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Mensagem por Padre Judas Dom Dez 06, 2020 6:44 pm

Primeiras Noites

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Magdala. A “Joia do Leste” de Minas Gerais. Uma enorme metrópole caracterizada por seu panorama único: altas torres de vidro cercadas por pequenos prédios de três a seis andares das mais diversas cores: azuis, verdes, rosados, amarelos...

Vista à noite, Magdala é um festival de luzes. Há bares e restaurantes cheios de alegria, boates agitadas. Há grandes indústrias e empresas de alta tecnologia. Jardins e parques bem cuidados, acolhedores mesmo durante a alta madrugada, um convite à visitação por aqueles que não podem vir durante o dia. A prefeitura de Magdala se orgulha de seus baixos índices de criminalidade, de sua segurança incomum para uma grande cidade deste país. Sua líder, Selena Tanaka, desponta como um exemplo para toda nação, representando uma nova forma de fazer política. Sob o comando dela, assim como de seu falecido antecessor, Magdala se revela verdadeiramente iluminada.

Ande pela noite da cidade, sinta sua brisa. Mas não seja ofuscado. Ali! Entre uma torre moderna e um prédio histórico uma pequena porta esconde um antro de vício. Escute os hinos daquela igreja neo-evangélica, onde um pastor de pele pálida demanda cada vez mais atenção de seu rebanho – e logo, ele terá ainda mais. Dinheiro, sim. Almas, também. E sangue.

Nos bairros médios há relativa segurança, a Guarda Municipal ocupa os espaços que a Polícia Militar não consegue. Mas vá para a periferia. Ali, onde moram os pobres. Cuidado ao andar por suas ruas, pois lá há monstros. Lá, onde ninguém que importe se importa.

E cuidado ao andar pelo centro. Principalmente naquela região intocada chamada Triângulo, cujas ruas permanecem curiosamente vazias mesmo sendo uma das zonas boêmias mais tradicionais e agitadas. O lugar onde cães negros correm livres sem que ninguém os detenha.

Magdala é uma cidade de luz. Mas quanto maior a luz, maior é a sombra.


Última edição por Padre Judas em Sex Jan 15, 2021 2:17 pm, editado 1 vez(es)

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Mensagem por Padre Judas Dom Dez 06, 2020 6:45 pm

Carlos Rocha de Oliveira



Escuridão. Algo rasteja nas trevas. Você caminha por uma rua escura. Aquilo que rasteja te segue, mas não há nada a fazer – algo mais importante está à frente. Você pode ouvir milhares de patas batendo no chão. Tec. Tec. Tec.

Fogo. Fogo por todo lado. Nos prédios, nos carros. Na rua. O fogo queima. Dor. Algo dança entre as chamas. Feminina, bela. Dor. Algo grita entre as chamas. Não é um grito. Oração. Palavras? Dor.

Desperte. Desperte. Desperte!


Janeiro de 2019. Carlos acorda. Se fosse mortal, seu coração estaria na boca, estaria banhado em suor. Mas é apenas um retorno súbito ao mundo. Há a morte. E então, existência.

Ao se levantar, nota que há uma carta sobre uma mesa. Selada com cera vermelha e o brasão da Casa Tremere fixado.

Ao ser aberta, a carta traz uma convocação – João Ozório, Magíster que havia assumido a tutela do ex-jornalista depois do desaparecimento de sua Senhora. Ele ordenava que Carlos comparecesse à Capela que o Clã mantinha na Faculdade de Ciências Médicas da UFEMA.

Off:

Use este momento para descrever o personagem, seu refúgio e falar um pouco de si mesmo e de sua carniçal.

Carlos perdeu 1 PS para acordar.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] MNW9g9vCarlos Rocha de Oliveira, Tremere, 13ª Geração
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Mensagem por Padre Judas Dom Dez 06, 2020 6:48 pm

Miguel Alves Rodrigues



Janeiro de 2019. O escaldante sol do verão se põe para dar lugar a uma noite morna.

Miguel acordou na escuridão. Não era exatamente acordar – era como se ele de repente voltasse para a existência após um instante de inexistência absoluta. Seu sono era o sono dos mortos. Literalmente.

A TV estava ligada – devia ter estado assim o dia inteiro. Na tela um âncora de telejornal lia uma notícia.

– Boa noite. Eu sou Fernando Chicari e você está na Nova Itacolomi Notícias trazendo o que ocorreu de mais relevante no dia. A Guarda Civil Municipal de Magdala tornou-se a maior força de segurança da cidade hoje, com o acréscimo de mais quinhentos novos guardas municipais ao seu efetivo, com isso superando os números da Polícia Militar. A Prefeita Selena Tanaka reforçou seu compromisso com a segurança do povo de Magdala e o papel da Guarda como uma poderosa força policial dedicada ao combate à criminalidade.

A tela corta para uma bela mulher de ascendência oriental no final dos seus trinta anos. Ela elogia a GCM e completa com um aviso.

Ao longo dos anos temos visto facções criminosas tomarem as ruas de nossas zonas periféricas. A despeito dos esforços de meu antecessor e dos nossos, ao promover toda uma reforma urbana em toda a cidade, tais indivíduos permanecem à margem da lei, desrespeitando o povo desta cidade. Isto não será tolerado. Vamos partir pra cima. O povo de Magdala tem o direito de dormir à noite sabendo que estão seguros e este direito será garantido. A qualquer custo.

Ao olhar no celular, Miguel vê uma mensagem no Whatsapp: “E aí, cara? Precisamos nos encontrar. Te espero no Coxa Grossa, pode ser?”

Era do Ed. “Coxa Grossa” era um boteco no Senna conhecido por ser um curral anarquista. A mensagem havia sido enviada às 16:21. Havia uma segunda mensagem, logo abaixo, postado na mesma hora. “Eu realmente preciso de você.”

E então, às 17:42: “Os caras acham que pisei na bola. Escuta... se algo acontecer comigo... cuida da minha mãe? Valeu.”

Eram pouco mais de dezenove horas agora, o sol já havia se posto há quase cinquenta minutos.

Off:

Use este momento para descrever o personagem, seu refúgio e falar um pouco de si mesmo.

Miguel perdeu 1 PS para acordar.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] KUWtMFcMiguel Alves Rodrigues, Brujah, 10ª Geração
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Noite Eterna: Primeira Noite [ON] Empty Guardião

Mensagem por Padre Judas Dom Dez 06, 2020 6:51 pm

Uriel Constantino


O vazio. A origem de todas as coisas. “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.”

As palavras de seu Senhor podiam ser ouvidas na imensidão do nada. Nada? Não. Havia algo ali. Algo que observava. Algo que esperava. Era antigo e alienígena, mas ao mesmo tempo próximo e familiar. É como uma lembrança distante, cuja reminiscência está logo ali, quase palpável, mas fugidia. Quem? O quê?

“E disse Deus: haja luz; e houve luz.”


Uriel abriu os olhos subitamente, como em todas as noites. A pedra fria que fazia de leito revelou-lhe que aquele era o mundo material – o “mundo real”, como diriam os leigos. Como se o espírito não fosse tão verdadeiro quanto a matéria.

Ergueu-se da cama de pedra e saiu, tateando nas trevas. Por fim chegou a um cômodo iluminado. No canto do olho pareceu ver uma sombra mover-se livremente, mas ao olhar para lá nada demais havia. Sua atenção foi desviada por outra pessoa.

– Boa noite, seu Uriel.

Dona Tereza era a mulher responsável por cuidar da Igreja, fazendo a faxina e também arrumando as coisas. Era uma serva antiga de seu Senhor.

– Sua Reverência pede que o espere, pois deseja falar com o senhor. Ele ainda não acordou.

Sem opções, Uriel esperou. Seu Senhor sempre acordava depois dele. “O peso dos anos e dos pecados acaba por pesar em nós dessa forma. Não há o que fazer.” Era o que ele dizia, resignado, aceitando a cruz que carregava.

Uriel conhecia bem a rotina de seu Senhor – ele acordava, realizava suas orações e leitura bíblica. Só então abandonava seus aposentos para realizar outras tarefas. Era um verdadeiro sacerdote, ordenado pela Santa Igreja, e não se furtava a seus deveres espirituais, mesmo que sua Fé não fosse mais tão pura quanto no distante passado.

– Boa noite, Uriel.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] TnFVaIk

Uriel se virou ao notar que seu Senhor estava ali. Padre Judas, Primógeno dos Lasombra em Magdala. Não era tão comum membros do Clã da Noite ostentarem abertamente sua existência na Camarilla, mas naquela cidade era diferente. Judas estava ali desde os anos vinte ou trinta, era mais antigo que a própria Torre de Marfim na região, e aliou-se a ela desde o começo. Tomara parte em todos os conflitos até então e sofrera mais caçadas selvagens do Sabá do que qualquer outro ancião daquela cidade. Sobrevivera evadindo-se, enganando e matando. Matando muito. O peso dos pecados.

– Uriel, eu tenho deveres no Elísio hoje. Por mais que prefira me dedicar à minha pesquisa, infelizmente não posso me furtar a lidar com os problemas de Magdala. Os fumos da guerra estão sobre nós, novamente.

– Entretanto, o alcaide solicitou consultoria em um assunto sobrenatural. Como estou ocupado, quero que você cuide disso. O senhor Damazio estará lhe esperando na sede da Guarda Municipal.


Giuliano Damazio, chamado “Cerberus”, também era um Lasombra, o alcaide da cidade e seu “irmão mais velho”, por assim dizer. Nos velhos tempos Damazio havia sido responsável tanto pela segurança de Judas quanto por caçar e eliminar os líderes Sabás mais perigosos – bispos, sacerdotes e ductus de bandos proeminentes. Agora exercia a função de combater o crime entre os Membros da cidade. Embora já tivessem se encontrado algumas vezes, era a primeira vez que trabalhariam juntos.

Off:

Use este momento para descrever o personagem, seu refúgio e falar um pouco de si mesmo. Também pode descrever seu relacionamento com seu Senhor e seus pensamentos sobre ele.

Uriel perdeu 1 PS para acordar.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] VuNfEojUriel Constantino, Lasombra, 9ª Geração
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Última edição por Padre Judas em Seg Dez 07, 2020 8:42 pm, editado 2 vez(es)

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Mensagem por Aldenor Seg Dez 07, 2020 4:04 pm

O sangue percorria seu corpo.

