Marduk - E o caminho para a realeza

Marduk mantinha uma expressão neutra, mas por dentro estava maravilhado. Todas aquelas cores e cheiros, todas aquelas pessoas de diferentes raças. A magnífica estátua de Valkaria elevava-se acima de tudo e o homem-agora-dragão parou para observá-la por alguns instantes. Mas percebeu que poderia ser mal interpretado por outros e continuou seu caminho até chegar ao lugar que buscava – a Guilda dos Aventureiros de Valkaria.

Uma bela jovem o atendeu e ele sorriu.

Marduk
	– Bom dia. Sim, milady. Meu nome é Marduk e gostaria de me unir... por algum tempo.

Era difícil para Marduk conter sua nova personalidade draconiana. Era um humano em corpo de dragão e várias emoções diferentes e conflitantes fervilhavam dentro dele. Por um lado compreendia muito bem os pensamentos e sentimentos das pessoas ao redor, por outro parte de si dizia-lhe que eram inferiores, dignos de proteção, talvez, mas não iguais. Não semelhantes. Caminhar entre eles era estranho. “Se fosse um dragão metálico talvez fosse mais fácil”, pensou. Dragões metálicos, principalmente dourados e prateados, gostavam de humanos e para-humanos, de estar perto deles. Um dragão branco era mais selvagem e mesmo Beluhga era um grande exemplo: era benévola, mas mantinha-se isolada em sua caverna, distante das inúmeras tribos que habitavam as Uivantes.

Mas Marduk era diferente. Era um humano em pele de dragão. Tinha algo que nem Sckhar ou Tarso possuíam: Ambição. Somava a isso o Poder de Kallyadranoch e tinha-se uma criatura capaz de ser o mais poderoso dos deuses.

Mas naquele momento precisava de algum dinheiro. Todo dragão tinha um tesouro e ele também deveria ter. Claro, planejava tomar a caverna de Beluhga para si e imaginava que ali havia lagos de ouro e prata, como uma caixa-forte do Tio Patinhas ou o covil de Smaug. Mas antes precisava de um mapa e outras coisinhas.

Então um garoto com cara de palerma apareceu falando sobre um grupo de aventureiros com problemas em Portsmouth. Falava da Mantícora...

Puxou pela memória, demorando mais do que gostaria. Então recordou que era uma organização mercenária de Portsmouth que caçava magos. O que era bem curioso.

Marduk
	– Um momento moça! Não sei bem o que está acontecendo, mas se quiser ajuda... eu poderia fazer uma visitinha à Portsmouth e dar um jeito nessa situação. Acho que o Conde-bruxo lá não seria um problema tão grande.

Disse isso, mas ocorreu-lhe que apesar de tudo Asloth era um regente e tinha um poder político que deveria considerar. Notou como seus lados dracônico e humano viam o mundo de forma diferente: para o primeiro o Conde era apenas um homenzinho que se achava importante demais só por ter acumulado algum poder, para o segundo era um adversário perigoso, pelo menos politicamente.

Off:

A atendente não pareceu confiar nele e Marduk sente certa irritação. Mas outra pessoa intervém e convida a unir-se. Entretanto, incomoda ao dragão ter que ser acompanhado por outros.

Marduk
	– Eu preferiria fazer isso sozinho... bom, tanto faz.

A mulher, Shao Jun – uma das líderes da Guilda, pelo que ele soube – deu-lhe a palavra. Marduk sentiu-se em uma reunião de diretoria. Limpou a garganta e ergueu-se, demonstrando tranquilidade.

Marduk

– Uma abordagem diplomática seria muito difícil. Como sabem, Portsmouth odeia magos e eu mesmo possuo habilidades arcanas. Um magistrado de lá, mesmo que justo, agiria com grande preconceito e seu julgamento nunca seria parcial. Não podemos esperar honradez de uma ditadura. – Tampouco podemos contar com uma solução violenta. Se simplesmente atacássemos de frente seríamos considerados criminosos e aquele Conde iria pôr nossa cabeça à prêmio e exigir providências de Sua Majestade Imperial, Lady Shivara. Poderíamos ter o próprio Protetorado aos nossos portões. – Proponho um resgate velado, entrar e sair, sem mais. Deste modo evitamos também atrair a atenção do próprio Conde, um feiticeiro poderoso, mas que felizmente não é onisciente e tem problemas maiores para lidar.

