dúvida se ela poderia lidar contra dois caras daquele pairou sobre a mente de Gabrian.Gabrian
Os dois grandões são os leões de chácara daqui?
Gabrian fez uma careta. O foco direcionado. Afinal, não conhecia a mulher mascarada e provavelmente ela saberia se cuidar.Margareth
Tobias e Mathias. Trabalham conosco há poucos meses. Por que? Ficou interessado?
Respondeu com um sorriso e uma piscadela. Margareth virou-se de costas para a rua, apoiando os cotovelos na amurada da varanda. Observava Gabrian começar a por suas ceroulas.Gabrian
Hoje sou todo seu.
O guerreiro deu uma risada e ela o chamou com um dedo. Ambos voltaram para a cama.Margareth
Se diz meu, mas já está partindo? Ainda nem comecei.
Um tempo depois, Gabrian já sentia fadiga muscular. Sentado na cama, via Margareth mexer em alguns pergaminhos tirados da gaveta de um criado mudo antigo. Todos os móveis dela pareciam antigos.
Comentou despretensioso enquanto alongava os braços.Gabrian
Esse criado mudo lembra um pouco o do meu mestre. Digo, ex-mestre.
Ela devolveu uma risada de deboche. Gabrian não sacou que estava sendo zoado. Como de costume, prestou atenção em outra coisa.Margareth
Oh, nossa, ele teve um mestre. Aprendeu a manejar aquela espada tamuraniana com ele? E quem te ensinou a manejar essa outra?
Margareth ergueu uma sobrancelha dando de ombros. Estava deitada de lado, os lençóis jogados ao chão em sua cama com manchas de suor em todo lugar. Tentava ler um dos pergaminhos, mas Gabrian a distraía com conversa.Gabrian
Como sabe que é uma espada tamuraniana?
Sentado, Gabrian esticou as duas pernas para alongá-las.Margareth
Tente adivinhar.
Margareth suspirou revirando os olhos. Mas mantinha um sorriso debochado. Juntou os pergaminhos e os guardou de novo no criado mudo.Gabrian
Sou péssimo nisso. Hã... deixa eu ver... um aventureiro tamuraniano conheceu suas "técnicas élficas"?
Gabrian balançou a cabeça concordando. E então, se deitou novamente, de costas para o encosto da cama. Margareth se aninhou em seu peito.Margareth
Nem sempre fui cortesã não, viu? Sabia que tenho mais de 100 anos de vida? Já vi e fiz muita coisa.
Ele não havia se tocado, se referia à guerra contra os puristas que devastou Bielefeld e deu um tempo muito duro para Deheon. Não pensou que Margereth havia visto a pior tragédia de sua raça com a queda de Lenórienn. Gabrian sabia que havia muitos elfos em Valkaria, em um bairro particular, mas nunca passou por lá. Margareth tinha os olhos perdidos na varanda.Gabrian
Imagino. Eu também nem sempre fui guerreiro... já fui um simples filho de guardas, irmão mais velho brincalhão e já roubei pra comer. Conheço muitas estradas de Bielefeld. Conheço Norm de longe, conheço Roschfallen de mais perto do que gostaria... A guerra foi dura pra mim e minha irmã. Imagino que você tenha visto coisas ruins por mais tempo.
Gabrian
Durante meu aprendizado com meu mestre, lutei várias vezes em ringues clandestinos. Pra mim era um vício, sentir a adrenalina da luta e tal. Para meu mestre era um treinamento pra eu desenvolver suas técnicas de luta..
Margareth
Os humanos não cansam de brigar, não é? Parece que o deus da guerra é Valkaria e não Arsenal.
Suas mãos passeavam pelos cabelos de Margareth. Sabia que ela inventara um nome humano, queria que ela falasse o verdadeiro, mas nunca perguntaria diretamente. Ela desconversou.Gabrian
Ei, não só humanos gostam de brigar. Eu lutei com minotauros, anões... e um elfo uma vez. Era rápido, tinha ginga... aprendi muito nessa luta e incorporei no meu estilo. Não lembro do nome dele, porque elfos têm nomes estranhos. Menos você, claro.
Gabrian franziu a testa, sentindo-se ofendido, mas comentou em tom de brincadeira.Margareth
Os elfos são bons artistas. Artistas da guerra, da magia, da natureza, qualquer coisa. Mas a guerra é algo ruim, lutamos porque não temos escolha, né. Mas você é um garoto ainda, não entende dessas coisas de adultos.
Lhe deu um peteleco na orelha. Ela não gostou muito.Gabrian
Ei, eu sou um adulto.
Margareth
Para os padrões humanos. Vocês não amadurecem quase nunca. Os que conseguem ter vidas um pouco mais longas viveram com tranquilidade, não experimentaram o mundo... os que se arriscam, morrem cedo demais.
Gabrian logo se arrependeu de sua fala. Todo elfo tem uma história trágica e havia esquecido disso, como um burro desatento. Margareth não pareceu se importar, entretanto, sua face neutra escondendo o que pensava.Gabrian
Ah, é? E o que você vivenciou tanto assim? Não me parece que leva uma vida de grandes emoções em Porto do Rei.
Gabrian balançou a cabeça de novo, em concordância. Seus pensamentos se dividiam: pediria desculpas pelo que disse ou perguntaria sobre Betânia?Margareth
Eu queria ser uma aventureira. Ter o talento, como dizem. Todo elfo nasceu pra desbravar o mundo. Eu fui uma refugiada por um bom tempo na Vila Élfica. Todos me tratavam bem, pois eu era uma órfã. Até que a Tormenta veio, os minotauros vieram, Arsenal, os puristas depois... e eu me tornei um peso para os meus semelhantes, mas eu era uma tola ingênua. Foi madame Betânia quem me acolheu e me ensinou a ser útil.
Acabou optando por uma terceira via, algo mais idiota. Gabrian franziu a testa frustrado consigo mesmo. Acabou apoiando-se nos mitos e lendas dos elfos arcanos. Afinal, Felannes Lunnar era um elfo arcano da guilda e comprovava as histórias. Ele era um homem recluso e estudioso, mas que sabia ser engraçado quando queria, do jeito estranho dele.Gabrian
Você não faz magia...?
Piscou o olho.Margareth
Só faço mágica na cama.
Gabrian pensou em falar que estava indo para Sambúrdia. Pensou em convidá-la para sua jornada. Mas demoveu-se da ideia, pensando que poderia ser perigoso e que Trigo Passadeiro não ia aceitar levá-la. Seria um inconveniente para o cliente. Então, pensou em outras soluções. Ele sempre queria dar soluções para inspirar as pessoas.Margareth
Mas não ficarei aqui para sempre, se é o que quer saber. Um dia vou para Sambúrdia... ouvi dizer que há um santuário élfico por lá. Um lugar tranquilo, harmonioso e não o arremedo mal feito de Lenórienn como é a Vila Élfica.
Ela o afastou. Levantando-se da cama, com lentidão, pondo seu roupão de seda. Era uma roupa também antiga, um dia fora bem requintada. Margareth não estava irritada, só sem paciência e com vontade de contar sua vida.Gabrian
Muitos aventureiros aparecem no porto. Ou quem sabe um cavaleiro da luz não a resgate daqui?
Gabrian sentiu que ali havia uma história e ela queria contar. Então, seguiu o esperado e perguntou.Margareth
Não preciso ser salva... muito menos por um cavaleiro da luz, Gabrian Barrington.
Falava com zombaria sarcástica. Gabrian cresceu em Bielefeld e ele mesmo os já os viu assim quando criança, mas a lembrança de seus pais pendurados da forca o impedia de ter algum respeito pela Ordem da Luz.Gabrian
O que houve? Achei que o povo de Bielefeld gostasse de cavaleiros da luz, os visse como heróis.
Gabrian balançou a cabeça de novo, concordando.Margareth
O povo acredita no que quer. Acredito que alguns possam até ser heróis, mas se quer minha opinião, a maioria só se torna cavaleiro para portar uma espada e se sentir autoridade. Falar aquelas baboseiras de "espada é minha vida, minha vida é minha espada". No fundo, são hipócritas, mentirosos... quando eu vim para Bielefeld, não foi direto para Porto do Rei. Eu saí de Valkaria para viver em um castelo, como os das canções humanas. Meu cavaleiro tinha cabelos sedosos, olhar bondoso, sorriso gentil... me tratava bem, me deu vários presentes. Mas suas promessas eram vazias. Eu seria uma amante de luxo dele. Enquanto sua verdadeira família vivia no castelo, eu ficaria em uma casa do vilarejo. Foi ali, desiludida, que conheci madame Bethânia.
A elfa pegou uma ânfora de vinho, duas canecas. Gabrian não gostava muito de vinho, mas bebeu.Gabrian
Foi ela quem te deu o nome de Margareth?
E riu. Mas Gabrian achou aquilo triste.Margareth
Eu mesma escolhi. É o nome da esposa do dito cujo.
O sol nasceu preguiçoso no horizonte, mas o calor já era uma constante desde a noite. Em poucas horas estaria um verdadeiro inferno. Gabrian jazia deitado no chão, Margareth guardava a ânfora vazia no armário.
E se deitou na cama. Dormiria em questão de instantes. Gabrian se levantou sentindo dor no corpo todo. Precisava de água. Cambaleou e achou um tonel, não se furtando em beber desesperadamente. O corpo malhado possuía algumas marcas de arranhões e dessa vez até no rosto. Eram marcas superficiais, uma lavada e tudo estaria nos conformes, mas ardia um pouco. Sentia um sono terrível, um cansaço que em outros tempos o faria dormir até o começo da noite. Mas agora ele estava trabalhando. Estava em missão pela Guilda Naval Vlamingen. Precisava ir para a Mar Estrelado, precisava estar apresentável ao contratante. Gabrian usou o tonel de água pra lavar seu corpo e começou a vestir suas roupas. Antes de sair, deu um beijo na testa de Margareth.Margareth
Adoro o vigor da juventude.
***
... e Desafetos
O prostíbulo tinha as portas fechadas. Porém, alguns clientes estavam também acordando e saindo pelos fundos. Havia algumas mulheres e homens que trabalhavam no local andando pra lá e pra cá, fazendo faxina e acordando os bêbados que dormiram nas mesas. Um minotauro com aspecto de ressaca estava ali despejando várias moedas de prata no balcão. Uma mulher rechonchuda com pintura fresca e cabelos brancos tratava com ele. Gabrian a tomou pela dona do lugar pelo seu ar de imponência.
A mulher falava sem olhar para Gabrian. Escrevia e contava as moedas do minotauro, que olhou de relance para ele.Madame Bethânia
Não é todo mundo que tem essa sorte com Margareth, senhor Barrington.
E deu um sorriso de lado, confiante. A mulher ergueu uma sobrancelha para olhá-lo. Rapidamente o espiou de cima abaixo.Gabrian
Não sou todo mundo mesmo, madame Bethânia.
Disse voltando à sua contabilidade, sem dar importância a um surpreso Gabrian. Mas o minotauro agora parecia interessado.Madame Bethânia
Hm. Entendo. Melhor ir se adiantando ao Mar Estrelado, os outros já estão lá e o senhor Passadeiro não parece ser do tipo que gosta de esperar.
Gabrian estufou o peito, deu um passo pra dentro do minotauro. Ele teve a mesma reação, ajeitando a coluna para inflar o peito musculoso por baixo de sua túnica azul simples. Era pelo menos duas cabeças maior que Gabrian, os dois encaravam-se olho no olho.Minotauro
Você é um dos tais escolhidos? Humphf... nanico mostrou arrogância e contratou um garoto qualquer para uma missão. Todos os dias pelo menos um guerreiro como você aparece no porto.
O minotauro fez uma careta, mas madame Bethânia interrompeu aquela discussão com uma voz desinteressada.Gabrian
Não sou um qualquer, minotauro. Eu sou um Vlamingen, versado no estilo Yamada-Ryuu e tenho a alma de dragão. Mas não tome minhas palavras como verdade, tente me provar.
Era o que Gabrian queria, mas não era o mais esperto a se fazer. Logo encontraria seu contratante e poderia se atrasar mais, de repente aparecer com um olho roxo e adeus primeira boa impressão.Madame Bethânia
Meu recinto não é lugar para brigas, senhor Marius, senhor Barrington. Vão se resolver lá fora.
E passou trombando no minotauro Marius.Gabrian
Não se preocupe, madame. Diferente desse aí, eu tenho mais o que fazer.
Gabrian não estava esperando por isso, mas gostou da ideia. Parou na porta dos fundos do prostíbulo.Marius
Então, está marcado. Estarei esperando, garoto Barrington.
Gabrian
Está marcado.
***
Conhecendo a todos
A Mar Estrelado era um prédio curioso, bem mais cuidado que os outros lugares, pintado e tudo o mais. Não foi difícil entender o porquê. Ao entrar, deu de cara com uma mulher grande saindo, vestindo armadura de metal, uma capa dos cavaleiros da luz. Gabrian a cumprimentou meneando a cabeça e não foi respondido.
Cavaleira da luz
...
Não foi ouvido.Gabrian
Esnobe...
Gabrian encontrou os outros aventureiros sentados com um hynne, então aceitou que era Trigo Passadeiro. Ele se juntou aos demais puxando a cadeira ao contrário, abraçando o encosto. A perna esquerda balançava agitada, pois havia tomado dois copos de café. Estava desperto. Os outros perguntavam coisas e Trigo respondia pacientemente.
Balançou a cabeça, como quem concorda com o que ouvia. A mascarada e encapuzada com voz de mulher perguntou quando começavam e Gabrian gostou da resposta. Queria viajar o quanto antes, sentir o solo sob as botas... mas ergueu uma sobrancelha quando soube, através da pergunta de Jojo, que viajariam pelo mar. A parada em Aslothia não chamou tanto sua atenção, como sempre, focado no menos importante. Gabrian fez uma careta, pois queria seguir o caminho pelo chão.
Então, uma outra pessoa mascarada e soterrada em mantos negros começou a indagar sobre o valor do pagamento. E insistiu nisso, pela reação do hynne. Gabrian lembrou imediatamente de sir Giorgian e seu jeito de falar diferente de Algarve. Ela falava parecido, mas com muito mais palavras diferentes e outro tipo de sotaque. Seriam conterrâneos?
O golem perguntou o que o homem vendia e começou a falar de sua mãe. Como um golem poderia ter mãe? Gabrian não entendia como eles funcionavam, se eram realmente pessoas ou objetos, mas aquele imitava um garoto novo. Qual o sentido daquilo? Muitas dúvidas pairavam a cabeça de Gabrian.
Então, Gabrian se manifestou, alheio a seus colegas, pois teria tempo com eles. Voltou-se a Trigo.
E sorriu para o hynne.Gabrian
Hey ho. E aí, seu Trigo. Me responde uma coisa que me deixou encucado durante todo meu caminho de Nova Malpetrim pra cá. Por que me chamou especificamente? Tipo, temos outros guerreiros mais experientes na guilda e tal. E do meu patamar, pelo menos, temos uns quatro ou cinco. Não querendo reclamar não, acho que fez uma excelente escolha.
E o sorriso morreu.
Ora, rapaz. Você é perfeito para esse trabalho. Quando descobri sua conexão com Aldred Maedoc, não tive dúvidas.
Ele segurava para não mostrar irritação de ser lembrado por causa de seu ex-mestre. Então, jogou para os demais. Queria saber se todo mundo estava ali por causa de outra pessoa mais famosa.Trigo franziu a testa, falando para dar um ponto final ao assunto.Gabrian
É mesmo? Que porcar... digo, e os outros? É assim que você faz? Sai pesquisando por aí? Tem algum padrão?
Gabrian cruzou os braços, de frente para o encosto da cadeira virada pelo contrário.
Eu tenho meus motivos, rapaz. Estão todos contratados por suas habilidades e é isso.
O golem parecia super agitado, gritando. Gabrian nem teve tempo de ficar puto, ficou surpreso.Jinn
- A-ALDRED? MAEDOC? AQUELE? ELE É AMIGO DO MEU PAI! EU PRECISO ENCONTRAR ELE E PEDIR AJUDA DELE! VOCÊ PODE AJUDAR A ENCONTRÁ-LO??
Gabrian ergueu uma sobrancelha e então veio a memória do grupo de aventureiros de Aldred. Havia um Scarlata por lá, um tal de Jihad.Jinn
Eu sou Jinn! Jinn Scarlata!
Jinn pareceu um pouco bravo ao responder, não com Gabrian, mas sim com sua situação.Gabrian
Espera, você é filho de Jihad? Como isso é possível? Você não é um... hã... golem?
Gabrian desdenhou.Jinn
Eu sou uma pessoa! Um qareen! Eu... Só tô preso assim... Meu pai e minha casa sumiram! Aldred é um herói! Ele conhece todo mundo, pode ajudar! Deve saber onde o Tio Hoen está também!
Gabrian
Eu não sei onde ele está.
Ele abaixou a cabeça de novo, triste. Gabrian sentiu-se um pouco mal, mas não queria falar em seu ex-mestre ou em assuntos que não o interessavam.Jinn
Ah...
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O Duelo de Dragões (T20): Max Reilly (Humano, Bárbaro 1, Soldado)
Coração de Rubi (T20): Adrian Worchire (Humano, Guerreiro 1, Nobre Zakharoviano)
Cinzas da Guerra (T20): Tristan de Pégaso (Humano, Paladino de Valkaria 1, Escudeiro da Luz)
Guilda do Mamute (3DeT Victory): Aldred (Humano, kit Artista Marcial, N11)
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Re: A Fenda Estrelada
Parte 1: O Conto do Hynne
Os cinco aventureiros, reunidos pelos caprichos misteriosos de Trigo Passadeiro, perguntavam sobre sua missão. A escolta era um serviço tradicional e muito antigo para aqueles que viviam à margem da sociedade, desajustados caçadores de tesouros, rastejadores de masmorras, ou em outras palavras: aventureiros. Trigo respondia com paciência e calma, exceto quando sua sobrancelha tremeu ao responder Carmen mais duramente. Também se mostrou desconfortável, desafogando o nó da gravata do pescoço e engolindo seco quando Jinn e Gabrian conversavam sobre heróis do passado.
Um rapaz não muito mais novo que Jojo e Gabrian, vestindo uma jaqueta branca com aspirações requintadas — mas alcançando o brega, na opinião de quem entende de moda — trouxe duas cestas com pães doces e uma jarra de água com limão, modificada com outras especiarias. Trigo recolhia seu livro e guardava seus óculos em um estojo, fazendo um sinal para o garoto se dispersar. Em seguida, retirou uma pasta de couro da mochila e a abriu sobre a mesa, no meio das duas cestas. Molhou a pena e ofereceu aos aventureiros.