Primeiro, preenchiam veias vazias, depois davam um rubor momentâneo em sua pele pálida. Miguel abriu os olhos e sua mente começou a trabalhar. Fazia muitos anos que estava acostumado a não sonhar. Morto não sonhava, afinal. Quando vivo, sonhava muito, tinha planos e desejos. Queria lutar contra a opressão dos militares, queria acabar com o imperialismo e a exploração dos trabalhadores. Mas agora, morto, não sonhava. Apenas acordava.

Seus desejos eram apenas uma imitação. Miguel constantemente sentia-se interpretando um papel dele mesmo, como um ator distante. Ele lembrava que gostava de ver televisão, um grande entusiasta quando estava vivo. Viu a TV se tornar colorida, ficar mais acessível ganhando os lares dos brasileiros. O consumo cresceu paulatinamente e o frescor revolucionário dos jovens com os quais se identificava quando era vivo, sumiu. Deu lugar ao vazio do consumo. "Imperialismo" se tornou uma palavra arcaica. As pessoas agora queriam comprar seu celular, vídeo game e esquecer das agruras do trabalho.

Miguel sentou-se no sofá. Apesar de ter um quarto, uma cama e móveis funcionais (até mesmo uma geladeira e fogão!), ele acostumou-se a dormir na sala, vendo TV. Seus olhos avermelhados tomavam uma coloração mais mundana enquanto via o noticiário noturno. A luz da cozinha, separada por uma simples bancada, estava acesa. Tinha que se lembrar de desligá-la quando fosse dormir ao amanhecer. Então, o jornalista falava da Guarda Municipal maior que a PM. Parecia um começo de escaramuça entre o governador e a prefeita.

- Tsc. Mais do mesmo...

Seu resmungo não servia nem para diálogo consigo mesmo. Pensou em escrever um artigo sobre como a força policial servia para oprimir as pessoas, mas pegou-se prestando atenção na prefeita.

- "A qualquer custo", heim.

Levantou-se para começar a escrever em seu notebook na mesa central de seu apartamento. Uma mesa que serviria para refeições, se ele fosse vivo. Agora era tomada por livros, xerox, canetas e cadernos. Seu notebook estava aberto, com a bateria fraca. Resmungou pensando que precisaria comprar um novo computador em breve. Seu celular estava sobre o notebook, com uma mensagem.

Miguel sentou-se à mesa, os dedos estavam menos rígidos agora, bem como as extremidades de seu corpo morto. Aos poucos, o sangue fazia o trabalho de anima-lo para mais uma de suas noites infinitas. Escreveria, escreveria com ardor da juventude que um dia teve, mimetizando os sentimentos e sistematizando as ideias. Inspiraria os outros. Era o seu dever desde que decidiu se manter afastado dos assuntos dos vivos.

Mas antes, desbloqueou a tela do celular.

Leu as mensagens. Franziu a testa. Ligou para ele. Não era algo comum naqueles dias, mas Miguel nunca abriu mão do telefone.

- Atende, corno...

Esse telefone está desligado ou fora da área de cobertura.

Miguel fechou o punho. No que será que ele estava metido? Sentiu algo que não sentia há muito: temor. Ed era um dos poucos vivos com os quais ele tinha contato constante. Mais que isso: o via como amigo. Alguém que o fazia relembrar sua juventude, que lhe dava esperança. Mesmo ele sendo um anarquista, uma linha teórica diferente da sua, seus debates acalorados davam a Miguel uma sensação de vida.

Não podia arriscar perdê-lo assim.

A notícia da TV ressoou em sua mente. A Guarda Municipal cresceu, os anarquistas constantemente são criminalizados e associados ao MR12. Ed realmente estava metido com eles, mas para servir de alternativa às crianças da comunidade, além do tráfico. Pode ser que ele tenha sido emboscado por algum traficante. Pode ser que ele tenha sido preso pelos vermes de botina. Pode ser que...

Miguel verificou as mensagens antigas do celular enquanto pegava a jaqueta de couro. Encontrou uma conversa por áudio estranha, na qual Ed perguntava coisas como nunca tê-lo visto de dia. Claro que nunca se viram de dia, mas isso nunca tinha sido uma questão. Ed conheceu Miguel por seus textos acadêmicos, por sua base ideológica, não fazia sentido perguntar sobre ser visto de dia, sobre seu prato favorito ou outras coisas incomuns.

Agora, Miguel já estava em seu quarto, onde pegava seu revólver 44 Magnum e escondia na jaqueta de couro. Quando pegou as chaves do carro pendurada na parede ao lado da porta, já estava imaginando que talvez seu senhor que não via há anos, estivesse envolvido com isso. De alguma maneira, Ed desconfiava de coisas misteriosas, mas não falava nada claramente. Talvez ele tenha se metido com outros Membros. Seria algo terrível.

Andando no limite de suas energias antes de utilizar o sangue para a velocidade, Miguel desceu até a garagem pelas escadas e pegou seu carro, um HB20 preto, sem modificações, modesto. Afinal, sua renda não era muito grande e seus cursos online e artigos não pagavam tanto assim.

Miguel dirigiu pelas ruas de Magdala, vendo as luzes do centro pelo retrovisor. Ia para o Senna, onde o Coxa Grossa se estabelecia. Um lugar onde anarquistas a beça se reuniam. Fazia tempo que ele não se via metido em um lugar tão cheio de gente. Geralmente, Miguel não se metia em problemas, então vivia tranquilamente sem se alimentar até onde dava. Quando precisava de sangue, principalmente depois de umas lutas clandestinas, descia à Necrópole.

Em vinte minutos, estava em frente à multidão agitada. Miguel deixou seu carro há duas quadras dali e foi andando o resto do caminho dando a impressão de que chegou ali a pé. Quando se aproximou das pessoas, observou, procurando pelo amigo. Não seria difícil encontrá-lo, afinal, Ed tinha um metro e oitenta e quatro, era um tanto gordo, de barriga protuberante e às vezes usava um penteado black.

Observou.

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Mensagem por Fenris Seg Dez 07, 2020 5:10 pm

Magdala era uma cidade complicada.

Havia passado a noite anterior em leitura profunda. Um antigo exemplar de um tomo escrito por um profeta malkaviano que havia sido caçado pela diablerie de um ancillae Lasombra. A visão dos loucos sobre as sombras. Era uma alternativa interessante de estudos. Uriel havia exaurido suas fontes convencionais, e então buscava as alternativas. As visões menos ortodoxas da história cainita e das sombras. E havia encontrado aquela fonte, afinal.

"Nada existe que não você e espaço vazio. E você não é nada mais que um pensamento."

Havia certamente mais que o vazio, mas era uma visão distorcida pela loucura. Ou talvez fosse literal, e o que o profeta havia visto nas sombras desafiava o convencional. A loucura como única chave para compreensão do oculto. Deixando o tomo sobre um suporte, se sentou na cama e aguardou a chegada de seu senhor, rezando enquanto o fazia. Quando seu senhor chegou e o passou a mensagem, ele apenas ouviu e processou por alguns segundos. Teria de ajudar o Cérbero, afinal. Não conhecia o alcaide mais do que por vista. Seu irmão mais velho em sombras, alguns diriam. Sua expressão fria se virou para seu senhor.

Judas, que havia o salvo do cainita que controlava sua família. Judas, que o criara e abraçara. Uriel não sabia ao certo como se sentia em relação ao homem. Certamente o amava, mas isso apenas significava que queria vê-lo morto um dia. Era um sentimento conflitante. Todas as pessoas que algum dia amara estavam mortas, e Judas era a única constante. E por prezar a presença de seu Mentor, a ideia de que queria vê-lo morto era curiosa. Não era de malícia interna, acreditava. Uriel queria apenas saber qual seria sua reação à morte da única figura pela qual sentia algum afeto. Seria aquela a punição de Deus sobre ele? Forçá-lo pelo teste da bondade sem o dar a capacidade de sentir-se bem com ela? E havia a questão de seu método de se alimentar. Mais uma punição.

Mas aquela era a vida em Magdala, e sempre poderia ser pior.

Ele poderia ter sido abraçado por um dos cães anarquistas, afinal.

Antes de sair, porém, o neonato se virou para seu Senhor:

- Caso seja necessário, tenho vossa permissão para utilizar de força para auxiliar Damazio?

— Você está sob as ordens dele. Se ele autorizar, eu não farei oposição. Mas lembre-se da Máscara. Nossos... conhecimentos... tendem a ser um tanto ostensivos.

- Entendido, meu senhor. Benção, Padre. - Adicionou com uma mesura e tom de formalidade extremos, antes de se retirar, para ir atrás de Damazio na sede da Guarda Municipal. Não estava preocupado. Colocou seus sapatos negros, suspensórios sobre a camisa branca, e partiu.

A história Cainita era de uma longa família matando uns aos outros. Irmãos matando irmãos, filhos matando pais.

Será que algum dia, alguém mataria Deus?

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Mensagem por Lord Seph Seg Dez 07, 2020 7:02 pm

Carlos despertou com um sonho, ou seria lembrança?

Como ainda era vivo apenas ficou uns instantes sentado na cama com um pouco de luz para ver naquele lugar.

Apanhou os óculos e viu uma carta, era óbvio que era endereçada a ele. Teria suspirado se ainda houvesse ar em seus pulmões.

- O diabo sempre cobra seu preço.

Falou para si enquanto lia a carta sem muita preocupação, e ao seu fim foi se lavar para manter o mínimo da higiene humana. Ao menos não transpirava e tinha o tom certo para uma pele viva, pensou o vampiro enquanto se vestia.

Logo surgiu um barulho de batidas na porta, e só uma pessoa arriscaria vir ao seu quarto logo após o seu despertar.

- Entre.

Disse Carlos olhando para a porta sendo aberta e a luz das lâmpadas invadirem o recinto.

- Boa Noite, senhor, deseja se alimentar?

A frase da governanta Ana Júlia tinha dois sentidos.

Como Vampiro ele sempre acordaria com fome, e sempre se alimentaria da primeira presa que estivesse a vista.

O outro era o desejo da Carniçal em se tornar um igual a ela. Ao menos ela já havia bebido de seu sangue e agora tinha um mês sem esse tipo de coisa.