Percebeu então que a maioria ali não deveria saber disso.

Marduk
	– É como ouviram. O Conde é um mago. Ou bruxo. Algo assim. Ele controla o Graath, inclusive. Antes que ergam vozes em protesto, saibam que não me importo se acreditam ou não. Não é relevante para a tarefa atual.

Deixou que o burburinho se espalhasse um pouco, as pessoas discutindo entre si. Jun elevou sua voz, calando a todos.

Shao Jun
	– Mantenham o foco! Já suspeitávamos disso, não há necessidade para alardes. Recomendo não comentarem isso fora desta sala.

Ela disse a frase final olhando para o próprio Marduk, que franziu o cenho, mas nada comentou. Após o silêncio voltar a imperar ele continuou.

Marduk
	– Bom... com todo respeito aos Desbravadores, mas acho que eu poderia lidar com isso sozinho.

As vozes se ergueram em protesto. Neste momento um dos membros do grupo avançou.

Bror Hildson
	– “Com todo respeito” ao novato, mas eles são nossos companheiros também e é claro que iremos! Acredite, somos muito competentes e não iremos te “atrapalhar”...

As vozes se ergueram em apoio e Marduk conteve um esgar de irritação ante o tom irônico. Intimamente notou que era seu lado dracônico falando. Conteve-se e anuiu.

Marduk
	– Tudo bem, tudo bem. Não queria ofender, só achei que menos pessoas era mais seguro. Acredito que um número menor seria mais útil. Sugiro somente irmos em três.

Terminou por ser decidido irem Marduk, Bror e Mitsune – um feiticeiro dragão, um caçador e uma ladina. Era um grupo razoavelmente furtivo, pensou ele.

Resolveram os últimos problemas acerca da missão e partiram. Marduk percebeu que os novos colegas não pareciam gostar muito dele (talvez pela sua atitude arrogante, pensou) e suspirou. Precisava mudar isso.

Marduk
	– Desculpem a minha atitude... minha espécie é dada a ser individualista e não trabalha bem com os outros. – Hã... vocês sabem que sou um dragão, não é? Não disse isso? Ops.

As coisas se resolveram melhor depois disso. Chegaram à Hongari, pois havia algum sortilégio que dificultava teleportes diretos para dentro do reino. “Mais uma daquele bruxo, imagino”, pensou. Marduk pensou em seguir o resto do caminho voando.

Marduk
	– Vocês podem ir nas minhas costas.

Mas a ideia foi descartada, pois poderia atrair atenção indevida notícias sobre um dragão branco voando por ali. Então foram à pé. Passaram pela floresta e a kitsune recordou que havia por ali um antigo esconderijo de ladrões anões que podia ser usado para cruzar a fronteira sem chamar a atenção. O lugar tinha armadilhas, mas era melhor do que atravessar os ermos arriscando-se com patrulhas. Então foram por baixo e após algumas horas conseguiram chegar ao outro lado, emergindo em uma gruta escondida por folhagem e árvores. Marduk percebeu que seria difícil alguém notar aquele lugar se não chegasse muito perto.

Marduk
	– Ladrões espertos. O que aconteceu com eles?

Mas a garota não sabia. O dragão notou que era uma mulher muito bonita e seu aspecto animal a tornava ainda mais atraente.

Por fim chegaram à Cambur. Discutiram como iriam passar e a garota sugeriu flertar com os guardas, mas Bror opôs-se: embora fossem mercenários, era muito perigoso anunciar sua presença.

Bror Hildson
	– Vamos entrar pelo esgoto.

Marduk e Mitsune olharam para ele ao mesmo tempo como se fosse um alien que tivesse brotado do chão. Mas o caçador sustentou o olhar e falou com firmeza.

Bror Hildson
	– Por que não? Não seria a primeira vez, Kit. Esqueceu de quando cruzamos o Pântano das Almas Perdidas? Aquilo era sujo…

Levou algum tempo para o sujeito convencer os colegas, mas por fim anuíram.

Marduk
	– Bem, vou pelo menos usar minha magia pra nos manter o mais afastados dos dejetos possível.

De fato, Marduk conjurou Força Mágica e manteve toda a sujeira longe – eles passaram no seco, embora o fedor fosse terrível. Uma vez do outro lado o dragão usou Pequenos Desejos para limpá-los de qualquer ranço que possa ter ficado. Mitsune agradeceu com um beijinho no rosto e ele sorriu.