Após a assinatura de cada um, Trigo sorriu esfregando as duas mãos, suspirando. Recolhendo a pasta em sua mochila, se levantou da mesa sem tocar nos pães ou na jarra, mas cumprimentou cada um dos aventureiros que teve que se abaixar para alcançá-lo. Trigo explicou que os encontraria em duas horas na frente da taverna Coroa do Mar e seguiriam juntos para o porto.
***
As duas horas se passaram em um piscar de olhos, trazendo Trigo Passadeiro à frente da Coroa do Mar com sua carroça. A madeira era jovial, com algumas lascas e rachaduras nas rodas e na carcaça. Descoberta, possuía pelo menos oito ou doze caixotes de madeira fechados com letras pintadas em vermelho. Trigo guiava o trobo pelo freio e acenou aos aventureiros.
Descendo à praça principal, deixando os conhecidos prédios e o chafariz do elfo-do-mar para trás, os aventureiros viram três navios aportados nos píeres. Todos de velas recolhidas, com vários marujos carregando e descarregando caixas, seja para dois navios, ou para os inúmeras jangadas dos pescadores. Um dos três navios estava vazio, sem ninguém por perto e parecia ser uma galé antiga.
Trigo encontrou um homem da estatura de Jojo, mas pele queimada do sol, barba grossa e mal cuidada. Seus olhos rápidos pareciam de um lobo a espreita. Seus cabelos longos, presos atrás da cabeça, terminavam em tranças jogadas sobre os ombros. Vestia um sobretudo de couro marrom escuro, surrado e empoeirado, sobre uma camisa de linho verde. Em seu peito, colares de conchas e dentes afiados. Na cintura, mostrava ostensivamente o cabo de uma cimitarra. Seu galeão era de madeira negra, possuía três mastros com as velas recolhidas. Tinha um aspecto gasto e seus tripulantes eram homens sujos e queimados de sol. Alguns pareciam ter vindo dos Ermos Púrpuras, outros tinham o aspecto de vileiro de Bielefeld.
Trigo, entretanto, não parecia ter gostado do que via.
O hynne balançou a cabeça em descontentamento, mas seguiu adiante, subindo a pequena rampa de madeira que ligava o tablado até o navio.
***
O navio tinha cheiro de água salgada e fedor de suor. Os aventureiros e Trigo foram recebidos por um homem que parecia deslocado. Era alto como o capitão, cabelos negros espetados, uma barba bem aparada, mas o que mais chamava atenção era sua limpeza. Não estava sujo, nem suado. Suas roupas não eram surradas, pareciam novas: uma jaqueta de couro claro, uma camisa de seda roxa e um lenço verde amarrado no pescoço. Tinha um cordão de ouro no peito.
***
O dia avançou preguiçoso com o balançar tranquilo das águas do Mar do Dragão-Rei. Os tripulantes eram carrancudos quando estavam trabalhando, mas demonstravam toda sorte de personalidade quando estavam nas redes descansando ou jogando dados no segundo andar, um abaixo do convés. Alguns viviam bêbados, imprestáveis para conversar. Outros gostavam de cantar ou contar histórias.
A noite veio vagarosa. Trigo não saia do quarto do imediato, sempre lendo algum livro da estante de Jack Rackham, mas estava disponível aos aventureiros para conversar ou mesmo para acompanhar a leitura.
Os cinco aventureiros, reunidos pelos caprichos misteriosos de Trigo Passadeiro, perguntavam sobre sua missão. A escolta era um serviço tradicional e muito antigo para aqueles que viviam à margem da sociedade, desajustados caçadores de tesouros, rastejadores de masmorras, ou em outras palavras: aventureiros. Trigo respondia com paciência e calma, exceto quando sua sobrancelha tremeu ao responder Carmen mais duramente. Também se mostrou desconfortável, desafogando o nó da gravata do pescoço e engolindo seco quando Jinn e Gabrian conversavam sobre heróis do passado.
Um rapaz não muito mais novo que Jojo e Gabrian, vestindo uma jaqueta branca com aspirações requintadas — mas alcançando o brega, na opinião de quem entende de moda — trouxe duas cestas com pães doces e uma jarra de água com limão, modificada com outras especiarias. Trigo recolhia seu livro e guardava seus óculos em um estojo, fazendo um sinal para o garoto se dispersar. Em seguida, retirou uma pasta de couro da mochila e a abriu sobre a mesa, no meio das duas cestas. Molhou a pena e ofereceu aos aventureiros.
Quem quer ser o primeiro a assinar o contrato?
Após a assinatura de cada um, Trigo sorriu esfregando as duas mãos, suspirando. Recolhendo a pasta em sua mochila, se levantou da mesa sem tocar nos pães ou na jarra, mas cumprimentou cada um dos aventureiros que teve que se abaixar para alcançá-lo. Trigo explicou que os encontraria em duas horas na frente da taverna Coroa do Mar e seguiriam juntos para o porto.
***
As duas horas se passaram em um piscar de olhos, trazendo Trigo Passadeiro à frente da Coroa do Mar com sua carroça. A madeira era jovial, com algumas lascas e rachaduras nas rodas e na carcaça. Descoberta, possuía pelo menos oito ou doze caixotes de madeira fechados com letras pintadas em vermelho. Trigo guiava o trobo pelo freio e acenou aos aventureiros.
Descendo à praça principal, deixando os conhecidos prédios e o chafariz do elfo-do-mar para trás, os aventureiros viram três navios aportados nos píeres. Todos de velas recolhidas, com vários marujos carregando e descarregando caixas, seja para dois navios, ou para os inúmeras jangadas dos pescadores. Um dos três navios estava vazio, sem ninguém por perto e parecia ser uma galé antiga.
Trigo encontrou um homem da estatura de Jojo, mas pele queimada do sol, barba grossa e mal cuidada. Seus olhos rápidos pareciam de um lobo a espreita. Seus cabelos longos, presos atrás da cabeça, terminavam em tranças jogadas sobre os ombros. Vestia um sobretudo de couro marrom escuro, surrado e empoeirado, sobre uma camisa de linho verde. Em seu peito, colares de conchas e dentes afiados. Na cintura, mostrava ostensivamente o cabo de uma cimitarra. Seu galeão era de madeira negra, possuía três mastros com as velas recolhidas. Tinha um aspecto gasto e seus tripulantes eram homens sujos e queimados de sol. Alguns pareciam ter vindo dos Ermos Púrpuras, outros tinham o aspecto de vileiro de Bielefeld.
Trigo, entretanto, não parecia ter gostado do que via.
O homem deu dois passos em sua direção, olhando para baixo, com as duas mãos segurando o cinto.
Onde está o capitão Billy Jones? Eu tenho um horário marcado neste píer.
Trigo ergueu um dedo e falaria algo, mas algo o fez desistir. E então, se virou para os aventureiros.
Ele me passou seu contrato.
O capitão pôs a mão no pequeno ombro do hynne, encarando os aventureiros um a um, como se os analisasse.
Bem, meus caros. Este é o capitão Charles Vane e irá nos levar em seu navio, o Ranger.
Ele falava de um jeito direto, sem enrolação e não abria espaço para questionamento. Dando as costas a todos, subiu ao seu navio, assoviando para dois marujos carregarem os caixotes de Trigo.
Providenciei redes novas para o quarto do imediato. Vocês poderão dormir lá. O desjejum acontece às seis da manhã, conforme a runa de Gor. Vocês comerão com a tripulação. O almoço é ao meio dia. Enquanto estiverem no Ranger, seguirão minhas ordens e minhas regras. Eu trabalho para o senhor Passadeiro, mas o navio é meu.
O hynne balançou a cabeça em descontentamento, mas seguiu adiante, subindo a pequena rampa de madeira que ligava o tablado até o navio.
***
O navio tinha cheiro de água salgada e fedor de suor. Os aventureiros e Trigo foram recebidos por um homem que parecia deslocado. Era alto como o capitão, cabelos negros espetados, uma barba bem aparada, mas o que mais chamava atenção era sua limpeza. Não estava sujo, nem suado. Suas roupas não eram surradas, pareciam novas: uma jaqueta de couro claro, uma camisa de seda roxa e um lenço verde amarrado no pescoço. Tinha um cordão de ouro no peito.
Era um homem distinto e parecia interessado nos aventureiros.
Senhores, bem-vindos ao Ranger. Meu nome é Jack Rackham, eu sou o imediato e... — parecia desconcertado — vocês ficarão no meu quarto. Está limpo, tem uma rede, uma jarra de água e um penico para cada um.
Logo deu atenção aos demais.
Oh, mas que curioso, dois mascarados. Hum, preto e dourado. Você é devota de Azgher, mas e você? Será que é devoto de... Não me diga. Tenebra? — estava entretido. — Como vocês se dão? Hm...
Deu um cutucão amigável em Jinn.
Tivemos um golem na tripulação certa vez. Compramos em Wynlla, para ser nosso cozinheiro. Era muito prático, não reclamava e fazia ensopados de peixe muito bons. Mas quando caiu no mar nunca mais o vimos. Heh. Não caia no mar, heim.
E Jojo descobriu rapidamente, pois no quarto havia pelo menos três estantes com diversos livros. Sua escrivaninha cheia de gavetas tinha a mesa vazia, de frente para uma grande janela de vidro, onde era possível ver o mar e as gaivotas a voar.
Um paladino de Valkaria. Sempre bom augúrio ter um guerreiro santo em uma viagem longa dessas. Ainda mais passando em um lugar perigoso como Aslothia. E os homens podem ficar na linha mais facilmente hehehehe. Valkaria é minha segunda deusa favorita. Quando entrar em meu quarto descobrirá qual é minha favorita. Heh.
Jack pediu permissão com os olhos a Gabrian para segurar o medalhão preso ao cordão.
E este símbolo, meu jovem? Hm... não reconheci este brasão. O que significa essas letras, G, N e V?
***
O dia avançou preguiçoso com o balançar tranquilo das águas do Mar do Dragão-Rei. Os tripulantes eram carrancudos quando estavam trabalhando, mas demonstravam toda sorte de personalidade quando estavam nas redes descansando ou jogando dados no segundo andar, um abaixo do convés. Alguns viviam bêbados, imprestáveis para conversar. Outros gostavam de cantar ou contar histórias.
A noite veio vagarosa. Trigo não saia do quarto do imediato, sempre lendo algum livro da estante de Jack Rackham, mas estava disponível aos aventureiros para conversar ou mesmo para acompanhar a leitura.
Nota do Mestre:
* A ordem de assinatura do contrato de Trigo depende da ordem que os jogadores postarem.
* É possível fazer uma pergunta a Trigo sobre o contrato, respondida no telegram.
* Em duas horas, os PJs podem realizar outras ações, entre conversar entre si (resolvido no telegram, ou por postagem tradicional), interagir com NPCs criados por vcs mesmos, comprar algum equipamento (se tiverem dinheiro...) ou conhecer mais a cidade (informações dadas no telegram).
* A qualquer momento, após o encontro com Charles Vane, os PJs podem conversar com Trigo, ou algum tripulante do Ranger, com a ilustração determinada acima. Todos serão NPCs controlados por mim dessa vez.
* Os PJs podem interagir com Jack, ele parece interessado em vcs, mas por motivos de dinamismo, limitamos a uma conversação rápida e/ou duas perguntas.
* Os PJs podem interagir com o navio em si, pegando alguma corda, procurando coisas como armas, quartos, latrinas, quartos (existe apenas dois: o do imediato onde vcs estão acomodados e o do capitão, sempre trancado), pegar livros de Jack Rackham pra ler etc.
Dados dos Personagens:
- Carmen Lúcia <> PV: 18 PM: 4 Defesa: 18 <> Condição:
- Gabrian Barrington <> PV: 22 PM: 3 Defesa: 18 <> Condição:
- Jinn Scarlata <> PV: 23 PM: 3 Defesa: 16 <> Condição:
- "Jojo" <> PV: 23 PM: 6 Defesa: 19 <> Condição:
- Krak <> PV: 15 PM: 11 Defesa: 12 <> Condição:
Próxima Atualização: 24/09 quinta-feira
Maelstrom- MESTRE
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Re: A Fenda Estrelada
Gabrian já não tinha mais aquela animação para partir em aventura, sendo lembrado de seu mestre pelo contratante. Estava ali por causa da fama de Aldred e não por causa de suas habilidades. Mas também, quem o conheceria tão longe de Nova Malpetrim? Gabrian ficou absorto nesses pensamentos, alisando seu medalhão da Guilda Naval Vlamingen.
Quando as duas cestas chegaram, Gabrian ainda tinha uma cara enfezada, mas pelo menos comia. Comeu dois em questão de instantes, sem se preocupar com maneiras, mordendo duas, três vezes antes de engolir, lambuzando a boca. Pegou um copo, encheu daquela água de sabor e bebeu arduamente, limpando os lábios com as costas da mão. Era boa comida e não sabia quando poderia comer daquele jeito de novo. Mas olhou para Queiraque e para a gigante mascarada de preto, chamada de Carmen Lúcia por Trigo. Será que veria seus rostos?
Com a pena em mãos, Gabrian assinou seu nome primeiro e cumprimentou o hynne sem se levantar, displicente. Quando Trigo se retirou pra tratar de seus negócios, o guerreiro virou para os demais aventureiros.
***
Gabrian passeou pelas ruelas de Porto do Rei, observando o movimento. Havia comércio cheio de barracas na praça central do chafariz. Vendiam coisas desimportantes, alguns até eram inocentes encrenqueiros achando que vendiam coisas mágicas. Mas Gabrian queria é saber do chafariz. Por que um elfo-do-mar cavaleiro da luz?
***
Gabrian e os demais encontraram Trigo e seguiram para o porto, onde se depararam com um capitão diferente do esperado. Mas Trigo o conhecia também. Estava desagradado, mas aceitou rápido a mudança de capitania. Gabrian não foi com a cara de Charles Vane.
Gabrian fala baixo perto de Jojo.
***
O imediato do capitão, entretanto, era mais amigável. Falou com o todos e mesmo quando demonstrou ignorância quanto ao medalhão dos Vlamingen, Gabrian apenas sorriu dando dois tapas nas costas dele.
***
O dia navegando foi calmo. Mas Gabrian parecia agitado. Nunca havia viajado de mar, lembrando uma vez que Aldred disse que o levaria para conhecer os lutadores de Khubar. Nunca houve tempo, pois Gabrian era inquieto e não queria esperar, continuar treinado. Queria ser um herói o quanto antes.
Olhou para suas mãos e lembrou da bruxa que andava com Aldred. Sua "maldição". Aquela menina esnobe, aquele dragão perigoso. E agora estava em sua alma. Gabrian não pensava muito nisso, pois nunca se sentiu realmente diferente desde o dia em que conheceu Aldred.
Gabrian via como os marinheiros trabalhavam duro e eram pouco abertos a conversar. Então, durante o começo da noite resolveu voltar-se para os membros do grupo. Havia a Carmen Lúcia - pelo menos foi como Trigo a chamou - vestindo negro, oculta em uma máscara feminina com pinturas exóticas.
Buscou o primeiro andar abaixo do convés e encontrou alguns marujos descansando. Um deles parecia vestir uma armadura de metal, tinha um tapa olho e uma cicatriz no rosto. Estava mexendo em sua mochila quando Gabrian se aproximou.
Quando as duas cestas chegaram, Gabrian ainda tinha uma cara enfezada, mas pelo menos comia. Comeu dois em questão de instantes, sem se preocupar com maneiras, mordendo duas, três vezes antes de engolir, lambuzando a boca. Pegou um copo, encheu daquela água de sabor e bebeu arduamente, limpando os lábios com as costas da mão. Era boa comida e não sabia quando poderia comer daquele jeito de novo. Mas olhou para Queiraque e para a gigante mascarada de preto, chamada de Carmen Lúcia por Trigo. Será que veria seus rostos?
Com a pena em mãos, Gabrian assinou seu nome primeiro e cumprimentou o hynne sem se levantar, displicente. Quando Trigo se retirou pra tratar de seus negócios, o guerreiro virou para os demais aventureiros.
Gabrian
E aí, o que acham desse pequenino?
Jinn
Ele é bem serio! Parece a diretora Walkiria lá da escola! Mas acho... que é boa gente.
Carmen Lúcia
Está a esconder el juego. Finge de duron pero posso ver sus ojos lá covardia.
Jojo
Ele é sério... Me pergunto o que ele pretende fazer em Aslothia.
Gabrian balançava a cabeça concordando com cada um. Sabia de pessoas que contratavam outras para que contratassem aventureiros. Ficavam nas sombras, observando o grupo agir sem saber para quem realmente trabalhava. Leu isso, pelo menos, em um livro na guilda.Queiraque
Eu vejo alguém com costumes diferentes, por alguma razão um pedaço de papel riscado vale mais que a promessa divina.
E então, se levantou, espreguiçando os braços, esticando a coluna. Tinha sono da noite anterior.Gabrian
Pra mim ele é um pau mandado de alguém e esse alguém sabe quem somos nós. Mas enfim, posso estar sendo paranoico.
Gabrian
Vou dar uma volta pela cidade, quem quer vir comigo?
***
Gabrian passeou pelas ruelas de Porto do Rei, observando o movimento. Havia comércio cheio de barracas na praça central do chafariz. Vendiam coisas desimportantes, alguns até eram inocentes encrenqueiros achando que vendiam coisas mágicas. Mas Gabrian queria é saber do chafariz. Por que um elfo-do-mar cavaleiro da luz?
Gabrian
Meu bom, diga... por que o cavaleiro da luz desse chafariz é um elfo-do-mar?
Gabrian balançou a cabeça, concordando com um sorriso. Era realmente interessante.
Olha, meu filho, este é Beleneus, o fundador desta vila. Quando eu era menino, isso aqui era um lugar de bandidos que atormentavam os pescadores simples. Aí esse elfo-do-mar veio da água e afugentou todos. Ele não dizia os motivos, era um homem bom. Livre dos problemas e com o mar propício... outros vieram e fizeram a vila. Eventualmente Beleneus se aventurou pelo continente e virou cavaleiro da luz, o único de sua raça... nós fizemos essa homenagem quando ele morreu na guerra.
Gabrian só veio a conhecer de perto a fama dos minotauros quando foi para Nova Malpetrim ano passado. Brigões, arrogantes, seu império ruiu, embora mantenha-se no território original de Tapista, o antigo reino. Queria saber mais sobre seu futuro adversário, se era poderoso...Gabrian
Saquei... esse lugar só tem humanos e homenageiam um elfo-do-mar. Muito bom, um soco na cara dos puristas safados. Hehehe. Mas me fala, senhor, eu vi um minotauro hoje de manhã. Um tal de Marius. O que ele faz por aqui?
Balançou a cabeça discordando.