- Apenas uma bolsa de sangue.

Responde o vampiro sem mostrar emoção, era algo que não apreciava, mas não queria arriscar caçar durante um chamado da capela e do seu atual mestre.

Logo a governanta lhe entrega uma bolsa de sangue, infelizmente o sangue não era fresco e muito menos saboroso.

Aquilo era mais para evitar problemas maiores, talvez devesse criar alguns animais. Pensava o vampiro enquanto Ana Júlia o observava quase em deleite.

Ele preferia alguém menos fanática, mas nada podia ser feito.

- Estou indo a faculdade, prepare o carro e esteja pronta para me levar.

Ana Júlia fez um movimento de mordomo inglês e partiu para a garagem. Enquanto isso o vampiro seguia seu ritmo após sentir o amargor daquele sangue morto.

- Devia ter seguido outra trilha.

Falou Carlos enquanto ia para a garagem, Ana Júlia estava dentro do carro adaptado para sua baixa estatura. Apenas facilitar a vida de uma excêntrica carniçal.

- Vamos, à capela, siga o caminho menos arriscado.

Ana Júlia acena ao ouvir a voz de seu mestre, que desejava profundamente ser tratado de forma mais cortês que uma criatura que perdeu a mãe.

Não importava, o caminho era sobreviver como sempre.
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Mensagem por Padre Judas Seg Dez 07, 2020 9:52 pm

Miguel Alves Rodrigues


O samba-rap de Marcelo D2 tocava no Coxa Grossa, um bar que reunia a população da região – e, secretamente, servia de ponto de alimentação para os Membros anarquistas.

– Ô, Miguel!

Décio, o gerente do Coxa Grossa, chama o Brujah quando o vê. Ao se aproximar, ele completa.

– O Ed ‘tava te esperando, mas vieram uns caras e levaram ele. Pareciam ser do Movimento, mas não os reconheci. Devem ser de longe... o que parecia ser o chefe era um branquelo com uma tatuagem de escorpião na cara.

Movimento Revolucionário 12 de Outubro, o MR12. Miguel o conhecia por seu contato com os anarquistas. Era uma organização criminosa que havia surgido nos anos 70 composto por pequenas gangues que se uniram para resistir à polícia e administrar melhor os “negócios”. Os anarquistas, que já tinham influência sobre alguns destes bandos, souberam se aproveitar desta iniciativa mortal e rapidamente assumiram seu controle.

Mas o importante sobre o Movimento é que não era um monólito. Cada uma das gangues menores que o construíam permaneciam autônomas – era principalmente uma aliança contra as forças estatais e uma forma de captar e administrar melhor os recursos. Eventualmente os membros até entravam em conflitos que podiam chegar às vias de fato e o Conselho (os líderes da organização) só interferem caso a violência escalone muito e ameace a estabilidade.

Na prática os Anarquistas controlam a organização e aplicam seus princípios à mesma: cada um é livre para fazer o que quiser, desde que isso não atrapalhe a resistência à Camarilla e seus agentes na Governo. Após a Batalha de Magdala que marcou o fim do reinado da Mão Negra, a Plebe* e os Nobres¹ têm preservado uma aliança tênue, do tipo “cada um no seu pedaço”, mas desde os anos 2000 que Dom Ademar tem feito esforços diplomáticos para convencer os anarquistas a aderirem definitivamente à Camarilla.

Isso queria dizer que qualquer grupo do MR12 poderia ter sequestrado Ed. Miguel teria que investigar mais. Ele conseguia identificar no público do bar tanto alguns membros do Rebanho quando dos Anarquistas que talvez pudessem ajuda-lo – ou talvez não.

*Plebe: gíria local para se referir aos anarquistas. Um anarquista pode ser chamado “plebeu”. O uso começou na Camarilla, mas anarquistas adotaram a expressão em desafio.

¹Nobre: gíria local para se referir aos membros da Camarilla, que também pode ser chamada de Nobreza ou Aristocracia. O uso das expressões “Nobreza” (e Nobre), assim como “Plebeu” (e Plebe) tem sido comuns no discurso de líderes da Camarilla de Magdala há décadas.


Off:

Conversas e detalhes da investigação podem ser feitos via Telegram. Perguntas in game ou off game podem ser feitas lá. Miguel pode usar sua Influência (somando-a a qualquer teste social que queria fazer) entre o rebanho e seu Status (do mesmo modo) entre Membros anarquistas locais.

Falhar no teste não implica que não quiseram ajuda-lo – simplesmente não sabem ou não podem ajudar por alguma razão.

Data da Atualização: 11/12, sexta-feira.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] KUWtMFcMiguel Alves Rodrigues, Brujah, 10ª Geração
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Mensagem por Padre Judas Seg Dez 07, 2020 9:58 pm

Uriel Constantino

Uriel deixou a Igreja São José – o refúgio de seu Senhor e que também servia a ele. Embora já tivesse sido formalmente liberado, Uriel permanecia próximo a Judas por interesse do ancião em manter um assistente.

A sede da Guarda Municipal era no centro, de modo que Uriel precisou pegar a Avenida Josué Teodoro e cortar a cidade em direção ao oeste, passando ao lado do Parque Municipal Carlos Salvador Nobre – nomeado em homenagem ao antigo prefeito que também dava nome ao Distrito. O Lasombra que ali era o principal território Gangrel, um lugar onde os demais Membros não podiam caçar sob o risco de enfurecer o perigoso Primógeno dos Forasteiros e seus leais seguidores. Diferente do próprio Judas, que pouco se interessava pelos assuntos dos demais Guardiões na cidade e só agia por eles quando procurado, Graham McLammer mantinha seu Clã sob um rígido controle, dando aos seus uma sólida posição como principal força guerreira da Camarilla na cidade.

E agora ele iria encontrar seu “irmão mais velho”. Giuliano Damazio, o “Cerberus”. Pelo que já havia ouvido, ele era um sicário italiano que Judas conheceu em Portugal e salvou-lhe a vida. Trouxe-o consigo para Magdala para atuar como guarda-costas e muitas das tentativas de assassinato por parte do Sabá foram frustradas por suas ações. Destacara-se na guerra contra a Espada de Caim e quando foi necessário escolher um alcaide, Irmã Dominique não teve dificuldades de aceitar a sugestão de Judas e por sua cria na posição. Damazio mantivera a posição mesmo após a saída da Toreador do trono e a ascensão do ancião Brujah.

Constantino chegou ao seu destino quase uma hora após ter deixado a Igreja. Encontrou o ancilla saindo pela porta principal, vestindo seu indefectível terno negro com camisa e gravata pretas.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] Vl12AG6

– Não temos tempo a perder. Vamos no meu carro, entre.

O homem não parava por nada, apenas seguia em frente e entrou no veículo, um legítimo Mustang Boss 429 1969, tão preto quanto suas roupas. Deu a partida e o motor roncou potente.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] HjQdqR4

– Alguns mortais têm desaparecido misteriosamente nas últimas semanas. Normalmente não é algo que me importe, mas ontem à noite a Polícia Militar foi acionada pelo 190 e encontraram alguns cadáveres em uma casa abandonada no bairro Senna. Sem sangue. E havia sinais na parede. Eu vi as fotos da perícia. Nossos agentes na mídia foram rápidos e conseguiram evitar que alguma coisa vazasse. Os anarquistas, em uma raríssima demonstração de bom senso, garantiram que o povo de lá não dirá nada. Preciso de alguém com conhecimento em ocultismo para atuar como consultor. Espero... que possa nos ajudar.

Ele fez uma conversão abrupta à direita, sem se preocupar com o sinal fechado e uma buzina reclamante. Dirigia em alta velocidade – bem acima do que seria aceitável, mas não a ponto de perder o controle. No limite, seria a palavra.

– Os cadáveres estão no IML e a cena do crime está lacrada à nossa espera. Por onde prefere começar?

Uriel sabia que o IML ficava ali mesmo, na região central, distante cerca de dez minutos. O Senna era no Distrito Norte-Nordeste, território anarquista, e levaria mais de meia hora para chegar lá. Mas no fim das contas era tudo na mesma, pois teria que passar por ali se quisesse voltar pra casa no fim da madrugada.

Off:

Sei que “carreguei” o personagem ao fazer ele entrar no carro sem reagir, mas considerei que seria mais dinâmico assim. Além disso, Uriel não me parece um “rebelde” que simplesmente cruzaria os braços e diria “não vou entrar até saber o que está acontecendo”. Se realmente for um problema podemos refazer. Afinal de contas, ainda estou conhecendo seus personagens.

Conversar com Damazio deve ser feito via Telegram.

Data da Atualização: 11/12, sexta-feira.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] VuNfEojUriel Constantino, Lasombra, 9ª Geração
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Mensagem por Padre Judas Seg Dez 07, 2020 10:04 pm

Carlos Rocha de Oliveira

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] PAhEbB0

Ana Júlia guiava o veículo, deixando o bairro Belo Horizonte e seguindo para o norte. Passou pelo Magdala Shopping, cortou a Cidade Velha (o Centro Histórico da cidade) e cruzou a divisa entre o Distrito Nobre e o Nordeste. A rota “mais segura” passava por dentro do bairro Alferes e virava a leste, para depois voltar a seguir ao norte, passando perigosamente perto da Comunidade do Tejo. Carlos sabia, pelos jornais, que as três comunidades do Distrito Nordeste eram comandadas por uma milícia e havia se tornado uma região “perigosa para Membros”, embora não totalmente proibida como no Triângulo, a região que ficava no centro da cidade e era dominada por Lupinos. Simplesmente, às vezes, alguns Membros desapareciam dentro de seus limites. Havia a suspeita de que um grupo de caçadores havia começado a atuar na região.

Por fim chegaram à Universidade Federal de Magdala, a UFEMA. Ana Júlia estacionou o carro no estacionamento da Faculdade de Medicina e abriu a porta para que seu senhor saísse.

– Vou esperar aqui, como de costume.