Bror Hildson
	– Vamos indo.

Marduk
	– Estraga-prazeres...

“Off”:

Marduk podia não conseguir usar sua magia, mas ainda era mais forte que qualquer um ali. Aproveitou um instante para avaliar o sujeito adormecido e viu que ele era fraco. Rapidamente, sem dar-lhe tempo para reagir, agarrou-o, torceu-lhe o braço e prensou-o contra a parede. A mão livre tapou sua boca. Pressionou o braço levemente, deixando claro que não estava pra brincadeiras. Suas garras surgiam, marcando a pele do oponente.

Marduk
	– Shh… não há motivos para pânico, amigo. Quero saber onde estão os prisioneiros que capturaram nos ermos perto da fronteira com Hongari. Um velho, um druida que vira dino… digo, lagarto-trovão, etc. Você sabe de quem falo. É melhor dizer a verdade – vou saber se mentir. E se eu souber que mentiu vou ficar bravo…

Pra enfatizar o que dizia torceu um pouco mais o braço do sujeito, parando no limite onde poderia quebrar. Depois aliviou a pressão um pouco.

Marduk
	– Vou tirar a mão da sua boca agora. Grite… e vou garantir que não haja nada pra ressuscitar depois!

Mostrou as presas afiadas e deixou que o sujeito visse seus olhos transformarem-se em fenda. O lugar como um todo esfriou enquanto o dragão branco revelava parte de sua verdadeira natureza. Então destapou a boca dele, agarrando seu pescoço no lugar.

“Off”:

A masmorra dos arcanos

- Mas calma, visse? Pra que essa truculência seu? Sou um profissional de respeitu, mas issu aqui é só um trabalho, visse? Vo descarta minha vida fora por 15 TO nan. Uó só, teus amigo tão lá na purgação, lá embaixão, que é o ritual que fazem antes dos julgamento. Mas ritual é nome bunito pra tortura da braba. Fiquei com dó do sinhozinho, eu tenho vô num sabe? Achei uma judiação, mas tenho fio pra alimenta em casa, pudia falá nada não... Mi libera ai sinhô, que vo imbora e finjo que nunca nem te vi...

*O que Marduk fará com ele?* 

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*Descendo a espiralada escadaria, usando seus sentidos como guia, Marduk começou a captar a sinfonia de gritos tipicas de uma câmara de tortura. No primeiro salão, se deparou com um corredor longo e escuro, onde nas laterais haviam diversas portas de ferro, que originavam tais sons tenebruosos* 

*Nenhum deles parecia bater com os dos aliados da GAV. Ainda sim, eram sons de homens e mulheres, jovens e velhos. O cheiro ferroso era poderoso, impregnado em ferro, madeira, corda e couro. Nessa hora, Marduk sentia o lado negativo de ter todos os sentidos aguçados. Mesmo sem adentrar os recintos, era como estar ali. E era repugnante, pois o odor de hormônios de excitação, proveniente de alguns torturadores era enjoativo* 

*Um andar a mais e alcançaria o local em que os prisioneiros se encontravam. Havia alguns guardas rondando o local, pelo que Marduk captava. Mas pergunta é: * 

Iria interceder pelos torturados? O seguiria reto? 

Se o faria, como evitará os guardas? Os evitará, ou eliminará cada um deles? 

Conte-nos, MARDUK!!

Marduk
	– Durma um pouco.

Acertou a nuca do homem com um golpe leve com a mão, de modo a deixá-lo inconsciente, pegou as chaves, arrastou-o até o nível inferior e o prendeu dentro de uma cela vazia. Ali havia muitas pessoas presas – Marduk sabia que nem todos eram inocentes, mas era difícil separar quem era quem em uma ditadura.

Marduk
	– Vamos libertar todos e instruí-los a tentar fugir.

Disse aos outros dois. Então abriu a cela e recomendou que partissem silenciosamente. Não poderia teleportá-los para fora, mas tentaria ajudar o melhor que pudesse. Seguiu avançando, procurando derrubar cada guarda um a um e prendendo-os nas celas onde antes estavam os prisioneiros. Continuava procurando pelos aventureiros aprisionados.

Marduk
	– Se aquele palhaço tiver mentido pra mim…