Ele mora aqui faz pouco tempo, veio das terras de lá. É um brigão. Se quer um conselho, meu filho, não se meta com ele.
Gabrian
Você não me conhece, vovô. Eu sou Gabrian Barrington e você?
Eu sou o Elias Hook
Gabrian
Pois bem, seu Elias. Eu sou um aventureiro e Marius não parece ser nada além de um brigão de prostíbulo. Eu tenho certa pena dele. Pois quando eu retornar da minha viagem, vou provavelmente descer-lhe o cacete com propriedade.
Gabrian fez uma careta e saiu dali deixando o velho falando sozinho.
Aventureiros aqui são os cavaleiros da luz, meu rapaz. Heróis que protegem o povo, que expulsaram os puristas. Se fizer o que diz que fará, será mercenário brigão e não melhor do que ele.
***
Gabrian e os demais encontraram Trigo e seguiram para o porto, onde se depararam com um capitão diferente do esperado. Mas Trigo o conhecia também. Estava desagradado, mas aceitou rápido a mudança de capitania. Gabrian não foi com a cara de Charles Vane.
Gabrian fala baixo perto de Jojo.
Jojo o olhou com as sobrancelhas erguidas, como alguém quem é pego de surpresa. Gabrian notou que ele é facilmente surpreendido...Gabrian
Não gostei desse capitão. Cara de encrenqueiro...
Gabrian balançou a cabeça sutilmente... mas dessa vez discordando. Tinha que ficar atento, esperto, caso sejam emboscados, tem que estar preparado. Mesmo que Gabrian normalmente não conseguisse prender sua atenção por muito tempo a algo.Jojo
Ele parece um pirata, não é? Bem, não podemos julgar ninguém pela aparência, mas acho que um certo cuidado não fará mal a ninguém.
***
O imediato do capitão, entretanto, era mais amigável. Falou com o todos e mesmo quando demonstrou ignorância quanto ao medalhão dos Vlamingen, Gabrian apenas sorriu dando dois tapas nas costas dele.
Ele virou o rosto para o guerreiro, tentando esconder o incômodo dos tapas.Gabrian
Esse aqui é o brasão da Guilda Naval Vlamingen, de Nova Malpetrim. Acho que você nunca foi pra lá, né? Afinal, é do outro lado do mundo.
Gabrian se esforçava para não se irritar com o imediato com sua afetação contra os toques nas costas e com sua falta de conhecimento para com sua guilda.
Ledo engano, meu rapaz. Eu já naveguei pela escuridão do Mar Negro, já atravessei a Ossada de Ragnar, já ouviu falar dela? Você não parece um marinheiro, rapaz. O que faz nesta guilda?
Suspirou e perdeu o interesse no homem.Gabrian
Amigo... Não é uma guilda naval. Digo, é pelo nome, já foi uma guilda de piratas. Mas há muito tempo, desde os tempos de sir Arthur Anton Conímbriga que se tornou uma guilda de aventureiros. Aventureiros que seguem os princípios da pirataria e da cavalaria. Somos heróis e queremos um mundo de Arton melhor.
***
O dia navegando foi calmo. Mas Gabrian parecia agitado. Nunca havia viajado de mar, lembrando uma vez que Aldred disse que o levaria para conhecer os lutadores de Khubar. Nunca houve tempo, pois Gabrian era inquieto e não queria esperar, continuar treinado. Queria ser um herói o quanto antes.
Olhou para suas mãos e lembrou da bruxa que andava com Aldred. Sua "maldição". Aquela menina esnobe, aquele dragão perigoso. E agora estava em sua alma. Gabrian não pensava muito nisso, pois nunca se sentiu realmente diferente desde o dia em que conheceu Aldred.
Gabrian via como os marinheiros trabalhavam duro e eram pouco abertos a conversar. Então, durante o começo da noite resolveu voltar-se para os membros do grupo. Havia a Carmen Lúcia - pelo menos foi como Trigo a chamou - vestindo negro, oculta em uma máscara feminina com pinturas exóticas.
Gabrian
Ei, Carmen. Notei que você não é muito de falar... o que te fez aceitar esse contrato com Trigo? Se não confia muito nele... digo, eu também não, mas enfim.
Curta e grossa. Gabrian até esperou um pouco para ver se tinha mais o que falar. Não tinha.Carmen Lúcia
Dinero.
Gabrian
Mas você reclamou que era pouco... outros contratos poderiam ser melhores.
Gabrian abaixou a cabeça, metendo a testa na amurada do navio. Ela não gostava de falar. Iria procurar outra coisa que fazer.Carmen Lúcia
Dinero, fácil.
Continuou. Gabrian ergueu a cabeça, apoiando o queixo na amurada, braços pendurados para fora do navio. Ficou um tempo sem falar nada, olhando a imensidão vazia e escura do Mar do Dragão-Rei.Carmen Lúcia
Yo no tengo mutchos contratos atualmente.
Gabrian
Saquei. Por que você fala diferente assim? É de Namalkah? Um amigo meu é de Algarve, fala parecido com você... embora com menos sotaque.
Era difícil de conversar com ela. Perguntaria de sua máscara, se era mesmo devota de Tenebra como Jack Rackham havia comentado anteriormente... mas perdeu o interesse. Saiu dali com um meneio com a cabeça.Carmen Lúcia
Yo venho de Smokestone, lo sotaque de valkar falado lá es un pouco diferente del restante del mundo.
Buscou o primeiro andar abaixo do convés e encontrou alguns marujos descansando. Um deles parecia vestir uma armadura de metal, tinha um tapa olho e uma cicatriz no rosto. Estava mexendo em sua mochila quando Gabrian se aproximou.
O homem estava retirando sua couraça e guardando as partes na mochila. Preparava-se para dormir.Gabrian
Ei. Beleza? Você conhece esses lugares que vamos parar durante a viagem para o Castelo de Andhuin?
Gabrian sentiu a veia saltar da têmpora, após ser corrigido. Mas respirou fundo.
Adhurian é o nome. — Se colocou na rede, deitado. — Conheço, são paradas comuns do comércio.
Já de olhos fechados, o homem fala resmungando.Gabrian
Até mesmo aquela em Aslothia? Ouvi dizer que lá é um lugar dominado por um rei necromante.
Gabrian revirou os olhos e saiu dali. Era hora dos homens dormirem. Homens demais... será que Queiraque tirava a máscara? Não, preferiu ir para o quarto do imediato, onde tiraria sua armadura e dormiria na rede, com a katana embainhada ao seu lado.
E mascate quer saber quem é que compra seus negócios? Agora deixe-me dormir, garoto.
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O Duelo de Dragões (T20): Max Reilly (Humano, Bárbaro 1, Soldado)
Coração de Rubi (T20): Adrian Worchire (Humano, Guerreiro 1, Nobre Zakharoviano)
Cinzas da Guerra (T20): Tristan de Pégaso (Humano, Paladino de Valkaria 1, Escudeiro da Luz)
Guilda do Mamute (3DeT Victory): Aldred (Humano, kit Artista Marcial, N11)
Aldenor- MESTRE
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Re: A Fenda Estrelada
Era curiosa a palavra usada por Trigo, "contrato" com trato. Trato. Não sabia o que era.
Krak estende a Mão e o Hynne pegou a pena e colocou nas mãos dela.
Parecia uma letra K invertida, em seguida fez um V só que invertido, e finalizou com um similar ao primeiro, só que no sentido certo.
K invertido, V de cabeça abaixo, K a mesma imagem de sua Tatuagem Mágica - Marca de Wynna, que estava na região do abdômen.
***
Agora tinha uma missão, e entre as conversas ouvidas uma com certeza chamou bem a atençao.
Jin era um Qareen, que esta preso num corpo de Golem. Krak chegou até ele.
No píer, a apresentação de Charles Vane deu a entender um líder severo e imponente. Mas nao era hora de se impor, causar problema.
Entendeu as regras e as seguiria.
Ja no navio, o Imediato Jack Rackham conversava com todos
***
Era muito estranho para Krak estar no Mar de Água, e por isso quase não era vista fora do quarto do imediato.
O hynne leva a mão à testa.
Assinar o contrato? O que é isso?
Isso significa que está trabalhando pra mim. Que posso te processar pelas leis de Bielefeld caso tente me prejudicar, mesmo estando em outro reino. E que eu devo pagar a sua companhia a quantidade de 500 tibares. É o procedimento padrão, não fazem isso no Deserto?
Apertamos as mãos e juramos pelo grande Vigilante manter a promessa.
Krak estende a Mão e o Hynne pegou a pena e colocou nas mãos dela.
Ela acha que entende.
Aqui nós assinamos. Ponha seu nome e estamos reconhecidos.
Trigo balançou a cabeça.
voce.. Quer que eu desenhe no papel?
Vamos, coloque sua runa pessoal, sua marca, algo que seja só seu. Preciso disso no papel.
Desenha um risco vertical, dois traços :um para noroeste outro para sudoeste.
ah sim. Minha marca.
Parecia uma letra K invertida, em seguida fez um V só que invertido, e finalizou com um similar ao primeiro, só que no sentido certo.
K invertido, V de cabeça abaixo, K a mesma imagem de sua Tatuagem Mágica - Marca de Wynna, que estava na região do abdômen.
Ele dá um sorriso forçado, confirmando.
Assim?
***
Agora tinha uma missão, e entre as conversas ouvidas uma com certeza chamou bem a atençao.
Jin era um Qareen, que esta preso num corpo de Golem. Krak chegou até ele.
***
Quando estivermos descansando gostaria de conversar sobre como posso te ajudar Jinn. Sou uma Qareen também.
No píer, a apresentação de Charles Vane deu a entender um líder severo e imponente. Mas nao era hora de se impor, causar problema.
Entendeu as regras e as seguiria.
Ja no navio, o Imediato Jack Rackham conversava com todos
Oh, mas que curioso, dois mascarados. Hum, preto e dourado. Você é devota de Azgher, mas e você? Será que é devoto de... Não me diga. Tenebra? — estava entretido. — Como vocês se dão? Hm...
Não entendi o que quis dizer, tem algo errado nas nossas devoções?
Ele dá uma risada nervosa.
De maneira alguma, senhorita. Mas é notório como devotos de tais religiões opostas como o... bem, o sol e a lua, buscam matar uns aos outros.
Quando fui ensinada, nada tinha sido dito sobre lutar contra outra devoção, Carmen, o que me diz?
Fico intrigado com isso, mas aliviado. Sua tribo deveria ensinar a todos os xerifes de Azgher, os clérigos e paladinos do sol que fazem do combate aos servos e as crias de Tenebra seus objetivos de vida.
***
Era muito estranho para Krak estar no Mar de Água, e por isso quase não era vista fora do quarto do imediato.
Astirax- Nível 2
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Re: A Fenda Estrelada
Jojo se inclinou para assinar o contrato, depois dos outros dois, porém se deteve, lendo o contrato.
Um sorriso escorregou de seu rosto, sem querer.
Com o tempo que tinha, o paladino procurou ir procurar mais comida para a viagem, afinal o hynne disse que estaria em suas mãos. Jojo realmente não sabia como as coisas funcionavam em vários partes do mundo, embora tenha tido aulas teóricas de aventuras. No horário marcado, se encontrou com os demais. Não se opôs a mudança de capitão e navio, afinal isso era assunto de Trigo. Achava aquele novo capitão apenas... Diferente. Subiu na embarcação com os demais, onde puderam conhecer a tripulação por alto e o imediato, Jack, que lhe dirigia algumas palavras.
Ele suspirou e deu um curto assovio.
Sua risada era nervosa.
Ele olha receoso para sua mão.
Jojo assentiu, depois se dirigiu até a amurada. Em dado momento o sujeito Gabrian, que havia assinado o contrato do mercador sem nem ler, vinha falar com ele sobre o capitão. Jojo dizia que ele parecia um pirata, como nas histórias que ouvira no templo de Valkaria. Quando o outro se afastou pensou que ele fazia o tipo "folgado", como diria Elsie. Deu um sorriso quando se lembrou da elfa, depois voltou a encarar o mar, imaginando histórias de piratas. Elsie sempre contava histórias, era muito boa com isso. Não tinha vontade de conversar com os marujos, pelo menos não naquele momento. Porém, uma teoria sobre Trigo passava em sua cabeça. Poderia falar com alguém? Se dirigiu para o quarto, talvez conversasse com Jinn depois, ele era legal.
— Hm... E se eu precisar escolher entre você e sua mercadoria, senhor Trigo?
Um sorriso escorregou de seu rosto, sem querer.
Minha vida vale um tanto mais. Se estiver morto, você não ganha nada. Se eu perder toda minha mercadoria, veja, você ganha 5%.
Com o tempo que tinha, o paladino procurou ir procurar mais comida para a viagem, afinal o hynne disse que estaria em suas mãos. Jojo realmente não sabia como as coisas funcionavam em vários partes do mundo, embora tenha tido aulas teóricas de aventuras. No horário marcado, se encontrou com os demais. Não se opôs a mudança de capitão e navio, afinal isso era assunto de Trigo. Achava aquele novo capitão apenas... Diferente. Subiu na embarcação com os demais, onde puderam conhecer a tripulação por alto e o imediato, Jack, que lhe dirigia algumas palavras.
— Não coloco ninguém na linha, meu amigo — e riu sem graça — Poxa, agora fiquei curioso haha... Mas sobre Alosthia. Já esteve por lá?
Ele suspirou e deu um curto assovio.
Já naveguei por alguns lugares de lá, inclusive Portos das Almas, que já foi a velha Colina dos Bons Halflings. Era um lugar bonito, pequeno e cheio de vida. Bom, agora... não temos muita vida por lá, não é mesmo? Haha.
Sua risada era nervosa.
— Valkaria há de olhar por nós, Jack.
Ele olha receoso para sua mão.
Khalmyr, Azgher, Tanna-Toh, Lin-Wu e todos os deuses sensatos. Tomara, meu jovem. Tomara.
Jojo assentiu, depois se dirigiu até a amurada. Em dado momento o sujeito Gabrian, que havia assinado o contrato do mercador sem nem ler, vinha falar com ele sobre o capitão. Jojo dizia que ele parecia um pirata, como nas histórias que ouvira no templo de Valkaria. Quando o outro se afastou pensou que ele fazia o tipo "folgado", como diria Elsie. Deu um sorriso quando se lembrou da elfa, depois voltou a encarar o mar, imaginando histórias de piratas. Elsie sempre contava histórias, era muito boa com isso. Não tinha vontade de conversar com os marujos, pelo menos não naquele momento. Porém, uma teoria sobre Trigo passava em sua cabeça. Poderia falar com alguém? Se dirigiu para o quarto, talvez conversasse com Jinn depois, ele era legal.
Re: A Fenda Estrelada
*Mitra sempre dizia que era preciso ler muito bem qualquer coisa, antes de dar seu nome a ela. Então Jinn leu cuidadosamente o contrato. Aprendeu a ler muito mais cedo que o normal e adorava, então não teve problemas para absorver seu conteúdo. Satisfeito assinou*
*Ficou grudado um tempo em Jojo até finalmente começar a se soltar um pouco. Quando notou que houve uma troca de capitães, até se preocupou um pouco, mas como avançaram apenas seguiu para dentro. Era sua primera vez em um navio então não parava de olhar para tudo. O mastro, velas, deque, timoneiro. Era tudo novo e interessante. O balanço constante, mesmo em aguas calmas o desnorteou um pouco, mas seu corpo pouco reagia a isso. Um vantagem talvez*
Tivemos um golem na tripulação certa vez. Compramos em Wynlla, para ser nosso cozinheiro. Era muito prático, não reclamava e fazia ensopados de peixe muito bons. Mas quando caiu no mar nunca mais o vimos. Heh. Não caia no mar, heim.Jinn
- O QUÊ???
*Jinn deu um pulo para o meio do barco, longe das bordas e se agarrou a alguma corda. Sabia que não respirava, mas já havia estudado como o oceano é profundo. Talvez nunca mais voltasse se caisse. Ficou apavorado uma meia hora e sua empolgação sumiu completamente*
*Mas a curiosidade falou mais alto. Buscou por aquele chamado de capitão. Um marujo lhe disse que estava indisposto, então apenas buscou alguém que saciasse sua curiosidade*Jinn
- Com licença moço... É a minha primeira vez num barco... Ele é grande e cheio de coisas... O Sr. pode me ensinar sobre como se veleja?
O homem puxava umas cordas para amarrar duas partes de madeira na proa do navio. Observou o golem por um instante parado, e então retornou ao trabalho. Sua voz era de quem fumou por anos.
Não ensinaram isso pra você em Coridrian?Jinn
- Eu nunca fui a coridrian... Eu vim do deserto, na tribo Scarllata!
homem jogou as sobras de uma corda nos cantos, após realizar um nó que Jinn jamais viu em sua vida. E então, sentou-se em um caixote aleatório sobre o convés. Puxou um saquinho onde tirou um pó. Enrolou em um papel de seda. Depois que o fumo estava pronto, olhou de novo para Jinn.
Nunca ouvi falar dessa tribo. Achei que todas as armaduras ambulantes vinham de Coridrian. Me empresta o fogo da tua cabeça, então.Jinn
- Eu não sou uma armadura, eu sou um qareen!! Meu nome é Jinn... E eu só to preso aqui agora...!
*Chegou perto e ofereceu a cabeça*Jinn
- Ai vc me ensina sobre o barco????! Qual seu nome, tio ???
O homem acende o palheiro e dá bons tragos antes de responder. O tempo passava devagar para ele.
Eu sou João, filho de José e Maria. Não sei o que você quer saber sobre barcos. Se cair no mar seu cabelo não apaga?
Ele não sorria, embora suas palavras soassem cômicas.
*Jinn o encarou, imóvel. Um bom tempo*Jinn
- A-a-acho que apaga!!! Acho que eu apago...
*Olhou pro mar, temeroso, de novo. Começava a odiar aquela situação*Jinn
- O que eu quero saber? Hummmm... Ele tem alguma historia legal? Quem fez ele? Pra que serve essas cordas? Como se pilota? Vocês pescam a comida? Se furar o casco, como conserta? A madeira vem de tollon? Você ja viu piratas? Ja foi em Galrasia? Ja viu um monstro do mar? Sabe nadar?
O homem ouvia calmamente as perguntas, fumando seu palheiro. Quando, enfim, terminou, falou com calma.
Este barco se chama o Ranger, porque caça nos oceanos. Já navegamos do Mar Negro ao Mar do Dragão-Rei, hoje possível graças a gente como você. Digo, aventureiros, veja você. Então, acho que posso agradecer a você por sua gente. — Ele para para tragar mais uma vez. — Piratas, monstros de Galrasia, tudo que possa imaginar. Já nadei atrás de um selako que ia matar um bebê e o deitei no soco.Jinn
- NO SOCO??? SEU JOÃO, O SR. É UM GRANDE HEROI!!