Carlos avançou para entrar no prédio, mas estacou. A faculdade estava de férias, não havia estudantes, mas parado, displicentemente encostado a uma parede, havia alguém que Carlos já havia encontrado. De vista.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] VPyIArJ

Graham McLammer, o Primógeno dos Gangrel, era alguém tido como realmente perigoso. Ao que se comentava, era um aventureiro escocês que havia terminado no Brasil colonial como capitão do mato. Tendo sido trazido ao Sangue por um dos indígenas que caçava, acabou por encontrar um lugar na cidade de Magdala. Mas não era sua biografia que deixava Carlos nervoso. Era algo mais.

Havia em McLammer a aura de um predador. Era como encontrar uma onça ou um leão – ele podia estar quieto e a qualquer momento saltar sobre você, todo garras e presas, para devorá-lo completamente. O homem nem tinha tantas características bestiais assim, a despeito da idade: exceto pelas garras permanentes e os braços peludos parcialmente escondidos dentro das mangas da jaqueta, não havia nada que indicasse algo não-humano. Mas havia a presença.

O ancião ignorou Carlos completamente. Por fim ouviu-se passos de saltos vindo do interior do edifício. Uma mulher de meia-idade, ruiva e bela, surgiu seguida por um chofer. Ela sorriu para Graham e então notou Carlos parado ali, ao pé da escada. Voltou-se para o rapaz.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] 5HNpbyI

– Ó, boa noite, Carlos. Já faz um tempo que não nos vemos, não é? No que está trabalhando hoje?

– Ele já está aí há um tempo. – disse o Gangrel. – Que foi, rapaz? Parece que viu um fantasma! HAHAHAHAHA!

Riu alto. Era uma risada aberta, cheia de vida. Mas havia algo mais. Uma crueldade subjacente.

Normalmente, se esperava dos Tremere que fossem contidos, rigorosos e introspectivos. O mesmo dos ingleses. Mas nada disso valia para Katharine Henshaw. Ela era o oposto tanto do estereótipo Tremere quando do estereótipo britânico – apaixonada, espontânea e frequentadora assídua de festas e festivais, sendo que ela mesma já promovera alguns. O fato de ocupar a regência de uma capela indicava sua competência e importância para o Clã – ela era uma feiticeira de grande poder, isso era certeza. Mas ao mesmo tempo não hesitava em usar suas grandes habilidades sociais para se fazer presente na sociedade da Camarilla.

Katharine também era uma ancestral direta de Carlos. Era Senhora de Thomaz, Senhor de Michel, Senhor de Aguirre, Senhor de Leonora. Talvez isso explicasse o interesse. Ou talvez fosse somente educação, mesmo.

Off:

Conversas devem ser resolvidas via Telegram. Esta é uma oportunidade rara para Carlos conversar com sua Regente (e ancestral).

Data da Atualização: 11/12, sexta-feira.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] MNW9g9vCarlos Rocha de Oliveira, Tremere, 13ª Geração
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Mensagem por Aldenor Ter Dez 08, 2020 6:08 pm

A música ambiente normalmente seria apreciada por Miguel. Mesmo morto, ele ainda era capaz de sentir alguns prazeres de quando vivo e ver o surgimento de artistas modernos foi um privilégio que ele admitia ter. Porém, naquela situação de inquietação, um estranho nervosismo que moveria seu estômago se estivesse vivo, Miguel não deu atenção.

Ouvir seu nome o direcionou até o gerente do bar. Era um homem confiável, conhecia os arredores e alguns de seus conflitos. Miguel, assim como todos os Membros mais velhos e distantes, tinham que refazer alguns trejeitos fisiológicos para não aparecerem tão estranhos. Então, Miguel suspirou.

Ao se aproximar, ouviu Décio falar sobre Ed balançando a cabeça, coçando despretensiosamente seu cavanhaque.

— ... tatuagem na cara... Nunca vi alguém assim. Não me lembro. — A verdade era que talvez tenha visto, mas em outro lugar, em outro momento, algo distante e impossível de se lembrar. — Por acaso já viu esse branquelo da tatuagem antes em algum lugar?

Décio balança a cabeça, negativamente, mas um cara no balcão ouviu a conversa e comenta:

— O cara do escorpião eu nunca vi por aqui, mas eu vi uns dos caras que andam com eles. Eles são de um grupo que atua na Nova Roça.

Miguel olhou para o desconhecido com desinteresse.

— E eles já vieram aqui mais vezes?

É Décio que responde dessa vez.

— Nunca os vi por aqui.

O outro completa.

— Nova Roça é meio longe, né?

Miguel concordou balançando a cabeça. Com um gesto de agradecimento, se afastou dos dois. Olharia por ali, em meio à multidão, algum Membro que o conhecesse ou algo que o valha. O Brujah já sabia que era coisa de traficante. Mas o homem descrito como "branquelo" com uma tatuagem daquelas certamente despertavam suspeitas sobre Membros. Torcia para que fosse sua paranoia.

— E aí. Já viram alguém de Nova Roça por aqui? Tatuagem de escorpião no rosto...? — Miguel se aproximou dos dois vampiros em um canto. Conhecia-os de vista, até trocara algumas palavras, mas não o suficiente para saber seus nomes. Porém, para os neófitos, ele era conhecido.

Eles olham um para o outro, enquanto o convidam a sentar-se.

— Temos tido alguns... problemas com o povo de lá. — Diz um deles, com cuidado.

— A direção está discutindo sobre isso. Eles podem ser expulsos do Movimento por algumas atitudes erradas. — Completa o outro.

— Por que o interesse?

Miguel não sentou-se, mas estava perto, como se estivesse prestes de sair dali.

— Porque queria ver de falar com um cara... tatuagem de escorpião no rosto. Soube que esteve por aqui hoje mais cedo. Manjam?

— Escorpião no rosto? Hm... já o vi. É um cara novo, não é daqui. Ele também não é... da Família.

O sujeito olha ao redor e fala a última palavra em um tom mais baixo. Afinal, estavam cercados pelo rebanho.

— Não há Membros da nossa Família para aqueles lados. Ali é tudo gado.

Era isso que Miguel ia descobrir. Com um aceno singelo, ele se despediu dos dois e saiu do Coxa Grossa andando, até ganhar dois quarteirões de distância, onde buscou seu carro.

"Que merda." Pensou e deu a partida, rumo à Nova Roça...

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Mensagem por Lord Seph Ter Dez 08, 2020 8:20 pm

Carlos detestava sair de casa, suas pesquisas sempre acabavam sofrendo algum atraso com isso e o pior, seu novo mestre não tinha metade das capacidades de sua Senhora, ou assim Carlos pensava e mantinha sua mente sã enquanto tentava sobreviver. E logo estavam onde havia sido chamado.

- Fique alerta.

Responde para Ana Júlia em resposta.

E pouco depois de adentrar o recinto se vê em algo que remetia sua infância, bullying e ele já tinha quase 50 anos.

Graham falava com ele, mas aproveitava de suas incapacidades auditivas e visuais para ganhar tempo e ter uma resposta, mas antes de falar ela apareceu.

Todos diriam que ela seria a mais bela dentro do clã, mas a paixão quase infantil de Carlos não permitia sentir o mesmo pela líder Katharine.

Sem reação, Carlos apenas pisca duas vezes como quisesse limpar a visão.

- Perdão, Mestra Katharine - Carlos se recusava a chamar de senhor ou senhora que não fosse Leonora - Eu vi o Mestre Graham ali, porém minha vista acabou embaçando devido a lente e não o reconheci, e acabei tentando forçar a vista para reconhecer ele e assim fazer um tratamento cortês a ele.

Falou de forma calma e sem expressão. Sobrevivência era tudo para Carlos.

- Vim hoje a pedido do Mestre João Ozório por assuntos que ele ainda não me informará, mas requeria certa urgência.

Termina de falar aguardando a ancestral de sua senhora.

Ela mantém o sorriso.

— Ah, sim, ele me disse que chamaria alguém pra cuidar disso. Então, como está indo seu trabalho? O que você está pesquisando atualmente, mesmo?

Carlos mantém a seriedade.

- Minhas pesquisas ainda são medíocres Mestra Katharine, não chego perto da genialidade de minha Senhora Leonora.

Falou de forma franca, pois era verdade. Ele ainda estava se recuperando da perda e principalmente da falta de informações, talvez devesse roubar de um certo clã necromante.

- Minhas pesquisas são sobre o sangue e seu fortalecimento, principalmente para tornar carniçais mais dignos de nos servir que simples sacos de carne conscientes.

Sim, a magia de sangue era mais que apenas criar laços e truques pirotécnico, e era isso que ele e Leonora estavam trabalhando.

— Ah, sim, fortalecimento de carniçais...

Graham se manifesta.

— Modificação de carniçais? Isso se aproxima bastante do que fazem os Tzimisce... me pergunto o que alguns do conselho diriam se ouvissem isso.

— Ah, mas é claro que Carlos não pretende cometer as violações que aqueles degenerados fazem com seus servos.

De forma enfática Carlos responde.

- Lógico que não faria uma blasfêmia dessa, não sou um tolo que busca poder sem controle.

Katherine sorri.

— Claro que não. Graham só externa a preocupação de alguns Primógenos ao lidar com os mortais, mas tenho certeza de que todos concordamos o quão bom seria ter servos mais úteis. Ainda mais nesses tempos...

— Aham... — McLammer novamente. — Sempre é bom ter melhores soldados. Espero que seu trabalho renda bons frutos. Precisamos ir, Senhorita Henshaw.

— Ó, claro. Bem, tenha uma boa noite, Carlos. E desejo sucesso na sua missão e na sua pesquisa. Conversaremos mais depois.

Ela se despede com um aceno, enquanto o Gangrel dá um resmungo que pode corresponder a um "adeus". Eles partem, deixando-o sozinho. Somente quando se afasta o suficiente é que aquela sensação de ameaça iminente desaparece.

Carlos apenas retribui o aceno e após os dois se afastarem Carlos volta a sua marcha até seu mestre provisório.
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Noite Eterna: Primeira Noite [ON] Empty Re: Noite Eterna: Primeira Noite [ON]

Mensagem por Fenris Qua Dez 09, 2020 11:13 am

Entrou no carro sem demora. Ele não era exatamente fã do clima de Magdala, tinha de admitir. O frio que fazia em sua antiga casa nas montanhas da Bavaria tornavam sua existência mais tolerável mesmo quando criança. Anos e anos não haviam o feito se acostumar com o clima brasileiro. Questionado por Damazio sobre o destino, a voz de Uriel foi, tipicamente, um sussurro:

- Vamos até a cena do crime primeiro. Mais provável que encontremos algo de minha... especialidade lá. Alguma chance da plebe nos incomodar? Ou podemos esperar dois milagres vindos deles em um espaço tão curto de tempo?