*Passou a mão na madeira*Jinn
- Ranger... Que legal...
*Se ajoelhou da maneira que Shirato havia o ensinado*Jinn
- Durante essa viagem, posso ser seu aprendiz? Eu faço qualquer coisa! Ajudo no seu trabalho!!!
O homem terminou seu fumo rindo.
Não sei o que posso ensinar a uma armadura... ou a um qareen. Me ajudar no trabalho iria causar inveja aos outros e eu teria que te dar parte do meu soldo. E você não poderia recusar. Mas pode me observar. Isso eu deixo. Só fique fora do caminho.Jinn
- SIM SENSEI!!!!
*E passou o resto do dia aprendendo não só com ele, mas com todos os marujos. Ajudava a puxar cordas quando o deixavam, a passar o esfregão e organizar o estoque. Sempre evitava ficar próximo da agua. Depois de muito trabalho, que o faziam se sentir necessário e realmente vivo, estava quase na hora de se retirarem. A mascara chamada Krak o chamou*
Quando estivermos descansando gostaria de conversar sobre como posso te ajudar Jinn. Sou uma Qareen também.Jinn
- Você também?? Meu pai era um! Eu não sei o que aconteceu... Eu estava muito machucado... Ele não sabia curar... Então... eu não lembro. Acordei assim... Sabe o que é?
*Conversou mais com o servo de Azgher, mas novamente, seu enigma permaneceu sem solução. Um pouco acuado se aproximou de Jojo, a porta do quarto do imediato*Jinn
- Sr. Jojo... Se eu cair no mar... será que o fogo apaga e não acende mais ?
Jojo ergueu uma sobrancelha, depois olhou para o alto pensativo.
— Bem, é uma boa pergunta, Jinn... Bom, tente não cair no mar, está bem? Se eu estiver por perto, eu te dou uma mão.Jinn
- Muito obrigado! O sr. é uma boa pessoa né? Ouvi falar. Cavaleiro... Ou paladino né? Quando você descobriu que queria ser um?
— Não é nada, a culpa não é sua — e voltou a sorrir — Sim, ela mesma. Espero poder ajudar hehe... E, aliás, não precisa me chamar de senhor, eu não sou casado... Na verdade eu nem posso — então gargalhou.Jinn
- hehehe!!!
*Jinn riu como podia, mesmo sem entender por que as pessoas casavam. Parecia nojento ficar com meninas. Bom,tanto faz. Assim chegou a hora do descanso. Jinn ainda estava um pouco "aceso" se o trocadilho for permitido, então demorou muito para sentir o chamado do repouso que seu corpo Golem precisava. Olhava para os cantos do quarto, talvez buscando leitura, quando seus olhos recairam sobre a katana de Gabrian*
*De mansinho engatinhou em direção a ela, admirado por sua forma. Aproximou a mão devagar, quando Gabrian abre os olhos no exato momento, puxando a katana de volta num susto. A lâmina é vista por alguns centímetros, sem sair totalmente. Como estava na rede, Gabrian se desequilibra e leva um tombo. Ao se levantar e perceber que é Jinn, ele suspira.Gabrian
Que isso, tá maluco? O que você quer?
*Com o susto, o golem da um pulo para trás e tomba também, fazendo um barulhão de metal acertando madeira*Jinn
- D-DESCULPA! Eu... eu só queria ver... A espada...
*Colocou as mãos a frente do rosto, com medo de apanhar*Jinn
- Tinha tamurianos lá na tribo... mas nunca deixavam eu ver as katanas... Primeira vez que vejo de perto...!
Gabrian ergue uma sobrancelha e se deita na rede de novo.Gabrian
Pode ver...
E entrega a katana embainhada para Jinn. Ele não parecia preocupado, com as mãos atrás da cabeça, relaxando na rede.Jinn
- Serio??? Obrigado!!
*Segurou a espada com cuidado e puxou da bainha devagar. Olhou para Gabrian e depois para espada de novo*Jinn
- Pq ela é curva ?
Gabrian tinha os olhos fechados quando ouviu a pergunta. Abriu um olho só.Gabrian
A lâmina é temperada assim pra cortar melhor. Sei lá. Meu mestre nunca me disse nada disso. E aposto que ele não sabia nada disso também. Mas vem cá, você é tipo... lutador de artes marciais, né? Por que sua voz é infantil? Por que você diz que é um qareen... filho de Jihad ainda... nossa, parando pra pensar, essa história é muito louca.
Ele se senta na rede, acordado.Gabrian
Meu mestre era o Aldred e Jihad é seu pai. Eles eram aventureiros juntos. E agora estamos aqui. Quais as chances? Isso é mais uma coisa estranha... Trigo tá sabendo de algo.Jinn
- Eu não sou criança... já... já.. tenho 12 anos
*Claramente mentindo.*Jinn
- Eu não lembro também... Tava tudo bem... Dai tudo queimou... atacaram o papa e a mama... E ai acordei assim. Não sei o que houve com meu corpo... E ai me ensinaram a lutar de varios jeitos. Tive uma mestre anã, um orc e um minotauro! Uma elfa e dois humanos! Legal né?
*Escutou cada fala sobre Aldred e Jihad*Jinn
- Meu pai me falava muito dessas aventuras... Jamais imaginaria isso também. Quwm você acha que sabe sobre nós? E se somos descendentes, somos quase... brothers né?
*Disse timido, como quem não quer nada. Borther era um termo da anã que o ensinou*
Gabrian ergueu a sobrancelha com risquinho.Gabrian
Não ouvi muitas histórias do Aldred não. Ele gostava de se gabar de uma ou outra história, como a vez que derrotou Hoenheinn em um duelo singular. Mas ele se repetia muito, era chato. Eu não gosto de ouvir histórias de gente metida. Aldred era horrível nisso. Ele e aquela bruxa loira. Enfim...
Não queria falar disso, nitidamente. Mas depois continuou.Gabrian
Trigo certamente nos juntou por algum motivo, de repente ele conhecia seu pai, o Aldred e os outros. De repente todo mundo aqui tem algum tipo de ligação com esses "Vingadores". Aliás que nomezinho...
E então, ele sorriu para Jinn, com as sobrancelhas arqueadas de confiança.Gabrian
Garoto, nós somos companheiros agora. Eu cubro suas costas, tu cobre as minhas.Jinn
- Combinado!
*Satisfeito com as amizades feitas no dia e aprendizados absorvidos, Jinn cumprimento Gabrian e se recolheu para um canto. Havia aprendido a não dormir com a cabeça no chão, para não começar incêndios ao acordar. Então apenas sentou em pose de meditação de lótus e deixou seus olhos apagarem, seguido do corpo todo*
*Era hora de descansar*
DiceScarlata- MESTRE
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Re: A Fenda Estrelada
Parte 1: O Conto do Hynne
Embalados pelo balanço do navio, os aventureiros dormiam em suas redes no quarto do imediato Jack Rackham. Trigo Passadeiro foi um dos últimos a dormir, incomodando um pouco os demais com sua lamparina acesa sobre a escrivaninha dando tratos a um livro de capa dura, amarronzada com letras em dourado escuro.
Carmen e Jinn, mesmo que não dormissem, precisavam seguir certos "protocolos do sono" para recuperar as energias místicas que os mantinham despertos todos os dias. Ao seu modo, cada um encontrou um jeito de fazerem as pazes com seus corpos e espíritos, buscando no manto de Tenebra o acolhimento sadio.
O dia amanheceu cedo e quente, como de se esperar para o verão. O Ranger já não estava próximo à costa de Bielefeld, de modo que o Mar do Dragão-Rei era visto por todos os lados. Após o desjejum de pão endurecido, os aventureiros que perambularam pelo convés durante a manhã viram os marujos trabalharem arduamente, controlando os ventos, movendo o leme. O imediato Jack Rackham andava pela popa, a parte traseira do galeão, observando o mar em silêncio, como se esperasse o momento certo. Seu sorriso anunciou a subida da baleia. A criatura gigantesca emergiu dos mares a estibordo, jogando água para todo o convés, molhando Jinn.
O almoço chegou com a chamada do cozinheiro Lima, um homem com "problemas de Nimb". Ele era carrancudo, observava muito e fazia pouco. Falava frases desencontradas, não se fazia entender a maior parte do tempo. Apesar de não cozinhar tão bem quanto o antigo golem, todos na tripulação adoravam-no, contavam histórias e confidências, pois sabiam que ele não falaria nada a ninguém, ou se falasse, ninguém acreditaria. Lima cozinhava de maneira simples, descascava legumes e fazia um cozido comum, às vezes aguado, mas ninguém reclamava.
Trigo ignorava todos os tripulantes, ficava no quarto do imediato praticamente o dia todo e chegou a pedir para Krak que buscasse um prato de comida na hora do almoço, pois não podia interromper sua leitura e fazer suas anotações nos pergaminhos daquele livro de capa dura que não largava desde a noite anterior.
O capitão Charles Vane podia ser visto ao longo da tarde, caminhando pelo convés, conversando com seus tripulantes sobre os problemas eventuais do navio. Ele parecia sempre soturno e direto, mas eventualmente se aproximou dos aventureiros à tardezinha, antes de Azgher se por do céu.
A noite veio e quando os aventureiros se reuniram no quarto do imediato para dormir, Trigo estava acordado, de pé, observando a janela de vidro. Se algum dos aventureiros não aparecia, ele pediria para chamá-lo para uma conversa.
Embalados pelo balanço do navio, os aventureiros dormiam em suas redes no quarto do imediato Jack Rackham. Trigo Passadeiro foi um dos últimos a dormir, incomodando um pouco os demais com sua lamparina acesa sobre a escrivaninha dando tratos a um livro de capa dura, amarronzada com letras em dourado escuro.
Carmen e Jinn, mesmo que não dormissem, precisavam seguir certos "protocolos do sono" para recuperar as energias místicas que os mantinham despertos todos os dias. Ao seu modo, cada um encontrou um jeito de fazerem as pazes com seus corpos e espíritos, buscando no manto de Tenebra o acolhimento sadio.
O dia amanheceu cedo e quente, como de se esperar para o verão. O Ranger já não estava próximo à costa de Bielefeld, de modo que o Mar do Dragão-Rei era visto por todos os lados. Após o desjejum de pão endurecido, os aventureiros que perambularam pelo convés durante a manhã viram os marujos trabalharem arduamente, controlando os ventos, movendo o leme. O imediato Jack Rackham andava pela popa, a parte traseira do galeão, observando o mar em silêncio, como se esperasse o momento certo. Seu sorriso anunciou a subida da baleia. A criatura gigantesca emergiu dos mares a estibordo, jogando água para todo o convés, molhando Jinn.
O almoço chegou com a chamada do cozinheiro Lima, um homem com "problemas de Nimb". Ele era carrancudo, observava muito e fazia pouco. Falava frases desencontradas, não se fazia entender a maior parte do tempo. Apesar de não cozinhar tão bem quanto o antigo golem, todos na tripulação adoravam-no, contavam histórias e confidências, pois sabiam que ele não falaria nada a ninguém, ou se falasse, ninguém acreditaria. Lima cozinhava de maneira simples, descascava legumes e fazia um cozido comum, às vezes aguado, mas ninguém reclamava.
Trigo ignorava todos os tripulantes, ficava no quarto do imediato praticamente o dia todo e chegou a pedir para Krak que buscasse um prato de comida na hora do almoço, pois não podia interromper sua leitura e fazer suas anotações nos pergaminhos daquele livro de capa dura que não largava desde a noite anterior.
O capitão Charles Vane podia ser visto ao longo da tarde, caminhando pelo convés, conversando com seus tripulantes sobre os problemas eventuais do navio. Ele parecia sempre soturno e direto, mas eventualmente se aproximou dos aventureiros à tardezinha, antes de Azgher se por do céu.
Essa pergunta se repetiu a todos os aventureiros, se estavam separados ou a todos se estava juntos. Após a resposta, ele apenas resmungou e retornou para sua cabine.
O quanto está disposto a ganhar umas moedas extras, além do pagamento do senhor Passadeiro?
A noite veio e quando os aventureiros se reuniram no quarto do imediato para dormir, Trigo estava acordado, de pé, observando a janela de vidro. Se algum dos aventureiros não aparecia, ele pediria para chamá-lo para uma conversa.
Suas palavras pareciam morosas, como se estivesse com sono. Então, quando todos estavam prontos a ouvi-lo, Trigo se virou revelando olhos brilhantes, semi cerrados, um sorriso bobo e o nariz avermelhado. Pelo bafo de rum, estava bêbado.
Preciso revelar a vocês um conto.
Ele sentou no parapeito da janela de vidro, tendo o escuro mar às suas costas, a noite límpida e estrelada. A lua brilhava cheia lá fora dando uma boa claridade ao quarto.
Eu não sou um bardo, então já me perdoem de antemão...
Limpou a garganta antes de começar.
Você conhecem a história de Adhurian? É muito famosa da região onde vim, a antiga Hongari.
Cercado por uma concha de retalhos plantações, havia o Castelo de Adhurian. Diferentes tons de verde, marrom ou dourado coloriam a paisagem e dançavam no ritmo do soprar do vento. Trigo, aveia, milho e frutas da melhor qualidade cresciam fortes na terra preta, e flores úmidas de orvalho exalavam o perfume da vida. Localizado às bordas do antigo reino de Sambúrdia, o Celeiro de Arton, fartura era a definição do Condado de Adhurian.
Poucos povoados pontilhavam a região e diluíam a população escassa no território vasto. Suas espaçosas casas de madeira tinham acesso a poços e a estradas de terra batida. A vida naquela região era simples, porém confortável e alegre.
Erigidas na última colina antes do território inóspito das Montanhas Sanguinárias, as centenárias torres do Castelo de Adhurian cravavam-se no topo de um precipício. Como gigantescas sentinelas, tiravam proveito da posição privilegiada para vigiar o povoado no vale ao sul. De suas ameias, pendiam incontáveis estandartes azuis, onde figurava a águia prateada da família Windward.
Glorioso e pacífico foi o governo do conde Jared Windward. Porém conturbado e trágico foi o seu derradeiro final. Sombras da escuridão, maquinadas por um filho ingrato da corte, um jovem mesquinho chamado Eukithor Umbra, trouxe o desespero para o povoado e acabou com a tranquilidade da secular família qareen dos Windward. Sua alma refletia as sombras que destruíram vilarejos, assassinaram camponeses, e de posse da Joia da Alma, controlou o poder do Vazio, força primordial, cósmica, criadora de tudo e amante do Nada.
O Mundo de Arton teria um fim trágico, muito pior que cometas caindo do céu, sofridas guerras contra goblinoides, humanos e minotauros. Eukithor foi detido, porém, por um intrépido grupo de heróis: um guerreiro filho pródigo que retornou de seu exílio para enfrentar os temores de seu passado esquecido por magia. Uma druida em busca de crescimento e descobertas, uma mercenária lutando para descobrir seu lugar no mundo, uma sacerdotisa de Tanna-Toh enfrentando grandes muros de sua fé, um goblin criador de quinquilharias do continente sul e um valente lefou manipulador das artes místicas, enfrentando todo tipo de preconceito para proteger aqueles que o odiavam.
Bem, esta é a terra de Adhurian, seu condado, que perdura até hoje com relativa prosperidade. Oh, o conde Elmir vai adorar conhecê-los, oh, eu sei que vai.
Nota do Mestre:
* Sintam-se à vontade para interagir com os eventos e acontecimentos do dia, ou conversar com algum marujo. Resolvido no telegram, pois controlo eles dessa vez.
* É possível conversar com Jack Rackham ou Trigo Passadeiro a qualquer momento, as indicações de onde estão e o que fazem estão no texto.
* O capitão Charles Vane falou com cada um dos aventureiros e pode ser respondido e inquirido com uma interação rápida, pois ele demonstra pouca paciência.
* Trigo está bêbado, então suscetível a uma conversa maior e mais franca.
Dados dos Personagens:
- Carmen Lúcia <> PV: 18 PM: 4 Defesa: 18 <> Condição:
- Gabrian Barrington <> PV: 22 PM: 3 Defesa: 18 <> Condição:
- Jinn Scarlata <> PV: 23 PM: 3 Defesa: 16 <> Condição:
- "Jojo" <> PV: 23 PM: 6 Defesa: 19 <> Condição:
- Krak <> PV: 15 PM: 11 Defesa: 12 <> Condição:
Próxima Atualização: 28/09 segunda-feira
Maelstrom- MESTRE
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Re: A Fenda Estrelada
O dia começava no navio com uma curiosa cena, Jack parecia se preparar para algo, e alguma coisa se moveu nas aguas, jogando uma onda no convés, molhando Jinn.
Nesse momento ficou evidente que o "cabelo" dele eram chamas reais.
Não precisava confirmar, o Golem tinha chamas como cabelo, o fogo era aliado dele. Krak fez um truque de chamas e reancedeu Jinn, em seguida fez sinais sobre a roupa dele, para afastar a água, seca-lo.
Aquele dia passava rapido ou lento, viajar não realmente andando afetava a noção de tempo de Krak, que queria ser útil de alguma forma e acabou na cozinha.
Um dos olhos esbugalhou e o outro estreitou.
Mas Krak não estava acostumada ao balançar do mar, cortava mais que o necessário, derrubou a faca, e no fim em nada ajudou. Saiu por conta própria.
Enquanto retornava, Charles Vane fez uma pergunta curiosa, para dizer o mínimo.
O que o Imediato Jack Rackham disse estava preocupando Krak, deveria lidar logo com a situação, procurou Carmem, e não demorou muito a achar, porem a mulher fugia, evitava a todo momento a conversa, problema.
Quem havia levantado o topico era o Imediato, ele saberia resolver?
Ele dá uma risada e depois para, ao perceber que sua pergunta era séria.
Agradece e sai.
Nesse momento ficou evidente que o "cabelo" dele eram chamas reais.
Jinn, fique parado um pouco
Não precisava confirmar, o Golem tinha chamas como cabelo, o fogo era aliado dele. Krak fez um truque de chamas e reancedeu Jinn, em seguida fez sinais sobre a roupa dele, para afastar a água, seca-lo.
Ha males que vem por um motivo maior, agora sei que é intimo ao fogo, antes achei que as chamas em sua cabeça eram ilusões.
Aquele dia passava rapido ou lento, viajar não realmente andando afetava a noção de tempo de Krak, que queria ser útil de alguma forma e acabou na cozinha.
Tenho um pouco de experiência na preparação de refeições, gostaria de uma ajuda?
Um dos olhos esbugalhou e o outro estreitou.