— Fizemos um... acordo. — Ele dá um meio sorriso que parece desgosto ou desprezo. — Eles vão ter dois representantes acompanhando nossa investigação enquanto estudamos a cena do crime. Afinal de contas, ainda somos aliados. Tecnicamente.

— Vamos encontrá-los em um bar chamado "Coxa Grossa".


Um bar. Eles não poderiam ser um estereótipo maior nem se tentassem. Girou os olhos, suspirou. Trabalhar com a Plebe. Testes e mais testes.

- Em um bar? Céus. Sabemos algo de quem designaram para nos... auxiliar?

— Dois neófitos, Cruz e... "Tingá". Não os conheço, mas eles me conhecem, então vou apenas aparecer na porta e esperar eles virem.

Cruz e Tingá. Deus.

- Clãs?

— Brujah.

- Entendo. Não deve ser muito mais difícil do que lidar com Graham e os seus nos parques.

Não que os Gangrel fossem desorganizados. Pelo o que sabia, os dali eram muito disciplinados até. Mas ainda eram ferozes e abraçavam sua natureza predatória e guerreira como braço armado da Camarilla. Damazio o olhou ao mesmo tempo em que cortou um carro pela avenida.

— Os Gangrel daqui são bem organizados por conta de McLammer. Já os Brujah... bem, cada um é cada um. Não sei o que esperar. Podem ser "tranquilos"... para um Brujah. Ou podem nos antagonizar de primeira.

- Se eles destacaram os dois para trabalharem conosco, eu espero que sejam mais fáceis de lidar do que a média, quis dizer. Já é um trabalho difícil o suficiente em circunstâncias normais.

"Ou então não irão ter suas não-vida por muito mais tempo."

— Vai dar tudo certo. Eu espero.

- Amém.


Algum tempo se passou em silêncio até Uriel novamente se manifestar:

- Algo mais acontecendo em Magdala que seja bom eu saber?

Ele sorriu de leve.

— As coisas devem... esquentar... em breve. Mas não posso falar muito sobre isso. Nosso Senhor o deixará ciente.

Ele olhou para Uriel novamente enquanto cortava um caminhão pela direita. O radar indicava 120 km/h em uma via de 80.

— Não comente isso com nossos amigos do bar, ok?

Uriel encarou o "irmão".

- Entendo. Se precisar de ajuda, me avise Damazio. A proximidade de sangue tem algum valor ainda, afinal.

- Eu vou
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Mensagem por Padre Judas Qua Dez 09, 2020 5:27 pm

Miguel Alves Rodrigues


O caminho até a Comunidade da Nova Roça era complicado. Ele passou pelas ruas do Bairro Senna, que era originalmente uma vila anterior à cidade em si, mas que do passado não restara nada exceto algumas ruas calçadas com pedras, feitas por escravos. Era um bairro sem história, sem origens – tudo enterrado sobre casas mais ou menos novas, um bairro de classe baixa e média baixa. Miguel sabia que só havia um ser que podia falar sobre o passado de Senna: João da Trinta, um dos Barões anarquistas e que vivia na Comunidade do Erê. João era criado e nascido na região, Abraçado no início do século por um Membro desconhecido que passava por uma fazenda e se alimentou mais do que devia, partindo logo em seguida após sua crise de remorso que resultou em um enjeitado, largado nas trevas de sua ignorância.

Logo deixou o bairro e as ruas mudaram: agora eram largas, planas. Pequenos prédios coloridos cercados por muros baixos surgiram. Pichações por todo lado. Marcas de gangues, pictogramas, letras que lembravam hieróglifos, palavras sem significado para quem não fazia parte daquele mundo. Às vezes um grafite. Times de futebol. “Flamengo”, “Galo”.

Na medida em que se afastava, as coisas iam mudando um pouco mais. As pichações eram mais agressivas, as ruas eram mais sujas. Decadência. Abandono. A Prefeitura fazia propaganda das COHABs, mostrava alguns conjuntos modelos. Mas as únicas câmeras de TV que chegavam até naquele lugar eram as dos programas policialescos que conjugavam sofrimento com entretenimento.

Nova Roça era uma das comunidades mais afastadas da cidade – afastadas de tudo. Polícia ali só vinha para pegar dinheiro e ir embora. A Escuderia. Miguel conhecia. Oficialmente uma associação criada na década de setenta para funcionários públicos da área de segurança que oferecia alguns benefícios: clube poliesportivo, programa de viagens, essas coisas. Tinham eleitos dois vereadores, um deputado estadual e um federal.

E comandavam as milícias de Magdala. Todas elas. Uma das organizações criminosas mais poderosas da cidade, quiçá do país.

Mas na região do Favelão havia esse acordo entre a Escuderia e o MR12. Cada um no seu quadrado, cada um cuida dos seus assuntos. Era a “paz magdalense”. O motivo para a cidade ser considerada tão segura, seus índices de criminalidade mantidos sob controle. Um segredo que todos compartilhavam.

O Brujah chegou ao seu objetivo. Rodou por algumas ruas. Na porta de um bar viu: um homem segurando uma AK. Não era comum em Magdala os criminosos ostentarem armas de grande calibre – não é que não tinham, é que não precisavam mostra-las. Aqui não era o Rio, afinal de contas. Em Magdala havia paz. Era parte do acordo.

Os caras ali não assinaram o contrato, pelo visto.

Miguel desceu do carro, estudou sua aproximação. Mas não deu nem um passo, ouviu uma voz feminina atrás de si. O sotaque malandro. Carioca.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] W0zPbnv

– E aí, gato. Tá perdido?

Ao se virar viu que ela carregava uma pt da Taurus na cintura. Sua pele era pálida e, a despeito de sua beleza feroz, causava uma sensação... incômoda...

Embora sorrisse, Miguel percebeu que ela não parecia exatamente feliz. Ele viu as presas.

Off:

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Mensagem por Padre Judas Qua Dez 09, 2020 5:30 pm

Carlos Rocha de Oliveira


Livre dos anciões, Carlos entra no prédio da Faculdade de Medicina sem ser detido. Passa por um faxineiro que sabia ser um carniçal. Chega ao elevador que lhe dá acesso ao necrotério.

Mas uma chave permitia acessar um nível ainda mais baixo. Ao entrar o visitante é recebido por uma estátua horrenda, uma criatura demoníaca com asas abertas, garras à frente, em posição de ataque. Sentada em uma mesa próxima uma senhora sorri para o recém-chegado. Laura era seu nome, mas ela não era uma pessoa*.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] FXzeSgh

A mulher nada diz, permanecendo com aquele sorriso e olhar acolhedores – congelado em seu rosto. Carlos dá a senha e sua entrada é liberada. Ela abre outra porta de madeira com sua própria chave e o deixa passar, trancando-a novamente às suas costas. Por esse lado é possível ver que a porta na verdade era uma chapa de aço. Vários símbolos arcanos estavam inscritos nela com sangue.

Seguiu pelos corredores. Passou por mais uma gárgula. Quando o Sabá invadiu a cidade anos atrás, atacou e destruiu completamente a capela que existia no bairro Belo Horizonte, em uma mansão. Praticamente extintos, os Tremere permaneceram com uma baixíssima representação até a Batalha de Magdala em 82, quando Katherine Henshaw chegou de BH com uma nova leva de Feiticeiros e fundou outra capela, desta vez subterrânea e bem protegida no subsolo da Faculdade de Medicina da UFEMA. Esta capela, embora não parecesse, era uma verdadeira fortaleza com várias armadilhas e sistemas de defesa que permaneciam ocultos, mas se revelavam caso alguém tentasse entrar sem as devidas permissões.

Carlos cruzou com alguns Membros envolvidos em conversas ou em seus próprios pensamentos. O clima ali era bem mais relaxado e lembrava mesmo uma faculdade – provavelmente por influência de sua líder. O aprendiz recebeu cumprimentos de alguns conhecidos até chegar à sala de seu tutor.

A ordem do Clã Tremere estava estruturada em um rígido sistema chamado “Pirâmide”. Na base dela estavam os acólitos, os Membros recém-admitidos que ainda estavam aprendendo o básico e não eram considerados formalmente parte da Ordem. Então vinham os aprendizes, como o próprio Carlos. Estes eram subordinados aos Magísteres, que eram como professores e tutores, cada um deles responsável por dois ou mais neófitos.

Um Tremere poderia ser Magíster para sempre, evoluindo em poder pessoal, conhecimento e influência ao longo de séculos. Somente aqueles que demonstravam o interesse e a predisposição de deixar suas pesquisas parcialmente de lado para se envolver na política da Camarilla acendiam à Regência. Os Regentes comandavam as capelas e frequentemente atuavam como Primógenos nas cidades onde estavam. Acima deles estavam os Lordes responsáveis por pequenos países ou grupo de estados. Os Pontífices supervisionavam grandes territórios, supervisionando sete Lordes. Por fim os sete Conselheiros que governavam o Clã de fato, cada um deles responsável por sete Pontífices. E no topo o próprio Tremere, o semi-lendário fundador do Clã.

Entretanto os Tremere haviam sofrido uma perda pesada após sua capela principal, onde o Conselho dos Sete residia, ter sido bombardeada por mortais da FIRSTLIGHT, ou “Segunda Inquisição” como era referida pelos Membros. Os antigos Conselheiros que haviam liderado o Clã desde o início estavam mortos. Carlos ele mesmo havia sentido algo se quebrar quando isto ocorreu, aquela sensação de vazio quando o laço parcial que todo Membro da linhagem possuía com os antigos foi quebrado. Meerlinda de Wessex, que Leonora se orgulhava por ser sua ancestral direta, estava entre os mortos. E há séculos que não havia notícias do Grão-Mestre – muitos suspeitavam que ele mesmo também havia sido morto no ataque.