E aponta para um balde de batatas. Havia uma faca cravada na mesa ao lado.
Sim... Pode...
Mas Krak não estava acostumada ao balançar do mar, cortava mais que o necessário, derrubou a faca, e no fim em nada ajudou. Saiu por conta própria.
Enquanto retornava, Charles Vane fez uma pergunta curiosa, para dizer o mínimo.
Se convencer o Paladino a participar disso, acho que todo o grupo aceita. O que tem em mente?
Estou esperando confirmação. Depois procuro vocês.
O que o Imediato Jack Rackham disse estava preocupando Krak, deveria lidar logo com a situação, procurou Carmem, e não demorou muito a achar, porem a mulher fugia, evitava a todo momento a conversa, problema.
Quem havia levantado o topico era o Imediato, ele saberia resolver?
Jack recostava-se na amurada do navio.
Não consigo nem ao menos conversar com a Carmem, acho que até mesmo ela não tem dormido, esperando ser atacada. Voce começou a dúvida, pode me explicar o porque?
Krak sabia que existia só uma verdade, que é a confiada pela pessoa, isso era apenas uma história até que Carmem mostrasse que fazia esses comportamentos.
Ora, apenas fiquei curioso. Você parece ser uma devota de Azgher diferente, pois todos que conheci, além de carregarem uma representação (brega) do sol no peito, caçavam aqueles que rastejavam a noite. Parte de mim tende a não gostar disso também, pois eles reverenciam a morte, ou os mortos que nunca descansam. Fazem rituais estranhos, sacrifícios humanos e essa coisa toda. Mas se Trigo contratou essa mulher, realmente, ele perdeu sua cabeça. Ou tem algo planejado para ela.
Isso não ajuda a entender o que fiz de errado, se é que fiz. Não quero lutas internas, só que ela não dá abertura para conversa. Vejo que tem jeito com palavras, o que faria se nós duas fossemos membros permanentes dessa tripulação?
Ele dá uma risada e depois para, ao perceber que sua pergunta era séria.
Eu não as colocaria juntas. Seria uma ou outra. Como falei, eu tenho preferência por gente que possa confiar, que não vai me esconder nada. Azgher é um deus honesto. Tenebra é uma deusa misteriosa demais. Mas se Trigo as colocou juntas, deve haver um motivo além de suas devoções. E ele espera que dê tudo certo. Aí só perguntando ao Trigo mesmo.
Vou ter de perguntar a ele então.
Agradece e sai.
Astirax- Nível 2
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Re: A Fenda Estrelada
Dormindo.
Os sonhos de Gabrian o levavam para terras inóspitas, estranhas. Viu grandes mares de areia amarela, um sol inclemente no horizonte. E então, uma cidade de muros altos, palácios de torres abobadadas, janelas de vidro, casas de cerâmica e ouro. O sol sorriu formando o rosto de uma mulher. Era a bruxa dourada.
Gabrian abriu os olhos, em um pequeno espasmo controlado, para não cair da rede de novo. Dessa vez, via todos dormirem, menos Trigo. A luz de sua vela devia ter influenciado seu sonho... ou teria sido outra coisa?
Manhã do desjejum.
Durante a parte da manhã, Gabrian observou Krak com interesse, talvez influenciado por seu sonho no deserto. Ela conjurava uma mágica e o pão ficava com uma aparência melhor. Não acreditando no que via, observou com mais interesse. E então, quando ela comia com habilidade para não revelar seu rosto, nem um centímetro dele, Gabrian lhe deu um susto falando de supetão.
Após o desjejum, Gabrian foi respirar um ar fresco, longe do cheiro de madeira e suor e rum. O ar era quente, mas úmido e ele suava. Pensando em tirar a armadura, mas não querendo confiar em ninguém ali para ficar sem proteções, Gabrian perambulou pelo convés entediado, procurando o que fazer.
A baleia saltou sem aviso, dando-lhe um susto, jogando água pelo convés. Gabrian estava longe do alcance da água, mas viu Jinn se molhar.
A tarde.
Gabrian encontrou Krak depois que Jack Rackham se afastou. Queria na verdade falar com ele, mas se interrompeu ao falar com ela.
Gabrian andou procurando pela tal Carmen Lúcia, quando sentiu uma sombra em suas costas. Era o capitão. Gabrian o via pela primeira vez fora de sua cabine. Perguntava se queria fazer um trabalho extra.
A noite.
Distraído por Charles Vane e os pensamentos que ele provocou, Gabrian acabou esquecendo de procurar por Carmen. Ficou sentado boa parte do tempo, rememorando a noite com "Margareth" e sentiu saudade dela. Cochilando por um momento, teve um sonho rápido e agitado com o minotauro Marius. A noite chegou e ele viu Carmen Lúcia em um canto perambulando.
Na cabine do imediato.
Gabrian chegou cansado de não fazer nada e tirou suas ombreiras de metal, colocando-as perto da mochila, no chão. Então, largou sua katana de qualquer jeito sobre a rede e retirou o corselete de couro endurecido, esmaltado em vermelho e com placas de metal, deixando-o cair para trás da rede sem cerimônia. Seu medalhão havia caído junto, misturado às peças da armadura.
Trigo parecia bêbado e pediu para chamar todo mundo. Logicamente, Gabrian não fez nada, apenas recostando-se na rede para esperar o sono chegar. O hynne falava de um conto e que iria contar a todos, mas o guerreiro não tinha interesse naquele momento. Até que o mercador começou a falar fisgando sua atenção. Gabrian se sentou na rede, com os pés mal tocando o chão. Ouviu. Começava com uma descrição do lugar e realmente, ele conseguiu visualizar ao fechar os olhos. Então, a história se torna trágica, nomes são revelados.
Os sonhos de Gabrian o levavam para terras inóspitas, estranhas. Viu grandes mares de areia amarela, um sol inclemente no horizonte. E então, uma cidade de muros altos, palácios de torres abobadadas, janelas de vidro, casas de cerâmica e ouro. O sol sorriu formando o rosto de uma mulher. Era a bruxa dourada.
Gabrian abriu os olhos, em um pequeno espasmo controlado, para não cair da rede de novo. Dessa vez, via todos dormirem, menos Trigo. A luz de sua vela devia ter influenciado seu sonho... ou teria sido outra coisa?
Manhã do desjejum.
Durante a parte da manhã, Gabrian observou Krak com interesse, talvez influenciado por seu sonho no deserto. Ela conjurava uma mágica e o pão ficava com uma aparência melhor. Não acreditando no que via, observou com mais interesse. E então, quando ela comia com habilidade para não revelar seu rosto, nem um centímetro dele, Gabrian lhe deu um susto falando de supetão.
Alguns tripulantes lhe dirigiram olhares reprovadores, mas o jovem não ligava.Gabrian
Ei, Queiraque! Pode fazer isso com meu pão também? É tão triste comer algo duro e ruim como isso aqui, depois de comer aqueles pães doces maravilhosos de Porto do Rei.
Os sinais mágicos estavam lá novamente, e o mesmo efeito acontecia no pão segurado por Gabrian. Seguido a isso, os sinais mágicos continuaram, tirou o pó do couro da armadura, as sujeiras impregnadas nas ombreiras de metal, a poeira endurecida do medalhão Vlamingen em seu peito. O cabo e a bainha da katana pareceram brilhar, polidas.Krak
Claro, e vou fazer algumas adicionais.
Gabrian olhou para os demais antes de olhar para Krak de novo, com olhos arregalados.Krak
Pronto.
Apesar de se surpreender, não a magia como algo novo. Seu mestre, mesmo sendo um guerreiro, sabia conjurar magias grandiosas. Mas nunca o viu conjurar algo para limpar suas roupas. Algo extremamente corriqueiro e útil. De repente, Gabrian se viu sorrindo para Krak em sua simplicidade.Gabrian
Nossa. Valeu mesmo.
Após o desjejum, Gabrian foi respirar um ar fresco, longe do cheiro de madeira e suor e rum. O ar era quente, mas úmido e ele suava. Pensando em tirar a armadura, mas não querendo confiar em ninguém ali para ficar sem proteções, Gabrian perambulou pelo convés entediado, procurando o que fazer.
A baleia saltou sem aviso, dando-lhe um susto, jogando água pelo convés. Gabrian estava longe do alcance da água, mas viu Jinn se molhar.
Riu apontando para ele.Gabrian
Ahahahahaha!
A tarde.
Gabrian encontrou Krak depois que Jack Rackham se afastou. Queria na verdade falar com ele, mas se interrompeu ao falar com ela.
Gabrian
Ei, Queiraque. Você vem da tribo Alcham Almamia não é isso? Onde ela fica?
Gabrian balançou a cabeça concordando.Krak
Eu não entendo mapas, fica no Deserto, éramos nômades antes de encontrar o Oásis Prometido em profecia. É um local acredito que bem conhecido hoje, aproveitei uma caravana que saía de lá para vir aqui.
Gabrian
Entendi. E no deserto deve ser muito mais quente que aqui, me disseram. Por que fica com a máscara o tempo todo? Até pra comer...
A voz dela pareceu sumir aos poucos:Krak
Sinto falta do calor, muito.
Gabrian aproximou seu rosto franzindo a testa, como se quisesse ouvir melhor o que foi dito.Krak
Parte da devoção a Azgher é nunca revelar o rosto.
E sorriu matreiro.Gabrian
Que? Nossa. Que HORRÍVEL. Eu... ah, nem um pouquinho? Tipo, de noite? Ou escondido do sol? Azgher não vai ver através das paredes.
Sentenciou. Gabrian suspirou resignado.Krak
Ele é o grande Vigilante, vai saber.
E ofereceu a mão em cumprimento. Esperava ir embora, distraído, quando sentiu o toque. Era quente, muito quente. Gabrian a olhou com surpresa. Ela parecia sem alterações.Gabrian
Então, tá bom. Espero que dê tudo certo nessa empreitada que faremos. Já falei com Jinn sobre isso, então reforço com você. Conto com suas mágicas e você pode contar com minha katana. Estamos juntos nessa.
Gabrian soltou a mão e a olhou algumas vezes. Sentia o calor seco. Limpou o suor da testa com a outra mão, menos quente.Krak
Quanto a isso, minha herança funciona melhor quando me pedem magias. Posso curar ferimentos, fazer objetos se transformarem, com limites, lançar rajadas de fogo. Você... luta com essa espada?
E sorriu com olhos no mar, lembrando dos diversos combates quando treinava nas ruas. Então, Krak mudou de assunto.Gabrian
Sei lutar com qualquer arma, mas essa espada é meu foco. É o estilo Yamada-Ryuu. Bastante testado, se quer saber.
Ele suspirou, esfregando os olhos.Krak
A Carmen me evita, será que poderia falar com ela? Tentar me dar uma chance?
Krak riu alto e Gabrian se afastou em gargalhadas também.Gabrian
É porque ela deve servir a Tenebra, não é isso que Rackham disse? Eu não sei, não confio nessa mulher gigante. Parece que tem duas crianças, uma em cima da outra, fingindo ser um adulto. Heh, isso seria engraçado. Vou falar com ela. Licença.
Gabrian andou procurando pela tal Carmen Lúcia, quando sentiu uma sombra em suas costas. Era o capitão. Gabrian o via pela primeira vez fora de sua cabine. Perguntava se queria fazer um trabalho extra.
O homem resmungou algo e se afastou tão logo quando se aproximou. Gabrian não entendeu aquela abordagem estranha. Será que Trigo sabia disso? De qualquer forma, deixou sua resposta sem certezas. Não queria participar de algo sozinho, pois não confiava em Charles Vane. E também tinha um senso de grupo, queria que todos os aventureiros trabalhassem juntos. Algo que aprendera a valorizar quando se filiou aos Vlamingen.Gabrian
Se todos concordarem, sim.
A noite.
Distraído por Charles Vane e os pensamentos que ele provocou, Gabrian acabou esquecendo de procurar por Carmen. Ficou sentado boa parte do tempo, rememorando a noite com "Margareth" e sentiu saudade dela. Cochilando por um momento, teve um sonho rápido e agitado com o minotauro Marius. A noite chegou e ele viu Carmen Lúcia em um canto perambulando.
Se aproximou com cautela. A mulher virou o rosto na direção dele, esperando ele continuar.Gabrian
Ei, Carmen Lúcia. Uma palavrinha, sim?
Gabrian
Sei que você não é de falar e tal, mas vem cá. Nós somos um grupo contratado, temos que nos dar bem e tal. E a Queiraque disse que tu não vai com a cara dela... mesmo nem sabendo como ela se parece. Isso é porque você é devota de Tenebra e ela de Azgher?
Gabrian parece se esforçar para entender.Carmen Lúcia
Donde vengo los que so como ela são pessoas de la lei que caçam pessoas como yo. la enite e lo dia são coisas distintas Gabrian, será melhor para ensso trabajo que cada uen fique en su lugar, no quero ter que mata-la sem receber algo por isso.
Gabrian
Sei nada disso não, viu. Queiraque é um amor de moça. Uma pessoa muito boa. Ela não quer te caçar, não faz sentido. Ela quer ser sua amiga, pelo que entendi. Fale com ela. Só não falar de religião que vocês se darão bem.
Gabrian já imaginava.Carmen Lúcia
Yo no tengo amigos
Incentivou mais uma vez.Gabrian
Não imagino por quê... Então sua primeira amiga será uma azghelita. Veja só, que irônico, não é? Vai lá, fala com ela.
A mulher gigante se afastou em silêncio. Gabrian revirou os olhos, balançando a cabeça negativamente.Carmen Lúcia
Meu interesse com ela é apenas el trabajo. No necessito de amigos.
Na cabine do imediato.
Gabrian chegou cansado de não fazer nada e tirou suas ombreiras de metal, colocando-as perto da mochila, no chão. Então, largou sua katana de qualquer jeito sobre a rede e retirou o corselete de couro endurecido, esmaltado em vermelho e com placas de metal, deixando-o cair para trás da rede sem cerimônia. Seu medalhão havia caído junto, misturado às peças da armadura.
Trigo parecia bêbado e pediu para chamar todo mundo. Logicamente, Gabrian não fez nada, apenas recostando-se na rede para esperar o sono chegar. O hynne falava de um conto e que iria contar a todos, mas o guerreiro não tinha interesse naquele momento. Até que o mercador começou a falar fisgando sua atenção. Gabrian se sentou na rede, com os pés mal tocando o chão. Ouviu. Começava com uma descrição do lugar e realmente, ele conseguiu visualizar ao fechar os olhos. Então, a história se torna trágica, nomes são revelados.
Arriscou.Gabrian
Então... Adhurian é um condado, não só um castelo. E hoje passa por problemas?
Gabrian revirou os olhos. O hynne exagerava nos mistérios. Sem paciência, afrouxou-se na rede, preparando para descansar. Mas então, lembrou de algo que queria perguntar. Tomado pela urgência, se sentou de novo na rede.
Todo lugar tem problemas. Mas sim, é um condado.
O hynne dessa vez começava a se soltar.Gabrian
Senhor Passadeiro, você conhece o capitão Vane, né? No que eles tão metido? Eu e o Jojo aqui acreditamos que ele possa ser um pirata. Mas você não faria negócios com piratas, faria? Conta mais aí.
Uma risada afrouxa em seu rosto.
"Ic". Piratas ... piratas são negociantes como outro qualquer, se você se mantém fora do mar. "Ic".
Não, Charles não é pirata. Mas também não é... "ic"... totalmente decente.
Gabrian
Ah não? Ele faz o que? Duvido que seja só escoltar hynnes pelo Mar do Dragão-Rei.
Dessa vez, sua risada foi inaudível. Gabrian balançou a cabeça com um sorriso no rosto. Lembrou da abordagem de Charles Vane durante o dia. Um trabalho extra, então, talvez tivesse a ver com a caçada de algum fora da lei, ou ataque a um monstro. Gabrian sentia-se instigado a aceitar...
Sabe o nome desse navio? O Ranger? Então. Ele é um caçador. Ele caça no mar... caça criaturas marinhas, monstros... caça fora da lei... e também leva amigos de um ponto a outro nesse meio tempo.
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O Duelo de Dragões (T20): Max Reilly (Humano, Bárbaro 1, Soldado)
Coração de Rubi (T20): Adrian Worchire (Humano, Guerreiro 1, Nobre Zakharoviano)
Cinzas da Guerra (T20): Tristan de Pégaso (Humano, Paladino de Valkaria 1, Escudeiro da Luz)
Guilda do Mamute (3DeT Victory): Aldred (Humano, kit Artista Marcial, N11)
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Re: A Fenda Estrelada
Assinou o contrato muda. Não tinha mais o que falar com o pequeno Hynne que parecia estar escondendo o jogo e o dinheiro. Ficou em seu canto pensativa e esperando o barco.
Em outra situação teria se incomodado com o fato de o pequenino ter tomado um "balão" dos contratantes dos navios mas achou graça que as coisas aparentemente não tinham saído como planejado e um novo capitão havia aparecido. Entretanto, lembrou-se que precisava daquele dinheiro e talvez aquilo fosse um problema. Ficou pensando se aqueles na verdade não eram piratas os enganando.
Deu de ombros.
Dentro do navio pouco falava. Ficava em seu canto, esperando que ocorresse alguma coisa. Se incomodava com o imediato falastrão e evitava o contato com ele. A mascarada ficava procurando algum contato após algo que ele havia falado e isso a incomodou o triplo.
Logo o tipo chamado Gabrian foi atrás dela, tentando convence-la a dar uma chance. Estava irritada já com aquilo. Porque as pessoas queriam tanto se aproximar agora dela? Sempre havia sido o inverso, todos eles a evitavam e nesse momento de sua não vida ela sentia que era o melhor.
Amigos eram apenas mais uma fraqueza que te tornava vulnerável. Havia aprendido isso quando se juntara anos atrás ao bando de Olho-Vazado e ele havia traído a todos em favor da benção de Ragnar.
Olhava o mar na noite estrelada enquanto pensava nisso e fechou os dedos longos de sua mão.
. . . . . . . .
Em uma noite Trigo chamou a todos eles para conversarem. Ouviu a história que contava sobre Adhurian. Pensou no que ele queria com aquilo e deu de ombros. Para ela importava agora apenas que Trigo a pagasse, mas não deixou de ficar curiosa com aquela história e como Arton estava cheia de histórias de pessoas tão dispares que se encontravam sob circunstancias estranhas e realizavam feitos.
Olhou então para os outros.
Não eram diferentes do que havia sido narrado por Trigo.
Teria respirado fundo se pudesse.
Balançou a cabeça e não disse mais nada.