Agora o Clã estava rasgado em pedaços. Os legalistas reuniam-se sob a liderança de Karl Schrekt, ex-Justicar e um dos membros mais respeitados da Ordem – assim como um dos mais rigorosos a respeito das Tradições e da Camarilla. Mas alguns elegiam Carna, ex-Príncipe de Marselha, e se agrupavam sob a bandeira da Casa Carna. Embora formalmente aliada da Camarilla, os Carna inclinavam-se perigosamente para os Anarquistas. Também havia os mercenários da Ipssissimus, um bando que desertou definitivamente para os Rebeldes e os apoiavam em troca de benefícios diversos. Por fim boatos circulavam sobre o retorno de uma fortalecida Casa Goratrix dentro do Sabá, tantos anos após notícias de suas destruição terem se espalhado por todo o Clã.

Embora toda essa discussão parecesse distante, não o era para Carlos. A Capela de Magdala estava também dividida. Embora nominalmente leais à facção legalista, alguns Magísteres e até Aprendizes falavam abertamente em favor de Carna ou até mesmo do Ipssissimus. Katherine não se opunha ao livre debate, mas não emitia opinião e insistia apenas que “a capela deve permanecer unida.” “Os lobos estão aos nossos portões, como sempre estiveram. Se nos separarmos estaremos condenados.” Até o momento nenhum Tremere havia se declarado abertamente Anarquista, mas sabia-se que alguns deles eventualmente vendiam seus serviços aos líderes do Movimento para pequenos negócios – um ritual de acobertamento para permitir a chegada de drogas ou armas sem interferência policial, encontrar algum traidor fugitivo. Pequenas coisas, nada grave.

Carlos parou diante da porta do escritório de João Ozório. A opinião de seu próprio tutor era um mistério – ele era um dos que alinhavam-se com a Regente e abstinha-se no debate interno. Era responsável por quatro aprendizes, incluindo Carlos. Dois deles, Emanuel e Eliana, eram legalistas, mas o outro, Domiciano, defendia uma postura mais... aberta.

Domiciano também era a cria mais velha de Leonora. E um dos Membros da Ordem com quem Carlos mais tinha contato. Se não eram amigos, eram pelo menos colegas.

O jovem repórter bateu na porta. Um “entre” foi ouvido e ele abriu-a.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] Q2NAGsY

– Ah, Carlos. Boa noite. Sente-se.

O escritório estava na penumbra, iluminado por uma única luminária sobre a mesa que permitia ver pouco além do espaço circundante. Após os cumprimentos de praxe, o ancião continua.

– Carlos, temos um problema. Domiciano desapareceu. E, com ele, algumas notas de pesquisa de Leonora que não deveriam ter saído da capela. Agora, o que vou dizer aqui não deve sair desta sala, entendeu? Você já ouviu falar da Sociedade Chifruda?

O neófito não sabia o que era. João continuou, adotando um tom professoral.

– “The Horned Society”, a Sociedade Chifruda. A Ordem Tremere possui várias especializações e facções políticas. Alguns grupos são totalmente aceitáveis, como os Irmãos do Absinto que estudam a magia sob efeito de alucinógenos ou os Hashem que praticam cabala. Mas então temos aqueles que são... problemáticos. Não são necessariamente proibidos, embora alguns sejam, como os perdedores do Terceiro Olho que acham que devemos nos redimir por eliminar os pérfidos Salubri.

– Mas então temos a Sociedade Chifruda. Eles são oficiais, eles são tolerados. Mas lidam com um assunto por demais perigoso que demanda vigilância constante. Eles trabalham com demônios.

– Agora, uma coisa é estudar os demônios para se defender deles. Uma coisa é invocar um demônio para que ele faça algo para você. Se consegue negociar com um enganador que é puro mal, então ótimo, você é impressionante e uma grande adição às fileiras da Ordem. Mas se passa a servir a esse demônio, se é guiado por ele rumo aos seus próprios objetivos perversos ao invés de servir à Pirâmide... então temos um problema. E uma ameaça.

– Leonora estava pesquisando coisas relacionadas aos interesses da Casa Chifruda. Ela procurava entrar para a Casa e poderia ter sido aceita. O objetivo de sua ida a Viena foi justamente apresentar seu trabalho e pleitear a entrada. Mas sabemos o que aconteceu lá.

– Domeciano é a cria mais antiga dela e seu herdeiro direto. Demonstrou interesse em seguir seus passos. Mas agora... ele fugiu. E levou anotações de sua Senhora. Essas anotações devem ser encontradas. Você foi um jornalista, não é? Um investigador. Leonora o encontrou no Oriente Médio quando seu trabalho o aproximou de nós. Ela achava que você possuía talento. Então é sua chance agora. A Srta. Henshaw concordou em permitir que você tente achar Domeciano e, o mais importante, a pesquisa de Leonora. Está bem assim?


Ele cruza as mãos em frente ao rosto, cobrindo-o parcialmente com seus dedos entrelaçados, encarando você das sombras.

* Carlos sabe que “Laura” é um “demônio aprisionado”, uma criatura criada ao se aprisionar um espírito maligno em um corpo que perdeu a alma humana. Os demônios aprisionados não falam, mas são muito inteligentes, além de serem fortes, rápidos e terem alguns poderes estranhos.

Off:

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] MNW9g9vCarlos Rocha de Oliveira, Tremere, 13ª Geração
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Mensagem por Padre Judas Qua Dez 09, 2020 5:31 pm

Uriel Constantino



Cerca de trinta e cinco minutos se passaram até chegarem ao destino. O carro parou perto de um bar que tocava samba em alto volume. Um grande número de mortais reunia-se na calçada e até na rua.

Sem dizer nada, Damazio saiu do veículo e avançou, seguido por Uriel. Algumas pessoas olhavam para os dois obviamente deslocados no meio. Como havia dito, o alcaide parou na porta do estabelecimento e deu uma olhada para dentro. Algumas pessoas ficavam visivelmente incomodadas e se afastaram. Logo dois Membros apareceram.

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] O87m6rs

O de pele mais escura, sorridente e com um Rolex de ouro, falou primeiro.

– E aí, chefia? A gente ‘tava te esperando. Vamos?

O outro só fez um movimento de cabeça à guisa de cumprimento. Sem a camisa, a pistola Glock era visível enfiada na cintura.

O sorridente guiou-os para longe da confusão, enquanto o outro os seguia um pouco atrás.

– Eu sou o Cruz, aquele ali é o Tingá. Você vieram ver o lugar onde deixaram os corpos, né? É logo ali!

Ele os levou até uma casa que cujo portão estava lacrado com uma fita amarela de “não ultrapasse”. Sem hesitar arrancou as mesmas e abriu a porta com uma chave.

Havia uma casa ali, às escuras. O mal-cheiro era atroz. Carniça, morte. E algo mais. Uriel conseguia sentir em seu âmago algo profundo e vil naquele lugar. Ao trocar olhares com Giuliano viu que ele devia estar sentindo algo parecido.

– Aquelas coisas estavam largadas aqui.

A casa não tinha móveis, estava abandonada. Quase não havia sangue e havia símbolos espalhados por todo lado. Pentagramas, hexagramas, círculos. Letras estranhas que formavam palavras alienígenas. O alcaide entrou e deu uma boa olhada. Então virou-se para Uriel.

– O que acha?

Off:

Data da Atualização: 11/12, sexta-feira.

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Noite Eterna: Primeira Noite [ON] Empty Re: Noite Eterna: Primeira Noite [ON]

Mensagem por Fenris Sex Dez 11, 2020 4:06 pm

Ele não gostava de Brujahs.

Não escondia isso, e se punia internamente por esse pecado. Desgostar de seus irmãos pela mera razão de que agiam como macacos insanos que não cessavam de balbuciar em bandos que se acreditavam revolucionários e heróis. Céus eles o irritavam. Mas manteve a expressão neutra quando os dois se apresentaram, e não respondeu verbalmente com mais que seu nome.

- Konstantine.

Ao chegarem na zona do crime, Uriel não perdeu tempo. Em instantes, já estava lendo runas e identificando padrões. Era fácil demais. Como um adulto fazendo exercícios de crianças. O que parecia alienígena para eles era quase trivial em seus padrões.

Soberba, Uriel

Se conteve. Mas logo, sabia o que enfrentavam. Infernalistas.

Baali.

Em alemão, se virou para Damazio:

- Fala alemão? - Sem pausa, perguntou na língua dos romanos. - Latim?

- Sim, ambos. - O outro respondeu em alemão. Aquilo facilitava as coisas.

- Ótimo. Não tenho certeza do quanto quer dividir com nossos novos... Amigos. Isso foi trabalho de infernalistas. Vê as letras? Enoquiano. Não o estudei o suficiente ainda, mas reconheço o padrão ritualístico dos infernalistas quando o vejo. É um ritual para trazer algo... Ou ressuscitar algo. Magdala tem algum histórico disso?

A voz dele era um sussurro, como sempre. Era bom falar em sua língua materna, raramente o fazia.

Aquele que se chamava Cruz interrompeu.

— Ei, chefia, o que o seu colega disse? Esse não era o acordo...

O Lasombra mais velho se virou:

— Desculpem, ele não fala bem o português. Está me dizendo que isso parece ter sido feito só para nos confundir.

— Não é nada, então? Que merda, heim?

Giuliano acenou, afirmativo, enquanto respondia em alemão.

— Infernalismo? Isso é muito sério. Você consegue encontrar mais alguma coisa? Vou interrogar os vizinhos para tentar descobrir se alguém viu algo.

Uriel assentiu, e continuou à investigar. O ritual em si era possível notar falhas intrínsecas. Como se os infernalistas estivessem aprendendo ou apenas tentando. Judas havia o falado uma vez de um ritual dos Bruxos, que envolvia aprisionar um espírito em um corpo. Aquilo era similar, mas a entidade que procuravam invocar detinha muito mais poder. E o ritual era claramente novo. Tentavam inventar algo. Um demônio, provavelmente. Talvez repetir o processo de Shaitan, aonde era efetivamente um demônio em um corpo de vampiro. Bastava apenas saber aonde teriam o corpo e-

"Merda."

Correu para o lado de fora, aonde após algum tempo Damazio retornava com Cruz.

— Uma testemunha viu um dos caras. Parece ser um membro do MR12 — ele disse, em alemão.

— É um cara do Nova Roça! — responde Cruz, agitado, para Tingá. — O cara do escorpião na cara! Filho da puta!

Tingá olha surpreso.

— Vou avisar a chefia.

Damazio fala com você.

— Segundo o Cruz aqui me disse, esse cara com tatuagem de escorpião no rosto trabalha com um bando na Comunidade do Nova Roça. Em princípio, nenhum Membro reivindicou controle sobre a gangue. Talvez devêssemos ir até lá.

- Eu preciso ver o cadáver no IML. Podemos procurar esse homem da tatuagem, mas se o ritual queria colocar um demônio num corpo, o cadáver no IML pode ser um risco à Máscara.

— Os três cadáveres encontrados estão separados e sob vigilância. Se pegarmos o cara agora podemos encerrar isso.

Ele estava certo, embora Uriel odiasse admitir. Suspirou. Precisaria daqueles corpos.

- Certo, vamos atrás dele então. Consegue fazer uma ligação para não deixar nenhum vivo chegar perto dos cadáveres até que eu possa estar lá?

— Ninguém vai chegar perto, não se preocupe. Vamos.

Cruz os chamou.

— Os caras vão mandar mais gente. Nós vamos invadir o Nova Roça hoje!

Tão vulgares.

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Noite Eterna: Primeira Noite [ON] Empty Re: Noite Eterna: Primeira Noite [ON]

Mensagem por Aldenor Sex Dez 11, 2020 4:45 pm

Miguel seguiu o caminho pela rua até a Nova Roça. No trajeto, observou as casas do Bairro Senna e sua estrutura, construída sobre uma vila antiga. Lembrou das feições de João da Trinta, um homem importante, alguém que era interessante ter como aliado caso se envolvesse em algum problema grave na região.

Mesmo assim, Miguel sabia que nem mesmo ele podia fazer muito quando cruzava algumas ruelas. Chegou no Favelão, um lugar que lembrava algumas comunidades do Rio, mas era tudo plano. Fora isso, as pichações, os barracões e o abandono do poder público flagrante fariam o sangue de Miguel ferver.

Mas ele estava morto e apenas lembrava de como se sentiria. Ou idealizava como seria sua reação, anos atrás. Hoje, se não se esforçasse a se importar, sentiria um vazio profundo.

Ou talvez esse vazio fosse motivado pelo seu foco atual: Ed Doidão. Seu único amigo vivo. Alguém que se importava, alguém que o fazia agir como um vivo. Enquanto contornava um quarteirão de uma COHAB, pensava que talvez quisesse muito salvar Ed por egoísmo, pois sua influência era muito positiva ao vampiro. Não podia dizer se o contrário era verdadeiro.

Então, deixando seu carro bem distante, andou pela rua, observando algumas pessoas com discrição, abrindo sua jaqueta de couro, ajeitando a arma dentro dela. Apesar da tão falada "paz magdalense", ainda havia uma tensão geral e Miguel acreditava que era uma questão de tempo para o MR12 ou o Escuderia entrarem em conflito.

Ao ver o homem segurando uma AK, Miguel coçou o cavanhaque, fingindo distração, olhando para o chão. Aquela demonstração poderia ser um indício de suas suspeitas de longa data. Afinal, quando se trabalha na margem da sociedade controlada, as regras podiam mudar muito rapidamente.

Ouviu uma mulher atrás de si. Sotaque de sua terra. Miguel mesmo não tinha mais tanto, falava um misto de muitos sotaques.

— E aí, gato. Tá perdido?

Uma mulher armada com uma pistola. Era pálida e o sorriso denunciava suas presas. Obviamente, ela sabia que ele também era um Membro, pois mesmo os mais irreverentes anarquistas sabiam a importância da Máscara. O sorriso, é claro, era só para se revelar. Pois ela não estava "feliz" de fato ao vê-lo. Miguel a olhou de cima abaixo.

— Procuro alguém —  titubeou um instante, incerto se mencionava o homem da tatuagem, ou Ed. — Um homem com uma tatuagem de um escorpião no rosto.

Ela estreitou as pálpebras.

— Ah, é? E o que cê quer com ele?

Miguel parecia plácido.

— Ele sabe onde um amigo meu está.

Ela ficou séria.

— Seu... amigo? Quem?

Miguel sorriu brevemente, mostrando as presas.

— Edmundo. Sujeito alto, grande. Mortal. Ele é meu.

Ela respondeu:

— Hm... talvez a gente ache seu amigo. Sou Marcelly, quem é você?

Miguel analisou sua seriedade. Ficou sério também, mas não a ponto de apresentar alguma hostilidade. Ainda não.

— Miguel. Onde está Ed?

— Siga-me, Miguel.

A garota passou por Miguel e seguiu em direção ao boteco, rebolando. Miguel abaixou os olhos, lembrando do passado. Ela devia ser recém abraçada, ou uma degenerada. Os impulsos mortais ainda apareciam como resquícios nela. Miguel a seguiu com as mãos no bolso da jaqueta aberta.

Ela não diria mais nada, e se ele perguntasse algo, seria um movimento fraco. Então, a acompanhou em silêncio, como se não precisasse de respostas, como se soubesse de tudo, com a situação sob controle. Calmo, a seguiu. Porém, sentiu um gosto amargo na boca, algo que há tempos não sentia.

Os dois Membros aproximaram-se do guarda, que fez um aceno positivo.

— Oi, Julim. O Lança tá aí?

— Tá lá dentro. Quem é seu amigo?

— Veio procurar um colega dele. Tá comigo, firmeza?

O outro acenou. Miguel e Marcelly entraram. O ambiente era pesado, tenso. A música era um funk proibidão exaltando o crime, a violência e a morte de policiais. As pessoas ali não sorriam, não conversavam em tom alto. Havia drogas sobre uma mesa. Armas e munição também. Outro cara com um fuzil.

Dois caras ficaram na porta, claramente dificultando qualquer saída. Uma expressão ocorreu a Miguel: "o estômago da besta".

Marcelly o levou por uma porta dos fundos que dava para um pátio interno. Havia um galinheiro e dois pit-bulls que rosnaram para os recém-chegados, mas um sujeito estranho os controlava... latindo. Ele tinha pelos na cara inteira e também no corpo. Suas orelhas eram parecidas com um morcego. Suas garras estavam à mostra.

Miguel engoliu seco, hábito de quando estava vivo. Alguns ainda remanesciam.

A mulher tirou uma chave e destrancou uma porta presa com cadeado. Miguel notou que dois dos caras do bar o seguiram até ali. São mortais, com certeza, mas embrutecidos. Não eram problema, pensou o Brujah.

— Dá uma sacada, gatinho.

Ela saiu de lado, dando espaço ao rapaz. Miguel estreitou os olhos. Sua mão preparada para puxar a magnum.

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Noite Eterna: Primeira Noite [ON] Empty Re: Noite Eterna: Primeira Noite [ON]

Mensagem por Lord Seph Sex Dez 11, 2020 6:12 pm

Em breves momentos Carlos se sentiu como na época da universidade, boa época apesar de certas tensões sociais devido as mudanças política e sociais.

Logo estava diante de seu mestre, um rápido cumprimento e o Jornalista ouvia tudo atentamente.

Após ouvir tudo em silêncio, Carlos responde.

- Certo, tem mais alguma pista? Geralmente eu perguntaria a outras pessoas que estivesse envolvidas e apesar de termos a mesma Senhora, não éramos muito de conversar então.

Fala deixando sua mente tirar a ferrugem, fazia anos que não parava para agir como jornalista.

— Infelizmente, nenhuma. Mas talvez haja alguma nas coisas de Domiciano. Ele mantinha seu refúgio aqui na capela. Quer olhar?

Carlos ouve e responde.

- Sim, seria um bom ponto de partida, obrigado.

Carlos fala de forma respeitável ao seu mestre atual.

Após chegar aos aposentos que mais lembrava uma cripta que um bunker Carlos acha uma pista.

Carlos consegue identificar que o papel escondia algo, mas por sua inexperiência não conseguia ir além.

- Mestre João Osório, eu achei uma pista nesse papel, mas há um feitiço de encobertamento e eu não fui treinado ainda para quebrar tais artes no momento.

Fala Carlos um pouco decepcionado por suas limitações.

— Deixe-me ver...

Ozório pega o papel e olha-o pelos dois lados. Então põe o papel sobre a escrivaninha, perfura o dedo com uma ponteira afiada e espalha um pouco do sangue pelo papel. Após alguns instantes surge um texto em vermelho.

"O acordo é possível. Nos vemos no lugar de sempre, no Nova Roça."

João Ozório franze o cenho.

— Onde é isso?

Carlos não sabia também, mas logo resolve com uma resposta simples.

- Vamos pesquisar nos arquivos da universidade e do clã. Talvez seja um nome ligado a uma região da cidade ou aos membros.

Fala Carlos.

Os dois fazem a pesquisa necessária, mas é a bibliotecária da capela que responde a eles.

— Nova Roça fica no Distrito Norte-Noroeste. É território anarquista.

— Anarquista! — João contém uma surpresa. — Então ele nos traiu para os anarquistas mesmo! Nós vamos atrás dele! Carlos, você vem comigo! E vamos levar Emanuel e Eliana!

Carlos acena de forma positiva, mas antes de partirem ele vai até Ana Júlia.

- Não precisarei mais de seus serviços por essa noite, volte e vigie. Ficarei com algumas armas.

Ana Júlia acena enquanto Carlos pega uma arma e munição para o caso de necessidade.

Logo estava em direção ao alvo.
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Mensagem por Padre Judas Sáb Dez 12, 2020 4:49 pm

Uriel Constantino


Damazio dirigia rápido com seu estilo costumeiro. As ruas antigas do Senna deram lugar às novas vias das COHABs. Havia curvas e mais curvas, mas o ancilla conduzia seu Mustang com habilidade sobrenatural. Até os buracos conseguia evitar com maestria, embora em alguns momentos eles fossem tantos que era difícil encontrar o asfalto entre eles.

Não estavam sozinhos. Ao longo do caminho outros carros se juntavam – os anarquistas pareciam querer "apostar corrida" com o alcaide, dirigindo tão rápido quanto ele, mas a maioria acabava desistindo diante do óbvio risco de capotarem ou baterem em alguma coisa.

Quando Uriel olhava para trás, podia ver a fila de veículos – um verdadeiro exército. Muitos eram anarquistas, mas a maior parte era de humanos que nem sabiam servir a mortos-vivos.