Em outra situação teria se incomodado com o fato de o pequenino ter tomado um "balão" dos contratantes dos navios mas achou graça que as coisas aparentemente não tinham saído como planejado e um novo capitão havia aparecido. Entretanto, lembrou-se que precisava daquele dinheiro e talvez aquilo fosse um problema. Ficou pensando se aqueles na verdade não eram piratas os enganando.
Deu de ombros.
Dentro do navio pouco falava. Ficava em seu canto, esperando que ocorresse alguma coisa. Se incomodava com o imediato falastrão e evitava o contato com ele. A mascarada ficava procurando algum contato após algo que ele havia falado e isso a incomodou o triplo.
Logo o tipo chamado Gabrian foi atrás dela, tentando convence-la a dar uma chance. Estava irritada já com aquilo. Porque as pessoas queriam tanto se aproximar agora dela? Sempre havia sido o inverso, todos eles a evitavam e nesse momento de sua não vida ela sentia que era o melhor.
Amigos eram apenas mais uma fraqueza que te tornava vulnerável. Havia aprendido isso quando se juntara anos atrás ao bando de Olho-Vazado e ele havia traído a todos em favor da benção de Ragnar.
Olhava o mar na noite estrelada enquanto pensava nisso e fechou os dedos longos de sua mão.
. . . . . . . .
Em uma noite Trigo chamou a todos eles para conversarem. Ouviu a história que contava sobre Adhurian. Pensou no que ele queria com aquilo e deu de ombros. Para ela importava agora apenas que Trigo a pagasse, mas não deixou de ficar curiosa com aquela história e como Arton estava cheia de histórias de pessoas tão dispares que se encontravam sob circunstancias estranhas e realizavam feitos.
Olhou então para os outros.
Não eram diferentes do que havia sido narrado por Trigo.
Teria respirado fundo se pudesse.
Balançou a cabeça e não disse mais nada.
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Re: A Fenda Estrelada
Jojo sempre gastava algum tempo retirando sua armadura antes de dormir e ali no navio não seria diferente. Nas manhã seguinte, precisava usufruir de mais algum tempo para colocá-la de volta. Não era o ambiente ao qual estava costumado, embora tivesse viajado de navio de Wynlla para Bielefeld, mas se algo acontecesse, preferia estar de armadura, embora talvez lutadores ágeis tivessem vantagem.
Durante o dia, sempre gostava de observar o trabalho no navio, em como era feito, quem fazia o que. Certa vez, foram agraciados com a aparição de um grande baleia.
Mas principalmente, gostava de ficar na amurada, de olhos fechados as vezes, sentindo a brisa, o balançar das águas e o som dos pássaros. Outra vezes, gostava de manter os olhos abertos para ver a paisagem, gravar os momentos daquela aventura, pois era uma dádiva de Valkaria cada viagem e nova experiência. Sabia também que essas experiências nunca iriam acabar, pois mesmo que um dia voltasse a passar naquele mesmo ponto e naquela exata hora, tudo seria diferente. A situação, o mundo e até ele mesmo. Sua deusa era uma entidade da ambição, da humanidade, mas também das mudanças.
Acabou saindo de seus devaneios quando o capitão Vane se aproximou, com uma proposta um tanto que vaga. Jojo então se reclinou para o homem.
Os ventos marítimos ondulavam os cabelos de Jojo, sedosos, loiros pálidos.
O homem não riu, mas havia um sorriso de canto de boca.
Se foi em seguida.
Jojo ponderou um pouco e então volto para a amurada. A noite Trigo chamou todos para uma "reunião", não demorou muito para que o paladino percebesse que o mesmo estava bêbado. Eles então ouviram a história. O rapaz não havia achado o mais mirabolante conto, talvez porque o pequeno não fosse um bardo ou por algum outro motivo que não sabia explicar. Ainda assim, outros fatores atiçavam sua mente. Semicerrou os olhos, curioso, porém esperou que Gabrian terminasse sua conversa com ele.
Jojo sorriu e deixou o bebum de lado, fazendo um sinal para Jinn o seguir, sentando-se distante dos demais, enquanto passava as mãos pelos cabelos e os deixava escorrer logo em seguida.
Jinn segue com o paladino e baixa sua voz metálica ao falar.
Depois disso, se preparou para dormir.
Durante o dia, sempre gostava de observar o trabalho no navio, em como era feito, quem fazia o que. Certa vez, foram agraciados com a aparição de um grande baleia.
Mas principalmente, gostava de ficar na amurada, de olhos fechados as vezes, sentindo a brisa, o balançar das águas e o som dos pássaros. Outra vezes, gostava de manter os olhos abertos para ver a paisagem, gravar os momentos daquela aventura, pois era uma dádiva de Valkaria cada viagem e nova experiência. Sabia também que essas experiências nunca iriam acabar, pois mesmo que um dia voltasse a passar naquele mesmo ponto e naquela exata hora, tudo seria diferente. A situação, o mundo e até ele mesmo. Sua deusa era uma entidade da ambição, da humanidade, mas também das mudanças.
— Sempre buscando mais — disse consigo mesmo. Mas o que ele buscava?
Acabou saindo de seus devaneios quando o capitão Vane se aproximou, com uma proposta um tanto que vaga. Jojo então se reclinou para o homem.
— E estamos falando sobre o que exatamente, capitão? Minha prioridade e dever é para com o senhor Trigo, mas se for uma tarefa ao meu alcance... — ele dá um risinho pensando nas possibilidades — E aventuras nunca são demais, não é mesmo?
Hmm — um suspiro zombeteiro — ainda aguardo confirmação, paladino. Mas não será nada que envolva quebrar seus votos.
Os ventos marítimos ondulavam os cabelos de Jojo, sedosos, loiros pálidos.
— Meus votos apenas serão quebrados se este navio encalhar e eu ficar preso aqui um mês ou... Se o senhor me pedir em casamento e eu aceitar — e riu — Bom, quando tiver mais detalhes poderei dizer que sim ou que não. Embora uma grana a mais seja sempre uma boa escolha, afinal a vida na estrada não é fácil.
O homem não riu, mas havia um sorriso de canto de boca.
E a vida no mar, muito menos.
Se foi em seguida.
Jojo ponderou um pouco e então volto para a amurada. A noite Trigo chamou todos para uma "reunião", não demorou muito para que o paladino percebesse que o mesmo estava bêbado. Eles então ouviram a história. O rapaz não havia achado o mais mirabolante conto, talvez porque o pequeno não fosse um bardo ou por algum outro motivo que não sabia explicar. Ainda assim, outros fatores atiçavam sua mente. Semicerrou os olhos, curioso, porém esperou que Gabrian terminasse sua conversa com ele.
— Conhece muito bem a história, senhor Trigo... Onde a ouviu? Conhece todas essas pessoas de que fala?
Ic... ouvi... ouvi por aí. Sou amigo do conde. Amigo de Elmir Windward.
Jojo sorriu e deixou o bebum de lado, fazendo um sinal para Jinn o seguir, sentando-se distante dos demais, enquanto passava as mãos pelos cabelos e os deixava escorrer logo em seguida.
— O que acha sobre essa história de pararmos em Aslothia?
Jinn segue com o paladino e baixa sua voz metálica ao falar.
Jinn
- Eu ouvi sobre lá...É cheio de mercenários e mortos que reinam não é? Se você me perguntar o que acho... Perigoso. Ainda mais para um mercador e com um grupo tão pequeno que nem o nosso né...
— Pois, é... Mas sabe o que fico pensando? Lá antes também era um reino de hynnes e Trigo e é um hynne. Será que o que ele quer lá não tem a ver mais com algo pessoal que profissional?
Jinn
- ERR.. era... era.. Hon..gari né? Eu li sobre. A casa dele também se foi... Eu entenderia se fosse pessoal... Mas por que ele não nos diria? Seria melhor se contasse... Será que é difícil pra ele falar sobre? Deve estar muito triste....
— Não sei, talvez seja isso... Ou ele não queria colocar isso no contrato. Bom — ele olha de soslaio para Jinn — talvez a gente veja uns morto-vivos. Grrrr! — termina erguendo as mãos do lado da cabeça, imitando um monstro, depois sorri.
Jinn
- AH! - Jinn fingiu tomar um susto e depois riu - Eu ja vi alguns mortos vivos... Tio Fargrimm andava cm alguns por ai e me ensinou sobre Tenebra hehehe Mas... Eu não quero encontrar os do tipo GRRR... Não mesmo....
— Olha... — sorriu e não continuou — Bom, Jinn, vou dormir. Boa noite...
Depois disso, se preparou para dormir.
Re: A Fenda Estrelada
JINN, FILHO DE JIHADJinn
- SOCORRO!! EU CAI NO MAR! NUNCA MAIS VOU SER VISTO!!AAAAAAAAH!!
*Jinn havia dado um salto quando foi atingido pelo jato d'agua. Nem sabia como havia sentido aquilo, só sabia que estava ensopado. Se imaginou sendo engolido pelo grande oceano, chegando as profundezas, sendo esmagado pela pressão. Viraria uma latinha de sardinha*
*Então percebeu que ainda estava de pé no navio, sem dano algum. Colocou a mão em seu peito metálico, aliviado. Então viu a criatura. *Jinn
- Uaaaaaah... Uma baleia azul, um mamifero! Ela não é um peixe. E pode ser o maior animal do mundo nos mares, mas este ainda não atingiu sua plenitude! Segundo o período que estamos... Ela está em migração! Li isso num livro, muito tempo atrás... Estou tão feliz que posso ver uma!
*Jinn ficou maravilhado com a cena. Com seu nadar. Com força vital que existia naquela criatura que era um pouco de grande oceano, um pouco de Allihana e um pouco de Lena. Três divindades formavam a chamada vida. Era incrível. O menino golem se permitiu assistir um pouco a cena, antes de retornar para algum canto, onde pudesse literalmente se aquecer*
*Mestre Hexus, ou treinador Hexus sempre repetia; No minimo 1000 jabs por dia. Para o corpo nunca esquecer a sensação.*Jinn
- Vamos lá... JAB!
*O primeiro soco veio desajeitado, ainda timido por todos o olharem. Então se lembrou. O jab era um golpe preparador. Tinha muitas funções: Medir alcance, manter um oponente afastado, preparar uma sequência... mas ao mesmo tempo, podia ser um golpe finalizador. Um pugilista devia dominar o jab acima de todas as outras técnicas. Então foi o que fez. Relaxou o punho e sentiu o calor que era a sua alma se espalhar pelo corpo inteiro. Então começou a desferir socos em vultos. Tudo que se viam eram manchas vermelhas metralhando o ar*Jinn
- Jab! Jab! Jab! Jab! Jab! Jab! Jab! Jab! Jab! Jab! Jab! Jab! Jab! Jab! Jab!.
*Golpeou preciso e afiado, imaginando diferentes tipos de alvos, em diferentes tamanhos e movimentos. Quando finalmente terminou, seu corpo todo fervia e vapor emanava dele. Quanto terminou, todos já haviam almoçado. Ainda bem. Lembrar que não podia comer em nenhuma das três refeições o entristecia*
*O capitão falou de mais dinheiro. Ele realmente não ligava para isso. Sabia que precisaria para a viagem, manutenção de seu corpo ou emergências... Mas não precisava comer e nenhum necessidade que podia exigir dinheiro. Então ficaria feliz apenas com o essencial. Mas... Swe todos participassem, ia querer também*
*Pensou em conversar mais com Krak ou Carmen, mas ainda se sentiu meio timido com ambas. Esperaria outro momento*
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*A noite chegou e Jinn se sentou com os demais para ouvir o conto do Hynne. Prestou atenção enquanto pedia uma pena, tinta e papel a alguém, para anotar o que ouvia. Nunca tinha escutado tal conto e não lembrava de sua mãe mencionar Adhurian. Mas ela já havia visitado o mundo e não duvidaria de nada*Jinn
- Adhurian...
*Antes de outro sono, Jojo foi ter com ele. Isso deixava Jinn feliz, pois ele mesmo ainda se sentia travado em se relacionar, achando que pensariam mal dele. Pelo menos havia passado um bom dia ajudando os marinheiros com tudo o que precisassem. E observando também*
*Sem mais a fazer, Jinn se entregou ao descanso, com mais sonhos saudosos e felizes com sua familia desaparecida*
Última edição por DiceScarlata em Ter Set 29, 2020 2:00 am, editado 1 vez(es)
DiceScarlata- MESTRE
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Re: A Fenda Estrelada
Parte 2: Porto de Almas
O dia amanheceu ensolarado, com poucas nuvens e de muita ventania. O Ranger singrava pelo Mar do Dragão-Rei levando os aventureiros e seu contratante para seu destino final no Castelo de Adhurian. A manhã preguiçosa veio com o desjejum, reunindo os tripulantes e dessa vez até mesmo o capitão Charles Vane, que antes comia em sua cabine. Trigo não dava as caras, como não deu no dia anterior. Jack Rackham parecia animado como sempre, conversando com outros tripulantes.
O capitão sentou-se à mesa com os aventureiros, pelo menos três deles, Gabrian, Jojo e Krak. Tinha um prato de cerâmica na mão com um pão amassado, especiarias por cima. Na outra mão, um mapa, que foi colocado no meio da mesa dos três aventureiros.
***
Perto da hora do almoço, Krak foi procurada por um marujo que lhe disse ser esperada na cozinha por Lima. O cozinheiro lélé das ideias sorriu quando a viu.
O almoço, bem como a tarde e a noite vieram monótonas, bem como o alvorecer do dia seguinte, e do dia seguinte e do dia após esse. Gabrian, Jojo e Krak se não comessem suas rações, começariam a sentir o corpo perder gordura devido a escassez de alimentos e o calor constante mesmo à noite. A rotina começava a ser sentida por todos, Trigo continuava dentro do quarto do imediato, fazendo uso do estoque de velas escrevendo e lendo até a alta noite.
No sétimo dia, na parte da manhã, quando o sol começava a nascer, um marinheiro gritou "terra à vista" no alto do mastro e os preparativos para aportar começaram. Em poucas horas os aventureiros viam uma costa rochosa, um penhasco branco de calcário encimado por uma campina verdejante. Porém, o que mais chamava atenção eram as brumas que envolviam as vistas.
Uma hora depois, era possível ver, mesmo através da neblina, uma cidade portuária. Era formada por construções de madeira e pedra, com telhados de tijolos vermelhos, espalhadas por uma colina verdejante. Havia muita lama espalhada pelas ruelas, muitas ruínas de casebres diminutos e muito entulho. Haviam casas de tamanho padrão, mas estas eram feitas de madeira, irregulares, dispersadas sem planejamento. Trigo surgiu da cabine do imediato com olhos arregalados e se pendurou na amurada do navio.
***
Apesar do céu claro, de sol inclemente daquele verão, à medida que o Ranger se aproximava da costa de Aslothia, a temperatura caía e o céu ficava escuro. Era como se uma grande nuvem azul acinzentada tomasse o céu daquela região, emitindo raios eventuais em um nublado perpétuo. Apesar de ser dia, a névoa cobria boa parte da visão baixa da cidade. Havia alguns navios aportados no grande porto — muito maior do que Porto do Rei em Bielefeld — onde a atividade comercial pulsava, com marujos de todos os tipos, homens e mulheres metidos em casacões de variadas condições. Havia muitos homens e mulheres uniformizados com barbas por fazer e cabelos descuidados, combinando com a sujeira da paisagem local. Todos carregavam uma insígnia de uma caveira abotoada na camisa sob o casaco e sobre suas cota de malhas de aço. Eram os milicianos do porto da cidade.
O Ranger aportou em um píer e logo a tripulação responsável começou a levar os caixotes que não estavam marcados pela tinta vermelha de Trigo para o convés e depois para o tablado de madeira. Milicianos do porto abordaram o navio e inspecionaram pergaminhos entregues pelo imediato Jack Rackham.
***
Porto das Almas era um lugar decadente. Um olhar atento podia enxergar a outrora Colina dos Bons Halflings, um lugar pacífico, de casebres padronizados, tocas na colina principal que dava nome à cidade. Agora havia lama no chão, casas de madeira espalhadas como ervas daninhas e nenhum hynne nas ruas. As antigas tocas viraram lugares de entulhar lixo, os casebres padronizados viraram ruínas, exceto aquelas mais ao topo da colina, destinada provavelmente aos mais ricos e nobres. No topo da colina havia uma construção de pedra que mais lembrava um forte, mas era o castelo do governo da cidade.
Havia diversas tavernas em Porto das Almas. Nenhuma delas lembrava a arquitetura hynne antiga, eram todas novas e infestadas de humanos com suas botas lamacentas. Não havia não-humanos por ali. Os aventureiros atraíam olhares pelas ruas e aonde chegavam em aglomerações, a conversa morria e o silêncio imperava com as brumas que rodeavam a cidade. Trigo acompanhou o grupo, mas ninguém lhe dava atenção. Uma criança descalça, de cabelos desgrenhados, vestindo não mais do que trapos o confundiu com uma criança.
O ambiente era escuro, iluminado por velas e lanternas furta-fogo penduradas nas paredes. As paredes eram decoradas por brasões pintados em escudos de madeira. Havia diversas mesas e o movimento não dava impressão de preencher totalmente o lugar. O taverneiro era um homem cheio, seu queixo se perdia no pescoço. Apresentava calvice, mas cabelos laterais grisalhos penteados com esmero. Sua roupa denotava algum luxo, com ombreiras decentes, mas estava claro que era velha. Ele sorriu quando os aventureiros entraram em seu estabelecimento. Seus olhos eram rápidos como de uma rapina e logo se dirigiram a Jojo.
Havia poucos clientes, mas havia alguns tipos estranhos.
Um grupo de humanos conversavam animados trajando armaduras de couro e aço, um com tapa olho, outro gigante e careca, um se gabando por mostrar uma katana aos outros, e outro quieto na sua, de cavanhaque, observando os aventureiros com interesse. A mesa tinha restos de carne, o pote de azeitonas intocável e ninguém parecia beber nada.
Um homem de ombros largos, em uma couraça de metal delineada em seu corpo sobre o couro endurecido, vestia um capa pesada e um capuz que projetava sombra em todo seu rosto. Usava luvas, tinha uma mochila encimada por um saco de dormir ao lado de sua cadeira. Bebia uma cerveja em um copo de vidro, espumada.
Havia um inusitado trio de goblins em uma agitada mesa. A conversa animada fluía na língua própria da raça e variava entre risadas desvairadas, falação atropelada, arrotos, tapas e resmungos. A mesa estava emporcalhada, a bebida (em copos de madeira) derramada, a comida revirada.
Duas mulheres trajavam roupas eclesiásticas, aventais e babados sacerdotais. Ninguém lhes dava atenção, mas elas conversavam despreocupadas. Uma possuía um medalhão como símbolo da lua minguante de Lena e a outra a pena sobre o coração de Marah bordado em suas vestes. Bebiam cervejas em copos de vidro também.
O dia estava quente, mas bem mais ameno do que a semana de viagem no mar. Trigo aceitou o javali pelo grupo e disse que pagaria a todos dessa vez, em um rompente súbito de caridade. Cerveja logo foi trazida à mesa e a comida ainda demoraria um pouco.
O dia amanheceu ensolarado, com poucas nuvens e de muita ventania. O Ranger singrava pelo Mar do Dragão-Rei levando os aventureiros e seu contratante para seu destino final no Castelo de Adhurian. A manhã preguiçosa veio com o desjejum, reunindo os tripulantes e dessa vez até mesmo o capitão Charles Vane, que antes comia em sua cabine. Trigo não dava as caras, como não deu no dia anterior. Jack Rackham parecia animado como sempre, conversando com outros tripulantes.
O capitão sentou-se à mesa com os aventureiros, pelo menos três deles, Gabrian, Jojo e Krak. Tinha um prato de cerâmica na mão com um pão amassado, especiarias por cima. Na outra mão, um mapa, que foi colocado no meio da mesa dos três aventureiros.
Existe um lugar na Enseada dos Selakos, chamada de Ilha da Penitência. Originalmente ficava em outro lugar, perto de Khubar, mas os khubarianos a tomaram matando a todos, menos o "chefe". A Ilha da Penitência de agora é igual o de antes, só que em outro lugar. É um lugar perigoso, infestada de criminosos e outros tipos, alguns proibidos de sair, outros usam como covil e é governada por Teehk Nah, um sacerdote de Megalokk. Preciso dos serviços de escolta de vocês para garantir a segurança. Tenho um amigo preso e pretendo comprar sua soltura. Não haverá necessidade para um banho de sangue, até porque seria o nosso sangue a ser derramado. O trabalho renderá 250 tibares para vocês.
***
Perto da hora do almoço, Krak foi procurada por um marujo que lhe disse ser esperada na cozinha por Lima. O cozinheiro lélé das ideias sorriu quando a viu.
E lhe entregou um balde com dezenas delas para serem descascadas. O homem também pegou um outro balde com tomates e deixava do lado de Krak. Ele próprio abriu um compartimento da cozinha onde havia galinhas, recolheu seus ovos e pegou uma delas pelo pescoço, quebrando-o enquanto entoava uma melodia.
Cebolas são o espelho da alma.
O almoço, bem como a tarde e a noite vieram monótonas, bem como o alvorecer do dia seguinte, e do dia seguinte e do dia após esse. Gabrian, Jojo e Krak se não comessem suas rações, começariam a sentir o corpo perder gordura devido a escassez de alimentos e o calor constante mesmo à noite. A rotina começava a ser sentida por todos, Trigo continuava dentro do quarto do imediato, fazendo uso do estoque de velas escrevendo e lendo até a alta noite.
No sétimo dia, na parte da manhã, quando o sol começava a nascer, um marinheiro gritou "terra à vista" no alto do mastro e os preparativos para aportar começaram. Em poucas horas os aventureiros viam uma costa rochosa, um penhasco branco de calcário encimado por uma campina verdejante. Porém, o que mais chamava atenção eram as brumas que envolviam as vistas.
Jack fez um gesto religioso e olhou para os céus.
Bem, estamos chegando em Porto das Almas.
Uma hora depois, era possível ver, mesmo através da neblina, uma cidade portuária. Era formada por construções de madeira e pedra, com telhados de tijolos vermelhos, espalhadas por uma colina verdejante. Havia muita lama espalhada pelas ruelas, muitas ruínas de casebres diminutos e muito entulho. Haviam casas de tamanho padrão, mas estas eram feitas de madeira, irregulares, dispersadas sem planejamento. Trigo surgiu da cabine do imediato com olhos arregalados e se pendurou na amurada do navio.
O capitão estava no leme, na popa do navio e gritou em resposta.
Mas o que? Porto das Almas? Passamos por Vila Nessie? O que está acontecendo? Vane!
Trigo desistiu de ficar pendurado na amurada e olhou para os aventureiros.
O itinerário do Ranger é este. O destino é o que foi acordado. Chegaremos em Adhurian conforme prometido.
Odeio este lugar. Espero que fiquemos por pouco tempo.
***
Apesar do céu claro, de sol inclemente daquele verão, à medida que o Ranger se aproximava da costa de Aslothia, a temperatura caía e o céu ficava escuro. Era como se uma grande nuvem azul acinzentada tomasse o céu daquela região, emitindo raios eventuais em um nublado perpétuo. Apesar de ser dia, a névoa cobria boa parte da visão baixa da cidade. Havia alguns navios aportados no grande porto — muito maior do que Porto do Rei em Bielefeld — onde a atividade comercial pulsava, com marujos de todos os tipos, homens e mulheres metidos em casacões de variadas condições. Havia muitos homens e mulheres uniformizados com barbas por fazer e cabelos descuidados, combinando com a sujeira da paisagem local. Todos carregavam uma insígnia de uma caveira abotoada na camisa sob o casaco e sobre suas cota de malhas de aço. Eram os milicianos do porto da cidade.
O Ranger aportou em um píer e logo a tripulação responsável começou a levar os caixotes que não estavam marcados pela tinta vermelha de Trigo para o convés e depois para o tablado de madeira. Milicianos do porto abordaram o navio e inspecionaram pergaminhos entregues pelo imediato Jack Rackham.
Oe, isso aqui não está certo.
Como assim?
Jack olhou para um marujo e ele abriu um caixote. Era cevada. O miliciano retorceu o rosto. A outra tomou parte.
Você tem carga de grãos. Mas não especificou quais.
Jack levou a mão na testa, pois sabia o que viria em seguida. O capitão se intrometeu.
Não está documentado. Vai ter que ser retido no castelo.
Disse com rudez na voz, mas mantendo o tom ameno.
Uma ova.
Nesse momento, José cutucou Jinn, mas os outros aventureiros que estivessem no convés e perto do golem, também ouviriam.
Está procurando encrenca, capitão? Lembra da última vez?
Jack Rackham via o capitão endurecer o rosto, o miliciano provocá-lo com um sorriso debochado.
O capitão não deixou que levassem sua mercadoria, mas não fizeram nada com ele. Só que durante a noite, o capitão sumiu de seu quarto. Procuramos por toda a parte, a noite toda, a madrugada toda e só o encontramos de manhãzinha, pelado, de cabeça para baixo, amarrado em uma árvore lá no meio da cidade. Ele dizia coisas incoerentes, ficou uma semana trancado na sua cabine depois. De vergonha, talvez? Ou outra coisa... Nós rimos bastante entre nós, mas com respeito. E depois ficamos com medo, porque o Lima apareceu dizendo ter visto uma mulher translúcida na noite que o capitão sumiu, atravessando as paredes. Mas shhhh não faça alarde.
Capitão, acho melhor deixar que fique apreendido no castelo. É só uma questão do magistrado convocar um inspetor, não é? Então, ele inspencionará e poderá nos devolver a carga para ser vendida no comércio, certo?
Disse a mulher risonha, encarando o capitão já com o rosto vermelho.
Haverá uma multa!
Charles Vane deu de dedo em seu imediato, como uma adaga no seu peito.
Certo, está sob controle, capitão. Nós devíamos ter especificado.
E se perdeu dali, indo para sua cabine. Trigo também estava no convés a este momento, observando a cena e comentou com Krak.
A culpa foi sua. Sairá do seu soldo essa multa.
E balançou a cabeça desanimado.
Ele já foi mais temperamental. Charles é um bom homem, ele aprende com os erros.
***
Porto das Almas era um lugar decadente. Um olhar atento podia enxergar a outrora Colina dos Bons Halflings, um lugar pacífico, de casebres padronizados, tocas na colina principal que dava nome à cidade. Agora havia lama no chão, casas de madeira espalhadas como ervas daninhas e nenhum hynne nas ruas. As antigas tocas viraram lugares de entulhar lixo, os casebres padronizados viraram ruínas, exceto aquelas mais ao topo da colina, destinada provavelmente aos mais ricos e nobres. No topo da colina havia uma construção de pedra que mais lembrava um forte, mas era o castelo do governo da cidade.
Havia diversas tavernas em Porto das Almas. Nenhuma delas lembrava a arquitetura hynne antiga, eram todas novas e infestadas de humanos com suas botas lamacentas. Não havia não-humanos por ali. Os aventureiros atraíam olhares pelas ruas e aonde chegavam em aglomerações, a conversa morria e o silêncio imperava com as brumas que rodeavam a cidade. Trigo acompanhou o grupo, mas ninguém lhe dava atenção. Uma criança descalça, de cabelos desgrenhados, vestindo não mais do que trapos o confundiu com uma criança.
Enquanto ele caminhava com os aventureiros, Jack e Charles decidiram ficar no navio naquele primeiro dia. Os marujos, tripulantes do Ranger, já estavam procurando lugares familiares, como tavernas e prostíbulos favoritos. Mas Trigo insistiu que todos os aventureiros o seguissem, afinal, fazia parte do contrato. Ele queria visitar uma taverna no centro da cidade, construída sobre as ruínas de um casebre de pedra, diminuto para um humano, perfeito para um hynne. O nome da taverna, "Rabo Sujo" era de tamanho humano, claro, e funcionava a pleno vapor, mesmo à hora do almoço. Trigo parecia entristecido ao notar que a construção hynne anterior já não existia mais.
E pensar que essa terra tinha mais hynnes que humanos. Agora nem sabem o que somos. Temo que um dia nossa raça desapareça.
O ambiente era escuro, iluminado por velas e lanternas furta-fogo penduradas nas paredes. As paredes eram decoradas por brasões pintados em escudos de madeira. Havia diversas mesas e o movimento não dava impressão de preencher totalmente o lugar. O taverneiro era um homem cheio, seu queixo se perdia no pescoço. Apresentava calvice, mas cabelos laterais grisalhos penteados com esmero. Sua roupa denotava algum luxo, com ombreiras decentes, mas estava claro que era velha. Ele sorriu quando os aventureiros entraram em seu estabelecimento. Seus olhos eram rápidos como de uma rapina e logo se dirigiram a Jojo.
Ele mexia um pano sujo com as mãos, guiando os aventureiros para uma mesa no meio da taverna. Trigo deu de ombros, acostumado a ser ignorado e então seguiu aonde os aventureiros quisessem sentar (podendo ser outro lugar).
Senhores aventureiros de bem. Por favor, peguem assentos. Hoje temos javali na brasa com batatas, cerveja de Sambúrdia e azeitonas para peritivo.
Havia poucos clientes, mas havia alguns tipos estranhos.
Um grupo de humanos conversavam animados trajando armaduras de couro e aço, um com tapa olho, outro gigante e careca, um se gabando por mostrar uma katana aos outros, e outro quieto na sua, de cavanhaque, observando os aventureiros com interesse. A mesa tinha restos de carne, o pote de azeitonas intocável e ninguém parecia beber nada.
Um homem de ombros largos, em uma couraça de metal delineada em seu corpo sobre o couro endurecido, vestia um capa pesada e um capuz que projetava sombra em todo seu rosto. Usava luvas, tinha uma mochila encimada por um saco de dormir ao lado de sua cadeira. Bebia uma cerveja em um copo de vidro, espumada.
Havia um inusitado trio de goblins em uma agitada mesa. A conversa animada fluía na língua própria da raça e variava entre risadas desvairadas, falação atropelada, arrotos, tapas e resmungos. A mesa estava emporcalhada, a bebida (em copos de madeira) derramada, a comida revirada.
Duas mulheres trajavam roupas eclesiásticas, aventais e babados sacerdotais. Ninguém lhes dava atenção, mas elas conversavam despreocupadas. Uma possuía um medalhão como símbolo da lua minguante de Lena e a outra a pena sobre o coração de Marah bordado em suas vestes. Bebiam cervejas em copos de vidro também.
O dia estava quente, mas bem mais ameno do que a semana de viagem no mar. Trigo aceitou o javali pelo grupo e disse que pagaria a todos dessa vez, em um rompente súbito de caridade. Cerveja logo foi trazida à mesa e a comida ainda demoraria um pouco.
Nota do Mestre:
* Podem conversar com o capitão Charles Vane sobre esse trabalho extra, cada personagem pode interagir com uma pergunta. Jinn e Carmen terão que ser procurados pelos personagens para saber do trabalho, mas podem também ir atrás do capitão para fazer eles mesmos suas próprias perguntas. Respostas dadas no telegram.
* Reconhecer o gesto religioso de Jack Rackham exige um teste de Religião CD 10.
* Quando Trigo se pendura na amurada, se torna disponível para uma troca rápida de conversas, respondidas no telegram, depois ele vai embora pra cabine.
* O grupo pode conversar com Trigo a qualquer momento dentro da cidade, fazer-lhe perguntas e tudo, respondidas no telegram.
* Brasões pintados nos escudos, pendurados nas paredes da taverna podem ser identificados com Nobreza CD 15, ou Conhecimento CD 20.
* O grupo pode interagir com os tipos na taverna - incluindo o taverneiro. Dependendo do desenvolvimento, testes de perícias serão realizados.
Dados dos Personagens:
- Carmen Lúcia <> PV: 18 PM: 4 Defesa: 18 <> Condição:
- Gabrian Barrington <> PV: 22 PM: 3 Defesa: 18 <> Condição:
- Jinn Scarlata <> PV: 23 PM: 3 Defesa: 18 <> Condição:
- "Jojo" <> PV: 23 PM: 6 Defesa: 19 <> Condição:
- Krak <> PV: 15 PM: 11 Defesa: 12 <> Condição:
Próxima Atualização: 01/10 quinta-feira
Última edição por Maelstrom em Ter Set 29, 2020 12:40 pm, editado 1 vez(es)
Maelstrom- MESTRE
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Re: A Fenda Estrelada
Na noite anterior, Trigo contou uma história e estava claramente bêbado, não era certo questionar nesse momento vulnerável por informação, por isso pensou se tinha uma maneira de Curar essa condição, ou se esperava até o dia segurealmente
Acabou que desistiu de fazer a pergunta, seria realmente importante naquele ponto?
No outro dia fez o mesmo truque no seu pão amassado, e fez para os outros, contanto que pedissem, procurou Carmem com o olhar, nenhum sinal dela, era uma pena.
Ouviu a proposta de Charles, podia ser perigoso, mas nao era errado, era muita prata envolvida no pagamento, a mesma quantia que Trigo estava pagando?
Contas eram complicadas, Krak preferia separar as moedas em 10 pilhas, sabia que as duas primeiras pilhas deviam ir à Azgher, quando alcançar um templo, e o restante poderia fazer o que quisesse, era o motivo de ter duas algibeiras, nao iria misturar o que era dela com o que era de Azgher.
Estava satisfeita com a resposta.
Logo foi chamada pelo cozinheiro Lima, teria uma segunda chance e faria dessa vez as coisas com calma.
Nao entendeu o papo de cebolas serem o reflexo da alma. Apenas as cortou em silêncio até o momento que uma delas esguichou uma pequena e certeira gota no vão dos olhos da máscara, que ardeu e começou a lacrimejar.
Pensou nos peixes que comprara, em oferecer ao grupo, e talvez influenciada pelas lágrimas, lembrou das vezes que viu pessoas com fome ao fundo e outras comendo o que pagaram à frente.
Ofereceu os peixes a Lima, para serem usados como preferisse, e Krak comeria ração de viagem pouco antes de dormir, ainda com um sentimento de culpa, mas cedendo a tentação de faze-lo escondido, pois precisava se alimentar melhor. Ainda assim sentiu que perdeu peso, e estava com fome.
***
A chegada em Porto das Almas foi estranha Azgher era coberto por nuvens, quase uma tempestade, mas sem chover, era estranho.
Diante da situação com a Carga Retida, Trigo comentou algo com Krak.
Caminhar ali, a semi luz dava uma sensação de estar caminhando à noite, essa cidade era sinistra como encontrar as ossadas de um antigo ponto movediço.
Chegaram a uma Taverna, não entendia o que significava o símbolo, até alguém dizer.
"Rabo Sujo" nem um pouco convidativo.
Havia vários tipos diferentes ali, mas o que mais chamou a atenção eram as religiosas e o fato de Carmem estar exatamente na maior distância que podia dela.
Mas tudo o pensava naquele momento era uma refeição decente, a aguardou em silêncio.
Acabou que desistiu de fazer a pergunta, seria realmente importante naquele ponto?
No outro dia fez o mesmo truque no seu pão amassado, e fez para os outros, contanto que pedissem, procurou Carmem com o olhar, nenhum sinal dela, era uma pena.
Ouviu a proposta de Charles, podia ser perigoso, mas nao era errado, era muita prata envolvida no pagamento, a mesma quantia que Trigo estava pagando?
Contas eram complicadas, Krak preferia separar as moedas em 10 pilhas, sabia que as duas primeiras pilhas deviam ir à Azgher, quando alcançar um templo, e o restante poderia fazer o que quisesse, era o motivo de ter duas algibeiras, nao iria misturar o que era dela com o que era de Azgher.
Seu amigo esta jurado de morte, visto que teme derramamento de sangue?
Ele é um escravo. Mas mesmo comprando, alguém pode querer roubá-lo. Por isso que a segurança fornecida por vocês será útil.
Estava satisfeita com a resposta.
Logo foi chamada pelo cozinheiro Lima, teria uma segunda chance e faria dessa vez as coisas com calma.
Nao entendeu o papo de cebolas serem o reflexo da alma. Apenas as cortou em silêncio até o momento que uma delas esguichou uma pequena e certeira gota no vão dos olhos da máscara, que ardeu e começou a lacrimejar.
Pensou nos peixes que comprara, em oferecer ao grupo, e talvez influenciada pelas lágrimas, lembrou das vezes que viu pessoas com fome ao fundo e outras comendo o que pagaram à frente.
Ofereceu os peixes a Lima, para serem usados como preferisse, e Krak comeria ração de viagem pouco antes de dormir, ainda com um sentimento de culpa, mas cedendo a tentação de faze-lo escondido, pois precisava se alimentar melhor. Ainda assim sentiu que perdeu peso, e estava com fome.
***
A chegada em Porto das Almas foi estranha Azgher era coberto por nuvens, quase uma tempestade, mas sem chover, era estranho.
Diante da situação com a Carga Retida, Trigo comentou algo com Krak.
Voce e o Capitão Vane tem histórias juntos?
***
Eu o conheci em Mehnat, em Sambúrdia. Ele ajudou a reerguer a cidade após um... incidente. Me ajudou a procurar novos mercados também. Mas ele era muito explosivo, por causa da sua profissão de caçador dos mares.
Caminhar ali, a semi luz dava uma sensação de estar caminhando à noite, essa cidade era sinistra como encontrar as ossadas de um antigo ponto movediço.