No painel do veículo ele podia ver as horas: nove e vinte da noite. Pelo que os anarquistas haviam dito, levaria ainda uns dez minutos para chegarem. E então haveria guerra.

Off:

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Mensagem por Padre Judas Sáb Dez 12, 2020 4:52 pm

Miguel Alves Rodrigues


O que leva alguém a se por em perigo? Imprudência? Inexperiência? Ou o medo? O medo de ver um amigo em apuros, um elo com sua própria Humanidade perdido para sempre.

Miguel sabia que não havia sido inteligente. Vir a um lugar desconhecido, encontrar pessoas estranhas que nem mesmo o reconheciam a despeito de seu renome. Entrar em um recinto perigoso, com pessoas armadas e acostumadas à violência como resposta para seus problemas.

O Brujah percebeu os dois homens seguindo-os, mas não os considerou um problema. O Gangrel – pois, claramente, com aquela aparência bestial, só podia ser um dos Forasteiros, uma quebra da Máscara ambulante – parecia ser a maior ameaça ali, com par de cães de guerra. Carniçais, era evidente.

A garota havia sido prestativa e sedutora – talvez isso tivesse deixado Miguel despreparado. Mas ele percebeu o instante em que os homens atrás dele sacaram as armas. O homem-fera saltou sobre com agilidade e ele se esquivou por milagre de dois golpes com garras desferidos em velocidade sobrenatural. Os tiros, entretanto, não puderam ser esquivados. O primeiro acertou-lhe no ombro esquerdo, o segundo um pouco acima do joelho direito. Somente sua natureza imortal impediu-lhe de sucumbir imediatamente ao choque. Ele cambaleou, concentrou o Sangue, sentiu o tempo começar a fluir mais devagar.

Tentou correr, mas viu-se preso pela dor excruciante na coxa, atrasado pelo braço que pendia inerte. Arrastou-se alguns metros para ser jogado no chão por um dos cães que agarrou seu braço já ferido. O outro tentou pegá-lo pela perna, mas Miguel afastou-o com um chute sem força.

A mulher havia desaparecido – pelo canto do olho ele havia visto ela entrar no quarto que cuja porta havia aberto, mas era só.

Como sairia dali? Seria o fim? Ed já poderia estar morto...

Off:

Condições:

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] KUWtMFcMiguel Alves Rodrigues, Brujah, 10ª Geração
Ferido Gravemente (4/7), PS(13) 11, Vont (7) 7.


Última edição por Padre Judas em Sáb Dez 12, 2020 5:29 pm, editado 1 vez(es)

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Mensagem por Padre Judas Sáb Dez 12, 2020 4:54 pm

Carlos Rocha de Oliveira


Noite Eterna: Primeira Noite [ON] 38B3ufx

Os dois "colegas de sala" de Carlos se reuniram com eles rapidamente. Eliana era uma jovem pequena e magra, com olhos azuis como o céu diurno, tão bela quanto uma estátua de porcelana. Já Emanuel era o oposto – alto e forte. Enquanto ela apreciava os aspectos sutis das artes arcanas, era alegre e amigável, ele era agressivo, arrogante e desejava o poder bruto.

– Então Domiciano fugiu? Isso... estou surpresa.

Eliana cobriu a boca com a mão ao saber o que havia ocorrido. Já Emanuel sorriu, mostrando as presas – ele tinha um problema e não conseguia recolhê-las, o que deixava sua aparência ainda mais perigosa.

– Eu não. Aquele ali sempre quis o poder como eu, mas é um tolo por achar que vai encontra-lo fora da Ordem! Que idiota!

João não estava com muito humor para isso.

– Não podemos contar com os de fora para resolver isso, então é melhor resolvermos isso nós mesmos. Infelizmente não é possível avisar a Senhorita Henshaw, mas ela deu carta branca, então vamos apenas entrar, pegar o que precisamos e sair. Eliana, conto com sua habilidade se precisarmos convencê-los a nos entregar os documentos, mas se tudo falhar então teremos que lutar.

E seguiram. Carlos pegou sua arma com Ana Júlia e encontrou-os com o carro já ligado, Emanuel na direção. Mal entrou e o veículo partiu, antes mesmo de fechar a porta. Seguiram por dentro dos bairros, o aprendiz demonstrando grande familiaridade com o caminho. João, sentado a seu lado, olhou-o por um instante, mas nada disse. Entretanto o rapaz pareceu ter percebido.

– Eu já tive que vir aqui com propósito de pesquisa, professor...

– Me poupe disso, não interessa. Entretanto, no futuro você deveria tomar mais cuidado. Temo que a amizade entre Camarilla e Anarquistas talvez não dure para sempre.

Sentada ao lado de Carlos no banco traseiro, Eliana perguntou:

– Hã? Está sabendo de algo, professor?

– Nada dura para sempre, o mundo está sujeito a mudanças.

Após uma infinidade de ruas, curvas e buracos chegaram finalmente a um bairro muito pobre, cercado de conjunto habitacionais por todos os lados. O mestre tirou o bilhete do bolso e concentrou-se. Sentia algo. Começou a indicar o caminho para o motorista e logo eles chegaram a um boteco. A porta estava baixada, mas havia luz vindo de trás – parecia haver um quintal atrás do estabelecimento. Algumas pessoas afastavam-se do lugar rapidamente.

– É aqui. – disse o Magíster. – Este é o lugar.

Antes que pudessem discutir qualquer coisa ouviram dois tiros e cães latindo, assim como o grito de alguém. Entreolharam-se.

– O que estamos esperando? Vamos meter o pé na porta! – gritou Emanuel, agitado.

– Isso seria estúpido! Deveríamos nos aproximar cuidadosamente. Acho que posso subir no telhado e ver o que está ocorrendo sem ser vista.

João sorriu de leve. Ele não parecia alarmado e nem apressado. Apenas olhou para os dois estudantes e por fim para Carlos. Coçou o cavanhaque com uma expressão de curiosidade.

– E você? Qual acha que deveria ser o procedimento agora, Carlos? Considere como se eu não estivesse aqui e vocês tivessem que decidir sozinhos.

Off:

Noite Eterna: Primeira Noite [ON] MNW9g9vCarlos Rocha de Oliveira, Tremere, 13ª Geração
Sem Ferimentos (0/7), PS(10) 09, Vont (7) 7.

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Noite Eterna: Primeira Noite [ON] Empty Re: Noite Eterna: Primeira Noite [ON]

Mensagem por Lord Seph Seg Dez 14, 2020 11:19 am

Carlos observa a situação e arredores e por fim fala.

- Não estamos em uma região com vantagens, e comunidades tendem a atrair muita atenção durante um conflito.

Carlos faz uma pausa como quisesse respirar.

- Vamos primeiro saber o que está acontecendo para então reagir, isso pode também evitar quebrar a máscara caso tudo saia do controle.

Carlos fala por fim.

João Ozório comenta:

— Entendo. De fato sempre pode haver alguém observando nos prédios próximos. Mas eu consigo abrir aquela porta sem que pareça evidente o uso de poderes.

- Sim, o problema é o que ocorre lá dentro nesse momento.

- Bem, vamos com cautela em então, não acho que ficará mais seguro enquanto discutimos.

Carlos termina suas deliberações.
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Noite Eterna: Primeira Noite [ON] Empty Re: Noite Eterna: Primeira Noite [ON]

Mensagem por Aldenor Seg Dez 14, 2020 12:53 pm

Miguel jazia caído com um cachorro mordendo seu braço. O sangue escorria farto pelos tiros e pela mordida do animal. O tempo começava a mover-se devagar, efeitos do seu sangue sobrenatural. O que o havia levado a se colocar naquela situação?

Edie.

O ser humano. A ligação com o mundo mortal nublou sua mente. Miguel mantinha-se distante dos problemas da sociedade vampírica, mas ao mesmo tempo se envolvia com Membros. Enquanto escrevia sobre a sociedade mortal e seus problemas de desigualdade social, ironicamente o distanciava do contato com eles. Exceto por Ed.

Edie poderia estar morto.

Tinha tempo para pensar, mas não muito. O perigo maior era o Gangrel, mas os carniçais armados, os cachorros e a mulher que sumiu também não deixavam dúvidas que ele estava prestes a ter sua segunda e definitiva morte.

Encontrar respostas ali somente na base da violência e contra aquelas pessoas bem preparadas, não havia muita chance de sobrevivência. Então, Miguel decidiu simplesmente fugir.

Por hora.

Ação de Miguel:
Iniciativa 16.

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Noite Eterna: Primeira Noite [ON] Empty Re: Noite Eterna: Primeira Noite [ON]

Mensagem por Fenris Seg Dez 14, 2020 1:00 pm

Damazio dirigia como o demônio. E isso era bom.

- Damazio, você reza?

O homem demorou à responder, mas finalmente o fez:

— Não. Perdi minha fé muito antes de... renascer.

- Curioso. Apenas encontrei a minha após meu segundo nascimento. Se incomoda se eu o fizer?

Mais silêncio, mas por fim o Cérbero respondeu:

-Fique à vontade.

- Pater noster qui es in caelis
sanctificetur nomen tuum
adveniat regnum tuum
fiat voluntas tua sicut in caelo et in terra
Panem nostrum cotidianum[m] da nobis hodie
et dimitte nobis debita nostra
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris
et ne nos inducas in tentationem
sed libera nos a malo
Amen.


Rezar tinha vários propósitos. Não para ele porém. Para Uriel era algo tão simples.

- Sempre considerei o sexto e sétimo pedidos ao divino como os mais importantes para nós. O sexto, por nós. O sétimo, faço por eles. Entende o que digo?

— Hm.

- A reza, no fim, não é por nós. Não creio que Ele nos ouça. É apenas um conforto. Um simbolismo, para o que estamos diante de fazer. Como famílias que rezam diante da mesa. Amém, Damazio. Vamos ver o que o Senhor reservou para nós hoje.

— Certo.

Uriel não rezava por si mesmo. Rezava por suas vítimas. Não adiantava mentir para deus e pedir o Seu perdão quando se sabia de sua própria natureza, por mais que lutasse contra ela. Ele rezava por suas vítimas.

Porque Deus sabia o quando Uriel iria amar o que fariam.
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