Chegaram a uma Taverna, não entendia o que significava o símbolo, até alguém dizer.
"Rabo Sujo" nem um pouco convidativo.
Havia vários tipos diferentes ali, mas o que mais chamou a atenção eram as religiosas e o fato de Carmem estar exatamente na maior distância que podia dela.
Mas tudo o pensava naquele momento era uma refeição decente, a aguardou em silêncio.
Astirax- Nível 2
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Re: A Fenda Estrelada
O trabalho extra.
Gabrian havia quase perdido o horário do desjejum. Acordar com o alvorecer era algo terrível, mas ele se esforçava ao máximo para cumprir a determinação e as regras do navio. Mas sentiu falta, pela primeira vez, dos meses seguidos de treinamento com Aldred, quando podia acordar bem mais tarde.
Jogando-se à mesa sem sua armadura, vestindo apenas uma camisa preta e calças apertadas também enegrecidas, Gabrian pegou o pão duro e entregou para Krak com um sorriso pedinte.
Logo, o capitão surgiu do nada, pondo o pé no banco, apoiando-se em direção a eles, pondo um mapa na mesa. Gabrian olhou para Jojo e para Krak com a sobrancelha do risquinho erguida. Depois das palavras diretas do capitão Charles Vane, Krak perguntou sobre o homem escravizado, amigo dele. Gabrian olhou para Jojo e depois para o capitão.
***
Os dias no Mar do Dragão-Rei.
Eram dias monótonos. A comida do navio era decente, mas escassa. Sem alternativa, o guerreiro comia o desjejum com a ajuda da mágica de Krak e o almoço de sopas de legumes e frango. A noite, bebia bastante água e às vezes pedia uma fruta seca da ração de Krak.
Um dia desses, Gabrian procurou por Jojo e Jinn.
Assim a tarde passou rápida. O treinamento logo ganhou ares de divertimento e Gabrian fazia sua comemoração após uma "vitória", erguendo os braços, mostrando os muques. Quando perdia, lamentava rindo, dizendo que foi trapaceado. Ao final, pelo menos Jojo e Gabrian se sentiam cansados e suados, já que Jinn era um golem. O guerreiro sorria animado.
A chegada a Aslothia.
Um dia, alguém gritou "terra à vista". Gabrian saiu correndo subindo as escadas até o convés e ergueu os braços aos céus.
Gabrian nem ficou chateado quando soube que teriam que esperar um pouco em Porto das Almas, devido a problemas alfandegários. Queria conhecer a cidade, fincar seus pés em terra firme, sem sentir o balanço diário do navio. Mesmo a cidade sendo muito sombria e suja, Gabrian não ligava pra isso. As brumas davam um aspecto ruim, mas não eram novidades, pois em Bielefeld também tinha.
O imbróglio do capitão com os guardas do porto o divertiram, mas o lembrou da proposta feita por ele. Então, enquanto caminhavam pelas ruelas enlameadas, Gabrian decidiu falar com Trigo, para todos ouvirem também.
Quando chegaram à taverna, Trigo parecia triste. Gabrian franziu a testa, se incomodando com aquilo. Então, resolveu tentar atrair sua atenção, rindo e comentando sobre o nome da espelunca que tomava o lugar do antigo estabelecimento hynne.
A Taverna Rabo Sujo.
O lugar não parecia ser tão espelunca por dentro. Um cheiro de comida boa vinha da cozinha, o taverneiro parecia simpático e o lugar estava vazio àquela hora do almoço. Porém, como uma boa taverna de uma cidade portuária, havia alguns tipos estranhos por lá. Um grupo de mercenários, uma dupla de freiras, um tipo misterioso no canto isolado e um trio de goblins, que o fizeram lembrar que não vira não-humanos na cidade, desde que saiu do porto.
Trigo disse que pagaria a refeição, fazendo Gabrian sorrir animado. Estava se sentindo mais fino, mas não se importava com isso. Talvez até melhorasse seu movimento durante a batalha. Então, bebeu a cerveja em seu copo de vidro, pensando que aquilo sim era vida.
Após um longo gole, sentiu-se inquieto. Olhou para os presentes na taverna. Olhou para os colegas aventureiros e para Trigo.
Puxando uma cadeira de outra mesa, sentou-se com as costas da cadeira ao contrário, apoiando os braços no topo. Sorria malandro.
O gosto era repulsivo, nauseante, mas Gabrian perseverou. A dor no estômago incomodava, mas logo passa devido sua resiliência de guerreiro. Quando largou o frasco na mesa, o trio de goblins riu com histeria. Um deles começou a bater a cabeça na mesa, outro caiu no chão segurando a própria barriga. O mais velho limpava as lagrimas:
E então, sentiu o coração bater diferente. Uma súbita adrenalina desproporcional. Os olhos dele mudaram de cor, mas talvez somente os goblins percebessem, se estivessem em condições. Eram azuis claros, brilhantes. Gabrian sentiu um puxão dentro de si. Gabrian via os verdinhos rolando pelo chão, rindo. Pisou na cadeira, levando a mão ao rosto. Tentava controlar aquela força dentro de si que queria sair a qualquer custo. E então, enfiou os dedos goela abaixo, depois abriu mais a boca e enfiou a mão inteira.
Envolvendo-se na bizarrice daquele momento, Gabrian vomitou no goblin de moicano. Vomitou o mijo de bugbear misturado com água. Gabrian parou vendo a criatura melecada. E então, os seus companheiros começaram a rir e Gabrian se juntou a eles, rindo alto, chutando a cadeira para o lado. Uniu-se ao bizarro e gostou do que viu. Era bom ser aventureiro desgarrado.
Nem se lembrou de Trigo.
Gabrian havia quase perdido o horário do desjejum. Acordar com o alvorecer era algo terrível, mas ele se esforçava ao máximo para cumprir a determinação e as regras do navio. Mas sentiu falta, pela primeira vez, dos meses seguidos de treinamento com Aldred, quando podia acordar bem mais tarde.
Jogando-se à mesa sem sua armadura, vestindo apenas uma camisa preta e calças apertadas também enegrecidas, Gabrian pegou o pão duro e entregou para Krak com um sorriso pedinte.
Logo, o capitão surgiu do nada, pondo o pé no banco, apoiando-se em direção a eles, pondo um mapa na mesa. Gabrian olhou para Jojo e para Krak com a sobrancelha do risquinho erguida. Depois das palavras diretas do capitão Charles Vane, Krak perguntou sobre o homem escravizado, amigo dele. Gabrian olhou para Jojo e depois para o capitão.
Gabrian
O seu Passadeiro sabe que está oferecendo esse trabalho à escolta dele?
Respondeu seco. Gabrian deu um sorriso matreiro.
São meus negócios. Não preciso falar nada a ele.
Continuou o sorriso matreiro.Gabrian
Então, seu Vane. Estou sob contrato com o senhor Passadeiro. Veio da minha guilda o contato, sabe como é. Acho que seria o mínimo perguntar o que ele acha disso. Se for tudo bem, eu aceito de boa.
***
Os dias no Mar do Dragão-Rei.
Eram dias monótonos. A comida do navio era decente, mas escassa. Sem alternativa, o guerreiro comia o desjejum com a ajuda da mágica de Krak e o almoço de sopas de legumes e frango. A noite, bebia bastante água e às vezes pedia uma fruta seca da ração de Krak.
Um dia desses, Gabrian procurou por Jojo e Jinn.
Gabrian
Ei, vocês dois. O que acham de treinarmos um pouco? Acho que vamos ficar meio desacostumados se ficarmos parados só comendo e bebendo todo dia. Parece que não tem perigos aqui no Mar do Dragão-Rei...
O garoto golem olhou para Jojo esperando alguma coisa. Gabrian aguardou de braços cruzados.Jinn
Treinar?
O paladino aguardou a resposta do guerreiro.Jinn
Como?
E piscou o olho para Jinn. O golem pareceu ponderar.Gabrian
Ora. Fazendo exercícios... alongamentos e... bem, eu só sei fazer alguns treinos com peso. E podíamos fazer lutas para treinar os movimentos. Pego um cabo de vassoura como espada e vamos lá. Podemos aprender uns com os outros e tal. Eu luto um estilo tamuraniano, o Yamada-Ryuu e tem umas técnicas desarmadas também.
Após sua aceitação, Gabrian deu um tapa amigável em suas costas, cheio de sorriso.Jinn
T-tá! Sou inexperiente, mas vou dar o meu melhor! Conte comigo!
Gabrian deu uma tamborilada na armadura de metal do paladino e os levou para um outro lugar mais aberto, com poucas cordas. Ali, no tablado do convés, sob os olhares de alguns marujos, o guerreiro colocou sua armadura.Jojo
Hm, pode ser uma boa... Vamos nessa!
Ele disse rindo, lembrando da vez que viu Aldred não seguindo o próprio ensinamento, quando sentiu câimbra ao tentar um movimento.Gabrian
Bom, vamos começar alongando. Ouvi dizer que não ensinam por aí a importância do alongamento. E nem do aquecimento. Pois eu aprendi que é muito importante. Vocês vão se sentir menos propensos a lesionar.
E assim, Jojo e Jinn foram os primeiros. Gabrian observou o estilo de cada, mais ou menos. Jinn parecia mais versátil, Jojo mais focado. Gabrian se viu mais no estilo de Jojo. Depois foi a vez de Gabrian e Jinn. O jovem guerreiro mostrou agilidade e movimentação, com muitas fintas. Seu golpe era duro e certeiro com seu cabo de vassoura.Gabrian
Então, galera, vamos fazer assim. Dois se enfrentam e o terceiro observa, tenta aprender com os movimentos e depois fala o que viu. Acho que é útil pra todo mundo enxergar suas fraquezas e suas fortalezas. Vamos tirar na moeda quem começa?
Assim a tarde passou rápida. O treinamento logo ganhou ares de divertimento e Gabrian fazia sua comemoração após uma "vitória", erguendo os braços, mostrando os muques. Quando perdia, lamentava rindo, dizendo que foi trapaceado. Ao final, pelo menos Jojo e Gabrian se sentiam cansados e suados, já que Jinn era um golem. O guerreiro sorria animado.
Gabrian
Isso foi muito bom. Treinar é muito boooooooooom. Mas sinto falta de uma pancadaria sincera. Vocês dois são ótimos, acho que vamos nos complementar muito. Vamos fazer isso todo dia!!!
A chegada a Aslothia.
Um dia, alguém gritou "terra à vista". Gabrian saiu correndo subindo as escadas até o convés e ergueu os braços aos céus.
Gritou.Gabrian
Finalmenteeeeeeeeeeeeeee!!!!
Gabrian nem ficou chateado quando soube que teriam que esperar um pouco em Porto das Almas, devido a problemas alfandegários. Queria conhecer a cidade, fincar seus pés em terra firme, sem sentir o balanço diário do navio. Mesmo a cidade sendo muito sombria e suja, Gabrian não ligava pra isso. As brumas davam um aspecto ruim, mas não eram novidades, pois em Bielefeld também tinha.
O imbróglio do capitão com os guardas do porto o divertiram, mas o lembrou da proposta feita por ele. Então, enquanto caminhavam pelas ruelas enlameadas, Gabrian decidiu falar com Trigo, para todos ouvirem também.
Não afirmou que tinham aceitado, mas também não disse que negaram.Gabrian
Ei, seu Passadeiro. O capitão Vane nos ofereceu um trabalho, sabe. Algo... fora do contrato com o senhor. Duzentas e cinquentas pratas. Tô te avisando pra você não ficar surpreso depois.
O hynne parecia não se importar, então, para Gabrian, estava decidido.
Ah, mais um atraso na viagem. Bom, não posso fazer nada, não é? O itinerário é dele. Só tentem sair vivos dessa. Nem quero saber os detalhes, por favor.
Quando chegaram à taverna, Trigo parecia triste. Gabrian franziu a testa, se incomodando com aquilo. Então, resolveu tentar atrair sua atenção, rindo e comentando sobre o nome da espelunca que tomava o lugar do antigo estabelecimento hynne.
Riu alto, abrindo as portas para todos.Gabrian
Rabo Sujo!? Que nome é esse? Típica coisa de humano bunda mole mesmo. Isso aí é mais um motivo pelo qual os puristas estavam errados. Às vezes eu acho que humanos deviam aprender a limpar a própria bunda antes de tentar conquistar o mundo. Que Valkaria me perdoe. Hahahahaha
A Taverna Rabo Sujo.
O lugar não parecia ser tão espelunca por dentro. Um cheiro de comida boa vinha da cozinha, o taverneiro parecia simpático e o lugar estava vazio àquela hora do almoço. Porém, como uma boa taverna de uma cidade portuária, havia alguns tipos estranhos por lá. Um grupo de mercenários, uma dupla de freiras, um tipo misterioso no canto isolado e um trio de goblins, que o fizeram lembrar que não vira não-humanos na cidade, desde que saiu do porto.
Trigo disse que pagaria a refeição, fazendo Gabrian sorrir animado. Estava se sentindo mais fino, mas não se importava com isso. Talvez até melhorasse seu movimento durante a batalha. Então, bebeu a cerveja em seu copo de vidro, pensando que aquilo sim era vida.
Após um longo gole, sentiu-se inquieto. Olhou para os presentes na taverna. Olhou para os colegas aventureiros e para Trigo.
O homem encapuzado e as freiras não chamavam sua atenção. Gabrian tinha o grupo de mercenários em conta, não gostava deles, pois lembravam as histórias que ouvia na infância sobre os portmouthianos, um povo desgraçado, mercenários sem escrúpulos. Um deles gabava-se de uma katana e isso poderia chamar sua atenção... mas querendo evitar uma situação de briga, constrangendo seu cliente, Gabrian seguiu para a mesa dos goblins.Gabrian
Vou perguntar as novidades por aí.
Puxando uma cadeira de outra mesa, sentou-se com as costas da cadeira ao contrário, apoiando os braços no topo. Sorria malandro.
Gabrian
E aí.
O goblin mais velho indagou em Valkar.
Problemas?
Tinha a voz rasgada, os dentes rilhados em um sorriso perverso.
Talvez esteja interessado em alguns de nossos artigos.
Então, eles ignoram Gabrian, começando a conversar na sua própria língua, até que o de tapa olho e o de moicano vermelho começaram a se estapear e morder em meio a xingamentos. O mais velho interveio dando tapas nas nucas dos dois. Então, os três sorriem olhando para o guerreiro.
Ou talvez queira ouvir a proposta que acaba de me ocorrer...
Disse com um olhar desconfiado. O goblin olhou para os lados como se desconfiasse de ouvidos indiscretos e então se inclinou sobre a mesa na direção de Gabrian murmurando:Gabrian
Hum... que proposta, então?
Gabrian perdeu o sorriso no rosto, franziu o cenho, os olhos rápidos procurando alguma coisa no chão. Que segredo? O que eles sabiam? Por que contaria aos mercenários? Tinha a ver com sua katana? Gabrian estreitou os olhos, encarando o goblin de moicano, mas também os outros dois. Ele sabia de algo.
Você sabe que os boatos se espalham depressa no porto. O que eu proponho é algo apenas para ajudá-lo. Escute, tudo que você tem a fazer é provar esta poção — um líquido amarelado num frasco fino e comprido. — Digamos que eu tenha encontrado alguns frascos destes, mas não sei o que são. Se você nos dissesse, iríamos perder a vontade de revelar seu segredo para os mercenários ali no canto. Que taaal...?
Os três goblins sorriam mostrando seus dentes afiados, rasgando o rosto de lado a lado.Gabrian
Se me contar o que sabe, talvez eu beba.
O mais velho parecia sem paciência, embora sorrisse também.
Beba e contamos.
O goblin de moicano escondeu o risinho maligno e preparou-se para levantar... Gabrian o interrompeu e ofereceu a mão para pegar o frasco. O goblin de moicano esticou o frasco em sua direção e removeu a rolha. O cheiro era revoltante. Gabrian prendeu a respiração e bebeu.
Ele não quer nos ajudar a descobrir o que é esta poção, Gorthul. Vai lá falar com os mercenários.
O gosto era repulsivo, nauseante, mas Gabrian perseverou. A dor no estômago incomodava, mas logo passa devido sua resiliência de guerreiro. Quando largou o frasco na mesa, o trio de goblins riu com histeria. Um deles começou a bater a cabeça na mesa, outro caiu no chão segurando a própria barriga. O mais velho limpava as lagrimas:
Gabrian ficou subitamente vermelho, se levantando asperamente, derrubando a cadeira no chão. Olhava os goblins com assombro, confusão. Fora alvo de uma pegadinha horrível. Olhou para suas mãos, sentindo o estômago formigar pelo constrangimento. Mataria todos eles, mataria todos seus amigos, parentes. Decidiria caçar todos de sua raça, seria um exterminador de goblins. Viajaria para o sul, onde havia mais deles e promoveria uma chacina de deixar um purista envergonhado.
Você bebeu mijo de bugbear. Não tem segredo nenhum... Nem sabemos quem é você, humano...
E então, sentiu o coração bater diferente. Uma súbita adrenalina desproporcional. Os olhos dele mudaram de cor, mas talvez somente os goblins percebessem, se estivessem em condições. Eram azuis claros, brilhantes. Gabrian sentiu um puxão dentro de si. Gabrian via os verdinhos rolando pelo chão, rindo. Pisou na cadeira, levando a mão ao rosto. Tentava controlar aquela força dentro de si que queria sair a qualquer custo. E então, enfiou os dedos goela abaixo, depois abriu mais a boca e enfiou a mão inteira.
Envolvendo-se na bizarrice daquele momento, Gabrian vomitou no goblin de moicano. Vomitou o mijo de bugbear misturado com água. Gabrian parou vendo a criatura melecada. E então, os seus companheiros começaram a rir e Gabrian se juntou a eles, rindo alto, chutando a cadeira para o lado. Uniu-se ao bizarro e gostou do que viu. Era bom ser aventureiro desgarrado.
Nem se lembrou de Trigo.
Ação de Gabrian
Gabrian comeu a comida da tripulação e perdeu 2 kg.
Gabrian falhou no teste de Intuição rolando 7.
Gabrian bebeu a "poção" dos goblins, passou no Fortitude com 21.
_________________
O Duelo de Dragões (T20): Max Reilly (Humano, Bárbaro 1, Soldado)
Coração de Rubi (T20): Adrian Worchire (Humano, Guerreiro 1, Nobre Zakharoviano)
Cinzas da Guerra (T20): Tristan de Pégaso (Humano, Paladino de Valkaria 1, Escudeiro da Luz)
Guilda do Mamute (3DeT Victory): Aldred (Humano, kit Artista Marcial, N11)
Aldenor- MESTRE
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